Segurança alimentar: entenda a importância do tema
No Brasil, de acordo com informações da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional , cerca de 116 milhões de pessoas vivem com algum grau de insegurança alimentar. Além disso, 19 milhões de brasileiros passam fome. Estar nessa posição vulnerável acarreta uma série de consequências para a saúde, que abalam outras áreas da vida. Por isso, entender a importância de se discutir a segurança alimentar é essencial na busca de mais qualidade de vida.
Daniela Sanches Frozi, doutora em nutrição, professora e pesquisadora explica que o conceito de segurança alimentar nasceu nas Conferências Nacionais de Segurança Alimentar e Nutricional. Resumindo, “a segurança alimentar e nutricional consiste na realização do direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais”.
O impacto da pandemia também influenciou na insegurança alimentar. Em apenas dois anos, o número de pessoas com fome aumentou em quase 9 milhões. Além disso, o problema não se resume àqueles que não têm o que comer. Pessoas que não possuem acesso à comida de qualidade também fazem parte da parcela dos brasileiros que estão em insegurança alimentar.
Diferença da segurança alimentar e segurança de alimentos
Os dois conceitos conversam entre si, mas têm significados diferentes. Enquanto a segurança alimentar significa acesso à comida (o que envolve quantidade, qualidade e frequência), a segurança de alimentos se refere somente à “garantia de que o alimento não causará efeitos adversos à saúde do consumidor quando for preparado e/ou consumido de acordo com o uso pretendido”, segundo a ISO 22000.
A professora e pesquisadora ainda faz questão de ressaltar a importância da segurança de alimentos para a segurança alimentar. Ela mostra que os dois termos funcionam como uma via de mão dupla. “Para as políticas de combate à fome, a alimentação deve ser segura do ponto de vista sanitário e devem ser garantidas condições biológicas”, diz.
Fundamentos e importância da segurança alimentar
Além do dever de oferecer comida de qualidade e em quantidades suficientes, a segurança alimentar também inclui outros fundamentos que se preocupam com inclusão e diversidade. “Ela exige a adoção de políticas e ações que possam dar conta das dimensões ambientais, sociais, culturais, econômicas, regionais e sociais”, pontua a profissional.
Pessoas que não têm esse direito garantido sofrem com a deficiência nutricional, podendo desenvolver anemia, raquitismo, baixa imunidade e ter dificuldades em raciocinar. Em casos extremos, a condição leva o indivíduo à morte.
Quem sofre com a insegurança alimentar?
Segundo uma pesquisa realizada pelo Datafolha em março deste ano, para 24% dos brasileiros entrevistados, a quantidade de comida em casa é insuficiente. No estudo, eles descobriram ainda que essa realidade atinge os mais pobres e se mostra mais aguda na região Nordeste.
Dessa forma, as pessoas menos privilegiadas são as mais afetadas pela fome e suas complicações. Assim, elas têm ainda mais dificuldade para superar a insegurança alimentar. Na visão da especialista: “A importância da Segurança Alimentar e Nutricional é no campo do direito humano a forma mais basilar de garantias da dignidade humana”.
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Fonte: Daniela Sanches Frozi, doutora em ciências da nutrição, professora e pesquisadora.