O que acontece com a tireoide na gravidez?
Durante a gestação, é bastante comum algumas mulheres apresentarem outras questões de saúde relacionadas, como diabetes ou problemas na tireoide. Isso tem um motivo, claro: a tireoide na gravidez aumenta em até 20% de tamanho. Desse modo, ela passa a sintetizar 50% a mais de hormônio tireoidiano, de forma que a necessidade de ingesta de iodo também aumenta bastante durante o período gestacional.
“Isso acontece porque o feto demora 10 semanas para desenvolver a sua própria tireoide, precisando, até aí, dos hormônios da mãe”, explica a endocrinologista e metabologista Paula Pires. “Em mulheres com predisposição a problemas de tireoide, essa demanda aumentada dos hormônios pode levar ao hipotireoidismo gestacional, resultando em uma queda na produção dos hormônios tireoidianos”.
Para Murilo Neves, cirurgião da cabeça e do pescoço, essas mudanças na produção hormonal da tireoide feminina são necessárias durante a gestação. E não caracterizam, necessariamente, uma doença, mas uma adaptação a essa nova condição. “O conjunto de adaptações ocorre no sentido de aumentar a síntese de hormônios da tireoide. Além disso, é mais observado no início da gestação, tendendo a se normalizar nas semanas subsequentes.”
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Tireoide na gravidez
Ainda assim, muitas vezes esse aumento de tamanho e produção hormonal precisa de um tratamento adequado que, segundo a Dra. Paula, acontece com uma reposição do hormônio tireoidiano com levotiroxina. “Uma alimentação saudável, nutritiva e balanceada é importante também. Pois sabemos que, para o funcionamento adequado da tireoide, é importante níveis adequados de zinco, selênio e magnésio”.
Importante lembrar também que, caso a mulher já conviva com alguma disfunção tireoidiana, a gravidez pede uma mudança de conduta — normalmente, com aumento de 30% da dose do remédio da tireoide em pacientes que possuem hipotireoidismo prévio à gestação.
Infelizmente, casos como esses precisam de atenção e acompanhamento porque oferecem um risco ao feto se não forem tratados da forma correta. “A falta de hormônio tireoidiano pode trazer consequências graves para o desenvolvimento do feto, resultando em retardo mental no bebê”, diz a Dra. Paula. Além disso, segundo o Dr. Murilo, também são comuns casos de pré-eclâmpsia, alterações no crescimento e no ganho de peso do feto, além de trabalho de parto prematuro.
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Fontes: Paula Pires, endocrinologista e metabologista; e Murilo Neves, cirurgião da cabeça e pescoço da Clínica MedPrimus.