Riscos da dieta cetogênica: priorizar o consumo de gorduras pode levar a doenças cardíacas
Com certeza você já ouviu falar das dietas low carb né? Um desses regimes mais famosos é a dieta cetogênica, também chamada de dieta keto. Apesar de o plano alimentar não ser uma novidade, ganhou fama nos últimos anos por prometer redução de peso por meio de uma alimentação com restrição carboidratos e valorização de alimentos gordurosos como manteiga ghee, nozes e carnes. No entanto, um novo estudo apresentado no Congresso Mundial de Cardiologia aponta que existem riscos da dieta cetogênica. Os pesquisadores indicam que a dieta está associada a doenças cardíacas, artérias bloqueadas e derrames. Continue lendo e entenda.
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Estudo sobre os riscos da dieta cetogênica
Para chegar a conclusão de que a dieta cetogênica pode não ser tão benéfica para a saúde como promete, os pesquisadores contaram com a participação de 305 pessoas que incluíram a restrição de carboidrato em seu cardápio em comparação com 1.200 pessoas que seguiam uma dieta padrão.
O tempo de análise foi de um pouco mais de uma década e os pesquisadores identificaram que aqueles que seguiam a dieta com restrição de carboidrato e rica em gorduras também consumiram o dobro de alimentos de fontes animais em comparação aos que seguiam uma dieta normal. Além disso, esse grupo da dieta cetogênica apresentou níveis mais altos de colesterol e lipoproteína de baixa densidade.
Portanto, o alto nível de gordura e baixo teor de carboidratos podem estar ligados ao colesterol ruim, e com isso, os riscos de eventos cardiovasculares aumentam consideravelmente.
A descoberta veio após a constatação de que pacientes com colesterol alto tinham a dieta cetogênica como seu cardápio principal.
“Após uma média de 11,8 anos de acompanhamento – e após o ajuste para outros fatores de risco para doenças cardíacas, como diabetes, pressão alta, obesidade e tabagismo – as pessoas em uma dieta LCHF (Dieta Low-Carb High Fat) tiveram um risco duas vezes maior de ter vários eventos cardiovasculares importantes, como bloqueios nas artérias que precisavam ser abertas com procedimentos de stent, ataque cardíaco, derrame e doença arterial periférica”, apontaram os pesquisadores em um comunicado divulgado à imprensa.
Análises aprofundadas
Outro aspecto que merece atenção, além dos achados dos pesquisadores, é que o estudo só pode mostrar uma associação entre a dieta e um risco aumentado de eventos cardíacos graves, e não uma relação causal. Por isso, é necessário que outros estudos sejam realizados para aprofundar as análises sobre o tema.
Vale reforçar que o estudo foi realizado considerando um período prolongado. Porém, a maioria das pessoas costuma seguir a dieta por períodos curtos de 40 dias.
Afinal, como funciona a dieta?
Basicamente, a dieta cetogênica propõe um consumo de alimentos hipercalóricos, porém, com a restrição do consumo de carboidratos. Assim, a recomendação para os praticantes da dieta é que eles valorizem gorduras boas e façam o consumo moderado de proteínas.
Assim, reduzir drasticamente os carboidratos ingeridos é uma das estratégias mais clássicas para emagrecer. A razão para essa ingestão irrisória de carboidratos é para controlar a insulina. “Quando consumimos alimentos ricos em carboidratos, ocorre o aumento da glicose e da insulina basal, que pode levar a uma reserva robusta do nutriente e, consequentemente, ao aumento de gordura corporal, por exemplo. Assim, ao consumir menos carboidrato, a produção de insulina diminui, levando ao emagrecimento”, explica Gabriela Cilla, nutricionista clínica, esportiva e funcional, de São Paulo.
Assim, a dieta costuma funcionar para quem almeja resultados rápidos nas medidas. “Ou seja, pode ser comparada com a dieta Paleo, que inclui no cardápio legumes, vegetais, fontes de proteínas e gorduras”, pontua a nutricionista.
O programa dura, no mínimo, três semanas, e pode atingir seis meses. Mas, geralmente, por causa da restrição, alguns nutricionistas recomendam 40 dias de dieta. Assim, tudo vai depender do profissional e das necessidades e limitações de cada indivíduo.
Fonte: Gabriela Cilla, nutricionista clínica, esportiva e funcional, de São Paulo.