Homem é internado após ‘rinoplastia caseira’; especialistas comentam os riscos
Um homem precisou ir ao pronto socorro após tentar realizar uma “rinoplastia caseira”, em Campo Limpo, São Paulo. O paciente se guiou por vídeos de tutorial do Youtube. Ele admitiu que usou álcool 70% para higienizar o nariz e não usou luvas e nem limpou o sangue para “não abrir os pontos”. Ele ainda relatou que fez uso de anestésico veterinário e saturou o procedimento com fio absorvível e super-bonder.
O aumento da procura para remodelar o nariz fez com que as buscas de vídeos ensinando alguns métodos se tornassem altas, mas, certamente, o procedimento não é confiável e é extremamente perigoso. O cirurgião plástico Rodrigo Lacerda faz um alerta.
“Jamais tentem isso se não for na mão de um cirurgião plástico habilitado. São cirurgias que envolvem riscos e esses riscos são inúmeros, ainda mais na mão de pessoas não profissionais. Eles podem variar desde assimetrias, infecções, necroses, choque anafilático e até mesmo o óbito”, diz.
Em nota ao G1, a Prefeitura de São Paulo informou que o paciente que tentou a rinoplastia caseira foi atendido pela equipe bucomaxilofacial, fez a limpeza do ferimento e foi orientado a receber atendimento psicológico.
“Fazer um procedimento cirúrgico do porte de uma rinoplastia em ambiente caseiro é um completo absurdo, tanto do ponto de vista técnico quanto em termos de esterilização. O ambiente caseiro também não dispõe de esterilização adequada e fundamentais para se evitar infecções, e para dar segurança ao paciente”, afirma o cirurgião plástico Paolo Rubez.
Rubez ressalta que a esterilização de todo o ambiente é fundamental para qualquer cirurgia. De acordo com ele, é o que garante um menor risco contra infecções. Além das infecções causarem riscos ao paciente, também geram distorção da anatomia onde ocorrem e prejuízo na cicatrização e no resultado cirúrgico .
Tutoriais de rinoplastia caseira não devem ser reproduzidos
As buscas por rinoplastia sempre foram frequentes: no Brasil, é a quinta cirurgia plástica mais procurada, Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (ISAPS). De acordo com o relatório, o Brasil ficou em segundo lugar na lista de países que mais fizeram procedimentos cirúrgicos.
Assim como feito pelo paciente, Rubez alerta que o super-bonder não é um material estéril e, portanto, tem alto risco de causar infecções no nariz. Além disso, é um material aloplástico e permanente que pode gerar problemas a longo prazo. Por exemplo: infecção, inflamação e reação de um corpo estranho, migrar para outra área onde não houve aplicação. Além disso, a retirada do material exige outro procedimento cirúrgico e pode não ter a retirada completa.
O cirurgião plástico Rodrigo Lacerda indica que os pacientes interessados em realizar a rinoplastia devem entrar no site da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e verificar se o médico que irá realizar o procedimento é especialista em cirurgia plástica. Após isso, procure se os resultados feitos por outras pessoas ocorreram com sucesso. Além disso, verifique o local e se é um hospital com infraestrutura necessária.
Por fim, Lacerda ressalta que não se deve confiar em fotos de antes e depois que aparecem nas redes sociais. “É proibido pelo Conselho Federal de Medicina o médico postar foto de antes e depois, porque induz o paciente a uma promessa de resultado que muitas vezes não é possível. Sem contar que existem manipulações das fotos através de Photoshops de luzes, através de jogo de imagens que podem simular um resultado que não é real”, completa.
Fontes: Paolo Rubez, cirurgião plástico especialista em rinoplastia e cirurgia de enxaqueca (CRM/ SP: 124.773); Rodrigo Lacerda, cirurgião plástico (CRM/MG 27682).