Uso de telas aumenta na pandemia e piora qualidade do sono
Desde que o novo coronavírus surgiu, as pessoas começaram a passar mais tempo em frente às telas. Isso porque diversas empresas adotaram o modelo de home office, escolas e universidades optaram pelo EAD (ensino a distância), e todo mundo precisou ficar mais em casa para evitar a disseminação da doença. Contudo, todas essas mudanças contribuíram para a piora na qualidade do sono durante a pandemia, diz uma nova pesquisa.
O estudo Sleep, publicado no site do National Center for Biotechnology of Information, buscou entender se o uso de dispositivos eletrônicos estava afetando o sono. Os pesquisadores contaram com a participação de 2.100 pessoas que responderam a perguntas sobre o tema da pesquisa em dois períodos diferentes.
Assim, eles descobriram que 35% dos participantes relataram um aumento no uso de dispositivos eletrônicos. Consequentemente, houve um crescimento nos casos de insônia, horários desregulados e interrupções do sono durante a noite.
A tensão causada pela Covid-19 também prejudicou a qualidade do sono na pandemia
Contudo, as telas e os aparelhos não são a única causa do problema. A mesma pesquisa identificou que 74,8% dos pacientes que tiveram Covid-19 se queixaram de problemas para dormir.
O estudo revelou ainda que, entre os profissionais de saúde, o índice de dificuldade em pegar no sono ao longo da pandemia foi de 36%. E na população em geral, a porcentagem foi de 32%.
Dessa maneira, a dificuldade para dormir e outros problemas relacionados ao sono podem estar diretamente ligados a questões emocionais.
“Nós estamos, de fato, mais preocupados devido à pandemia de Covid-19. Muitas pessoas tiveram que enfrentar problemas financeiros, profissionais e familiares. E isso nos deixa em um estado hiperalerta: uma reação de estresse que acaba fragmentando o sono, causando mais despertares e pesadelos e interferindo na quantidade e na qualidade do sono”, explica o Dr. Fernando César Mariano, otorrino do Hospital IPO.
Apneia do sono e falta de ar
Não para por aí: para quem sofre com a apneia, o problema pode ser pior. A condição reduz a oxigenação noturna, portanto, pacientes que tiveram Covid-19 e um maior comprometimento pulmonar podem ter mais dificuldade para dormir e respirar.
O otorrino orienta que, caso o problema se torne frequente, é preciso procurar um especialista.
“Em último caso, solicitamos exames, como a polissonografia, para avaliar a saturação e a arquitetura do sono — quantidades de sono superficial e de sono profundo — além de descartar outros distúrbios. Isso nos permite fazer o acompanhamento completo do paciente. E essa é uma estratégia não apenas para aqueles que enfrentaram a Covid-19, mas para todos que estão com problemas de sono”, finaliza.
Leia também: Dispositivos eletrônicos podem contribuir para o desenvolvimento da miopia
Celular na cama
Além disso, outros hábitos também contribuem para uma noite ruim de sono. Assistir à televisão ou fazer uso de telas antes de dormir não é recomendado. Atualmente, com o vício nos dispositivos móveis, muitas pessoas levam o celular para a cama. Tal prática se mostrou prejudicial para a qualidade do sono, de acordo com uma pesquisa realizada pelo Serviço Social da Indústria (SESI) em parceria com o Persono.
Mais de 4 mil trabalhadores foram entrevistados, e 79,7% afirmaram ter o costume de levar o celular para a cama, a fim de checar notificações, navegar nas redes sociais ou responder e-mails.
Apesar de 61,7% dos participantes terem confirmado que dormem bem, o tempo e a qualidade do sono não se mostraram adequados. Dentre os entrevistados, 37,8% dormem apenas de 4h a 6h por dia, número que está abaixo do recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Dicas para melhorar a qualidade do sono
Veja algumas dicas que podem te ajudar a dormir melhor:
- Ir deitar todos os dias no mesmo horário, até mesmo no fim de semana e durante as férias;
- Evitar álcool e cafeína;
- Manter o ar do seu quarto fresco;
- Evitar cochilar muitas vezes durante o dia;
- Ter uma rotina de relaxamento e autocuidado, como meditar, tomar um banho ou ler um livro;
- Por fim, fazer uma respiração profunda ou um relaxamento muscular progressivo para preparar seu corpo para dormir.
Fonte: Dr. Fernando César Mariano, otorrino do Hospital IPO.