Transtornos alimentares na pandemia aumentam 40%
De modo geral, a Covid-19 criou situações que fragilizaram a saúde mental de toda a população. Como isolamento social, mortes, preocupações em excesso, medo, falta de emprego, dinheiro, entre outros. Assim, todos esses fatores facilitaram o surgimento de problemas, como transtornos alimentares na pandemia.
O aumento dos transtornos alimentares — principalmente entre adolescentes e jovens — tem sido um problema recorrente há mais de duas décadas. É o que dizem diversos estudos feitos em todo o mundo desde os anos 2000.
Mas um levantamento feito pela National Eating Disorders Association, ONG que ajuda indivíduos e famílias afetadas por transtornos alimentares, mostrou um aumento de 40% nas ligações em sua linha de suporte desde março de 2020, mostrando que a pandemia contribuiu para o aumento do problema.
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O que diz a pesquisa sobre os transtornos alimentares na pandemia
Outro estudo, realizado em 2020, contou com a participação de mil voluntários diagnosticados com transtornos alimentares nos EUA e na Holanda.
Assim, os resultados mostraram que as pessoas com anorexia ficaram mais propensas a comer ainda menos refeições diárias, jejuar e ingerir alimentos de baixa caloria desde o surgimento da pandemia. Já as pessoas com bulimia e transtorno de compulsão alimentar tiverem episódios mais frequentes e mais desejo de comer de maneira compulsiva.
A psicóloga e coordenadora do grupo Comer Compulsivo do AMBULIM (IPQ- USP), Valeska Bassan, diz que escolher quando, como e quanto comer oferece uma sensação de poder e controle diante de circunstâncias incontroláveis. “Em momentos de estresse, é bastante comum o ‘comer emocional ́, que não é um estímulo de fome, e sim um gatilho emocional como resposta a uma situação adversa. Por isso, muita gente ganhou ou perdeu peso de forma significativa durante a pandemia”, aponta.
Outro ponto destacado pela especialista é que com o distanciamento social, grande parte das pessoas tiveram suas atividades físicas limitadas ou paralisadas. Além disso, o uso das redes sociais substituiu os encontros presenciais, o que é positivo do ponto de vista de conexão. No entanto, é prejudicial no quesito percepção da autoimagem, gerando comportamentos mais negligentes em relação à alimentação.
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“Por isso, ficar atento aos sinais do corpo e da mente é fundamental, e o mais importante é perceber a si mesmo. Perguntar ‘como estou hoje?’, ‘Isso que estou sentindo é normal?’ Enfim, se ouvir e tentar perceber o que se passa com a gente. Isso já é o primeiro passo para a cura ou para a busca de um tratamento adequado”, explica Valeska.
Fonte: Valeska Bassan, Psicóloga e coordenadora do grupo de comer compulsivo do AMBULIM (IPQ- USP).