Quatro emergências sanitárias ameaçam as Américas, diz Opas
A região das Américas está ameaçada por quatro emergências sanitárias, alertou a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), braço regional da Organização Mundial da Saúde (OMS). São elas a cólera, a poliomielite, a Covid-19 e a varíola dos macacos. A boa notícia, segundo a autoridade, é que o coronavírus e o vírus monkeypox apresentam tendência de queda nos continentes.
“Há quatro emergências de saúde que ameaçam nossa região: o ressurgimento da cólera no Haiti é um lembrete da rapidez com que as doenças podem se espalhar”, afirmou a diretora da OPAS, Carissa Etienne, em coletiva de imprensa virtual. Ela cita, por exemplo, que há poucos meses o país caribenho estava prestes a erradicar a doença. Agora, enfrenta um novo surto de cólera que já deixou 18 mortos.
A diretora da Opas afirmou ainda que “a propagação da varíola dos macacos parece estar diminuindo”. No entanto, ela ressalta que mais de 2,3 mil novas infecções foram relatadas somente na semana passada nas Américas. Com um total superior a 45 mil casos, os continentes representam 63% das infecções pela varíola símia em todo o mundo.
Segundo a organização, 95% dos casos aconteceram entre homens e 56% em pessoas com HIV. Os Estados Unidos e o Brasil lideram os diagnósticos no mundo. Há, ainda, casos significativos na Colômbia e no México.
No último dia 4, o Brasil foi o primeiro país a receber um envio inicial de 9,8 mil doses de vacinas contra o monkeypox por meio da negociação conjunta da Opas, seguido pelo Chile. Outros países interessados incluem Bahamas, Belize, Equador, El Salvador, Guiana, Honduras, Jamaica, Panamá, Peru e Trindade e Tobago. Outras nações, como Canadá e Estados Unidos, já adquirem imunizantes há meses por conta própria.
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Covid é uma das quatro emergências sanitárias, mas está em fase de controle
Em relação à pandemia da Covid-19, as tendências são de queda em todo o mundo e nas Américas. “Um sinal encorajador de que podemos estar passando da fase aguda da pandemia para uma fase de controle sustentado”, declarou a diretora da Opas.
Ainda assim, “a pandemia segue conosco”, reforçou. Na semana passada, por exemplo, as Américas registraram mais de 178 mil novos casos. Na região, mais de 70% das pessoas se vacinaram com as duas doses iniciais contra a Covid-19.
A organização enfatizou a importância de melhorar as taxas de vacinação, especialmente entre os mais vulneráveis e com a dose de reforço, e fortalecer a vigilância epidemiológica. Usou como exemplo o caso de outra emergência de saúde, a poliomielite, que causa paralisia infantil e para a qual não há cura ou tratamento, mas pode ser prevenida.
Além dos Estados Unidos, que relataram um caso no início deste ano, Brasil, República Dominicana, Haiti e Peru correm “risco muito alto” de transmissão da pólio, alertou a organização. “Nossa região está sob pressão”, e é por isso que devemos “investir e fortalecer os sistemas de saúde”, repetiu Etienne.
Preocupação com Haiti
Um país de grande preocupação para a Opas é o Haiti. Três anos após uma epidemia que matou mais de 10 mil pessoas, o país confirmou, até 9 de outubro, 32 casos e 18 mortes relacionadas a um novo surto de cólera.
Além disso, mais de 260 casos suspeitos aguardam confirmação na área ao redor da capital, Porto Príncipe. Quase um quarto deles foram encontrados em crianças entre 1 e 4 anos, de acordo com a organização.
Etienne acredita que os números oficiais provavelmente serão menores do que os da realidade. Isso porque os casos estão concentrados em áreas afetadas pela escalada da violência e atividade de gangues, o que impede o acesso à testagem e aos sistemas de saúde. “A cólera chegou em meio a uma grave agitação social e política” que “impede os esforços para conter” esse surto, alertou.
Fonte: AFP.