Secura vaginal: confira as principais causas e os tratamentos
Em algum momento da vida, toda mulher lidará com alguns desconfortos em sua intimidade. Uma delas é a secura vaginal, situação bastante comum, mas que ainda é um assunto constrangedor para boa parte do público feminino. Para esclarecer os principais e como driblá-los, Vitat conversou com dois especialistas no assunto. Confira a seguir!
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Primeiro, o que é a secura vaginal?
O ressecamento da área íntima da mulher é nada mais que a falta de lubrificação do canal vaginal, que também pode refletir nas partes mais superficiais da genital. Em conjunto, aparecem outros sintomas inconvenientes. “Dependendo da causa e do nível de ressecamento, há sensação de ardência, coceira e dores durante as relações sexuais ou ao realizar um exame ginecológico, como o papanicolau. Ou seja, a condição atrapalha a qualidade de vida da mulher em diversos aspectos”, afirma Erika Kawano, ginecologista da clínica Mantelli.
As principais causas do ressecamento vaginal
De acordo com Erika e Álvaro Pereira, médico angiologista e proprietário da Cosmedical, a secura vaginal pode ser dividida em hormonal e não hormonal:
Causas hormonais
- Menopausa: segundo os médicos, é uma das razões mais comuns entre as mulheres. “Isso ocorre por causa da queda de estrogênio. O hormônio feminino possui receptores em diversos locais, entre eles na mucosa vaginal, e tem e a função de estimular a lubrificação e o trofismo (tônus e força do tecido muscular). Com a redução dos níveis hormonais, vem a secura da área íntima”, comenta Erika.
- Tratamentos variados: alguns tipos de hormônios utilizados em terapias contra o câncer de mama, infertilidade, endometriose e miomas podem alterar a produção de estrogênio. Como consequência, intervém na umidade vaginal. “Além disso, podemos citar a radioterapia pélvica, que é capaz de afetar a umidade da região”, acrescenta.
- Amamentação: a fase do aleitamento “prioriza” outros hormônios, como a prolactina, diretamente relacionada à fabricação do leite materno. Dessa forma, o estrogênio e a progesterona diminuem no organismo, o que pode prejudicar a lubrificação feminina.
- Cirurgia de ovário: especialmente a que se retira os ovários (ooforectomia), seja por causa de um câncer ou outra doença. Como o ovário é um dos principais fabricantes hormonais, a mulher pode ter sintomas precoces da menopausa devido ao procedimento.
- Alterações emocionais: estresse, ansiedade e depressão também podem interferir no equilíbrio íntimo. Outra consequência do abalo emocional é o declínio da libido, que afeta vida sexual feminina.
Não hormonais
- Medicamentos: certos fármacos podem interferir na umidade da mucosa da vagina e de outras partes do corpo. “Por exemplo, anti-histamínicos, antidepressivos, isotretinoína (conhecida como Roacutan), entre outros”, afirma a ginecologista. Outros medicamentos bastante utilizados e que geram tais efeitos colaterais são os que possuem corticoesteroides na composição.
- Reações alérgicas: algumas mulheres são mais sensíveis a substâncias presentes em cosméticos, como sabonetes, desodorantes e perfumes íntimos. Tais produtos podem desequilibrar a flora vaginal e prejudicar a umidade natural da área. Por isso, sempre converse com seu ginecologista para avaliar a real necessidade desses itens em sua rotina. Também vale ficar de olho nos tecidos de lingeries, que podem causar alergias e desconfortos.
- Ducha ginecológica: outra prática que pode causar o ressecamento da mucosa. Afinal, a ducha consiste na inserção de produtos antissépticos na vagina, que afetam o pH da genital, podendo causar irritações e deixar a área mais vulnerável a infecções. Então, lembre-se: a higiene íntima precisa ser superficial, apenas com uso de sabonete neutro e água.
- Síndrome de Sjogren: a condição compromete a produção de muco nos olhos, boca, vias aéreas e genitais. De forma geral, a doença envolve predisposição genética e fatores de risco como enfermidades autoimunes (lúpus eritematoso e a artrite reumatoide, por exemplo). Portanto, mulheres portadoras da síndrome naturalmente apresentam todas as mucosas mais ressecadas.
- Falta de preliminares: durante o sexo, é essencial investir em atos e toques que estimulem o prazer feminino para o aumento da lubrificação. Assim, na ausência dessa etapa fundamental na relação, há mais chances de sofrer com a secura vaginal.
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Tratamento da secura vaginal
Embora seja uma situação comum, muitas mulheres não buscam ajuda para o problema por sentirem vergonha. Contudo, postergar a visita ao médico só irá piorar os sintomas da secura vaginal, que pode até levar a sangramentos. Para o tratamento, Erika explica que existem muitos recursos, mas a indicação depende da causa do ressecamento.
“Se a secura estiver relacionada à menopausa, a reposição hormonal é uma solução para aliviar os desconfortos, seja em forma de comprimidos, cremes ou pomadas com estrogênio. No entanto, nem todas as mulheres podem fazer a terapia. Em contrapartida, podemos recorrer a lubrificantes à base de água para melhorar a lubrificação e até o óleo de coco. Porém, o óleo não pode ser usado em conjunto com o preservativo, apenas para o dia a dia”, aconselha a médica.
Outros recursos aliados da saúde íntima
De acordo com pesquisa do Hormones and Urogenital Therapy Committee Obstet Gynecol, 45% das mulheres no mundo, na fase pós-menopausa, convivem com atrofia genital. Dessa parcela, apenas 25% tratam. Além dos tratamentos citados, existem diversas técnicas como o laser e a radiofrequência, todos realizados dentro de consultórios.
“Atualmente, é possível contar com laser, CO2 e LED que, juntos, lesionam a mucosa e a ‘obrigam’ a se refazer, acelerando a recuperação das células. Quando ocorre a estimulação pela luz infravermelha, aumenta-se a produção de óxido nítrico, que melhora o volume de sangue que chega no tecido, o aporte de oxigênio. Dessa forma, as células ficam mais nutridas e recuperam as funções do tecido da mucosa”, explica Álvaro Pereira.
Quais médicos devo procurar?
A princípio, o melhor aliado da mulher nesse quadro é o ginecologista, que ajuda a investigar as razões do ressecamento e tratá-las conforme o diagnóstico. Portanto, não hesite em buscar ajuda profissional para resolver uma questão que envolve o seu bem-estar!
Fonte: Erika Kawano, ginecologista, obstetra e mastologista da clínica Mantelli – CRM 163554 | RQE 67347; e Álvaro Pereira, médico angiologista e proprietário da Cosmedical.