Tratamento da canelite: o que fazer para combater a dor na canela?
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Você está com uma dor na região da canela, que incomoda ao descer escadas, pular, correr ou até mesmo ao caminhar? Pode ser que seja canelite, nome popular para a síndrome do estresse tibial medial, que exige atenção e tratamento para melhorar. Esse tipo de lesão é muito comum entre pessoas que praticam corrida ou atividades com salto (como pular corda), mas que pode se tornar um grande problema.
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O que causa a canelite?
De acordo com Fábio Bessa, fisioterapeuta da Care Club unidade Ibirapuera, a canelite costuma ter alguns motivos. “Por exemplo, excesso de volume de treino entre corredores que começaram a correr, ou aqueles que correm sem orientação de um treinador; falta de descanso adequado, e sobrecarga na região da panturrilha”, fala o especialista, que cita mais fatores que favorecem o quadro:
Má postura ao correr: o modo como corremos influencia no impacto muscular. Geralmente os corredores sofrem muito com a sobrecarga da panturrilha, que pode inflamar e estender esse processo para a tíbia.
Alterações no metabolismo ósseo: mais comum entre as mulheres, a canelite pode surgir se houver alterações hormonais e até alimentação inadequada.
Como reconhecer a canelite?
A inflamação da tíbia tem diferentes estágios. “No início geralmente não dói durante todo o treino. Quando estamos aquecidos, a dor desaparece e conseguimos continuar a correr. Além disso, a dor é perceptível quando apalpamos a canela, na região mais próxima do tornozelo”, diz o especialista.
Contudo, a inflamação em progresso causa dores durante o todo o treino, e variam de intensidade. Logo depois do exercício, ela permanece sem a necessidade do toque, incomodando ao caminhar e até em repouso.
Como são o diagnóstico e tratamento da canelite?
“O diagnóstico é clínico nas fases iniciais e pode ser complementado por exames de imagem (ressonância magnética) para excluir possíveis lesões mais sérias — as fraturas de estresse, por exemplo”, informa o fisioterapeuta.
Já o tratamento depende do estágio da canelite, na avaliação de Fábio. Primeiro, é importante descobrir a causa do problema e corrigi-lo. Então, se o problema está na postura, o indivíduo deverá apostar em exercícios educativos para melhorar a maneira de correr. Para isso, o teste de biomecânica pode ser útil para mapear esses erros.
“Em casos iniciais, fazemos pequenos ajustes no volume e intensidade do treino de corrida. Assim, o corredor fica em uma zona segura para os sintomas não se agravarem”, orienta.
Além disso, é fundamental fazer sessões de fisioterapia, que incluem técnicas de analgesia, com uso de laser, ondas elétricas, liberação miofascial e outros recursos para aliviar a dor e acelerar a recuperação.
Tratamento da canelite também pode exigir repouso absoluto
Muitos corredores lidam com a dor por semanas e seguem treinando, pois não querem parar a atividade. No entanto, a decisão de ignorar o fato tem consequências que podem estender o tempo fora das pistas. Como resultado, a pessoa pode desenvolver o edema ósseo e a fratura por estresse, que pode aumentar sua extensão.
Se isso ocorrer, Fábio avisa que a interrupção da corrida pode ser de até 8 semanas, dependendo do tamanho da lesão. “Nesse momento, a pessoa pode recorrer a outras formas de manter o condicionamento sem impacto”. Ele cita bike, natação, elíptico e deep-running como opções em conjunto com a fisioterapia.
Conforme a inflamação melhora, é possível retomar os treinos aos poucos, sem exagerar no volume e na velocidade. “Não se deve ter pressa de subir o volume novamente. É importante conversar com o treinador de corrida para inserir um protocolo de retorno aos treinos de pelo menos 1 mês. Na reabilitação, a pessoa pode fazer treinos intervalados com caminhada ou com volume baixo para acompanhar se há evolução dos sintomas”, finaliza.
Fonte: Fábio Bessa, fisioterapeuta da Care Club unidade Ibirapuera; e coordenador do Curso de Especialização em Fisioterapia Musculoesquelética e do Curso de Aprimoramento Profissional em Fisioterapia Esportiva, pelo Instituto Central do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.