Reconstrução mamária: quais os tipos e quando é indicada

Saúde
17 de Agosto, 2022
Reconstrução mamária: quais os tipos e quando é indicada

A reconstrução mamária é uma das formas de recuperar a autoestima após tratamentos de câncer. Nesse caso, reconstitui-se a mama que foi removida parcial ou totalmente utilizando técnicas de cirurgia plástica. 

Dessa forma, a cirurgia ajuda a recuperar o conforto físico e emocional das mulheres após uma cirurgia mutiladora, chamada de mastectomia. Nesse sentido, a mama pode ser reparada com total segurança, devolvendo a integridade física e emocional da paciente.

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A importância da reconstrução mamária para a mulher

De acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica, a reconstrução da mama após a oncocirugia é capaz de devolver um aspecto mais agradável à região, recuperando a autoestima da mulher. Dessa forma, ela pode ser feita no momento que está sendo realizada a mastectomia ou após um período de espera definido pelo cirurgião que conduz o caso. 

“Podemos afirmar que a reconstrução mamária é um procedimento importante para a mulher se recuperar emocionalmente. É importante para elevar a sua autoestima e assim ter melhor qualidade de vida”, ressalta o cirurgião plástico Dr. Agnaldo Castro, integrante da equipe de reconstrução de mama do Hospital São Camilo Oncologia (Mooca).

Nesse sentido, antes de explicarmos cuidadosamente sobre todas as etapas da cirurgia de reconstrução mamária, entenda por que a mastectomia é realizada:

  • Quando a cirurgia conservadora, isto é, que poupa a maior parte da mama, não é indicada para a mulher; 
  • Se, por motivos pessoais, a paciente preferir a mastectomia à cirurgia conservadora;
  • Para mulheres com teste genético positivo que se caracterizam como alto risco para câncer de mama. Neste caso, indica-se a mastectomia profilática bilateral.

Portanto, após essas decisões, entra em cena a cirurgia de reconstrução de uma ou ambas as mamas, a depender do caso.

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Os tipos de reconstrução mamária

Sobre os tipos de cirurgia de reconstrução de mamas, o especialista Dr. Agnaldo diz que é algo complexo. Isso porque existem muitos estudos e congressos sobre o assunto. “De uma maneira simplória, o procedimento pode ser imediato ou tardio. A reconstrução imediata é aquela que a paciente faz a mastectomia e logo em seguida a reconstrução na mesma cirurgia. Mas, não são todos os casos que são elegíveis. Quando a paciente tem um câncer de mama muito agressivo, por exemplo, é mais prudente adiar a cirurgia reconstrutora.” 

  • Implantes mamários: coloca-se uma prótese de silicone abaixo do músculo peitoral e da pele, simulando a forma natural da mama. Em casos onde a paciente não tenha pele suficiente para acomodar a prótese, utiliza-se um expansor que é preenchido gradativamente de forma a expandir a pele e, após esta fase ser concluída, a prótese é colocada.
  • Procedimentos usando retalhos: o cirurgião plástico utiliza pele, gordura e até mesmo músculo de áreas como a região abdominal e as costas, transferindo-os para que a mama seja reconstruída. 
  • Reconstrução do mamilo e da aréola: tem como objetivo fazer com que a mama reconstruída se pareça o mais possível com a mama original. Pode ser combinado com implantes e retalhos para obter um melhor resultado.

Dessa forma, para escolher a técnica adequada, o médico vai rever o histórico clínico e mostrar as melhores opções de reconstrução para a paciente levando em conta sua idade, estado de saúde, estilo de vida, entre outros fatores. E, claro, o cirurgião plástico deve respeitar as preferências pessoais da mulher. “É fundamental o diálogo entre o médico e a paciente para esclarecer dúvidas e preocupações, além de entender os riscos e benefícios de cada opção, antes de tomar uma decisão”, esclarece o médico cirurgião plástico oncológico. 

Principais objetivos da reconstrução mamária 

São muitas as razões que levam as mulheres a optar pela cirurgia reparadora das mamas. Listamos algumas abaixo: 

  • Melhora da aparência ao usar sutiã ou maiô, bem como roupas em geral; 
  • Recuperar o formato das mamas;
  • Dispensar o uso de próteses externas; 
  • Para se sentirem mais felizes com seus corpos e autoconfiantes.

Afinal, quando fazer?

Qual o melhor momento para realizar uma cirurgia de reconstrução de mamas? A princípio, o ideal seria realizá-la juntamente com a mastectomia. Isso faz com que a mulher não precise passar por um período de adaptação psicológica após a retirada das mamas. Porém, existem casos em que a paciente precisa fazer radioterapia para completar o tratamento contra o câncer. Neste caso, o procedimento é adiado pelo fato da radiação interferir na cicatrização.

Também não é recomendada a reconstrução com a mastectomia quando o câncer é muito extenso e por isso é preciso remover uma grande quantidade da mama e pele durante a cirurgia oncológica. Quando isso acontece, o organismo precisa de mais tempo para se recuperar antes de passar por outro procedimento cirúrgico, além da possibilidade de recorrência da doença.

No caso do adiamento da cirurgia reparadora, o Dr. Agnaldo explica que muitas mulheres podem ficar incomodadas com a aparência durante o período de espera e, diante disso, é preciso manter a calma. “Acima de qualquer coisa, é importante cuidar da saúde emocional. Conversar com amigos e familiares e principalmente com o médico”, ressalta o cirurgião da equipe do Hospital São Camilo Oncologia Mooca. 

A reconstrução mamária é realmente a melhor opção?

O Instituto OncoGuia, organização sem fins lucrativos que realiza um trabalho voluntário e informativo para pacientes com câncer, reforça que a cirurgia reparadora das mamas é um procedimento individualizado. “Você deve fazê-lo para si mesma, não para satisfazer os desejos de outra pessoa ou para tentar se adaptar a qualquer tipo de imagem ideal.”

Por isso, é sempre fundamental ressaltar o aspecto emocional da reconstrução mamária. Inclusive, considerar que a mama reconstruída pode não corresponder às expectativas e nem substituir a mama natural. Se tecidos de outras áreas forem usados como parte da reconstrução, por exemplo, a região também ficará diferente após o procedimento. “Pode levar algum tempo para aceitar os resultados da cirurgia reparadora”.

Dessa forma, os especialistas recomendam que a mulher sempre converse com seu cirurgião sobre as cicatrizes cirúrgicas e mudanças na forma ou contorno de seu corpo.

Riscos da reconstrução mamária

Os riscos são, essencialmente, inerentes a qualquer procedimento cirúrgico. Antigamente, um dos maiores receios era que a reconstrução mamária pudesse dificultar um diagnóstico reincidente ou mesmo atrapalhar o tratamento complementar. No entanto, especialistas afirmam que a segurança oncológica da reconstrução é absoluta.

Vale dizer que após a cirurgia, dificilmente a mulher conseguirá engravidar. Isso porque o parênquima mamário (local por onde o leite sai) é retirado na cirurgia. Assim, a reconstrução mamária não visa repor as glândulas mamárias, mas repor a parte estética da mama.

Cuidados antes da cirurgia

Reunimos alguns cuidados que devem ser tomados antes da cirurgia de reconstrução mamária: 

  • Avaliação médica e exames laboratoriais;
  • Tomar somente os medicamentos indicados pelo médico;
  • Fazer mamografia antes e após a cirurgia;
  • Parar de fumar com antecedência ao procedimento cirúrgico.
  • Acima de tudo, converse sempre com seu médico. 

Cuidados pós-cirurgia

O tempo de recuperação da cirurgia de reconstrução mamária dependerá técnica utilizada. Isso porque cada paciente tem uma necessidade, dependendo da forma como foi feita a cirurgia e dos tratamentos adjuvantes (quimioterapia e radioterapia). Os cuidados, no entanto, são os mesmos de quem faz um procedimento estético. Sendo assim, é importante:

  • Repouso
  • Evitar carregar pesos
  • Não se expor ao sol
  • Fisioterapia motora
  • Drenagem linfática fazem parte da reabilitação do paciente no pós-operatório.

Resultados e expectativas

O grande resultado da cirurgia de reconstrução mamária está no impacto físico e emocional após a retirada dos seios por conta do tratamento contra o câncer.

De acordo com o Dr. Agnaldo, com o tempo e dependendo de cada organismo, certa sensibilidade na mama pode voltar. Já sobre as cicatrizes, a tendência é que elas melhorem, mas não desapareçam por completo. “Mesmo com algumas possíveis limitações ou intercorrências como assimetrias e necessidade de reabordagem para refinamento, a maioria das mulheres atendidas acham que elas são pequenas em comparação à melhoria da autoestima e qualidade de vida”, ressalta o especialista. 

O câncer de mama pode voltar depois da reconstrução?

Infelizmente, sim! Por isso, é importante que a paciente não abandone o acompanhamento com a equipe de oncologia e mastologia, comparecendo a todos os retornos e realizando todos os exames necessários para o monitoramento da doença. Além disso, algumas medicações como o tamoxifeno, por exemplo, são prescritas durante anos após a operação. 

Recomendações médicas

A reconstrução de mama não é algo muito rápido, sendo necessárias algumas etapas cirúrgicas para a conclusão deste processo. O mais importante de tudo é não ter pressa. “Converse com seu médico e questione os benefícios e riscos de cada tipo de cirurgia. Somente faça a reconstrução quando se sentir segura e confiante. Sua decisão é o que importa”, conclui Dr. Agnaldo Castro.

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Fontes: Marcelo Sampaio, cirurgião plástico (CRM-74553), especialista em Cirurgia Geral e Cirurgia Plástica pelo Hospital das Clínicas (USP), com mestrado em Ciências Médicas (USP) e que atende no Hospital Sírio-Libanês; e Dr. Agnaldo Castro, Cirurgião Plástico Oncológico. CRM 164631 e RQE 79273. Integrante da equipe de reconstrução de mama do Hospital São Camilo Oncologia (Mooca).

Referências: Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, American Cancer Society, Instituto Oncoguia, Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica e OMS.

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