Prisão de ventre em crianças: sintomas, causas e tratamento
A prisão de ventre em crianças, também chamada de constipação infantil, acontece quando há dificuldade em evacuar, com fezes duras e secas. Normalmente, também há uma frequência de evacuações menor do que o habitual ou ainda a sensação de não ter esvaziado completamente o intestino após usar o banheiro.
A constipação, que pode ser crônica ou aguda, é mais comum a partir do primeiro ano de vida, após o desmame, quando há introdução de alimentos sólidos.
Causas de prisão de ventre em crianças
Em crianças, as causas mais comuns da prisão de ventre envolvem pouca ingestão de água e alimentos ricos em fibras. Consequentemente, isso contribui para que os resíduos de fezes se movam mais lentamente através do trato digestivo, tornando-os duros e ressecados. Como resultado, há um esforço maior na hora de evacuar, o que provoca desconfortos e dores abdominais.
Em algumas situações, a constipação pode estar associada a problemas comportamentais — como estresse ou resistência ao uso do banheiro. Ademais, algumas crianças podem demorar mais para largar a fralda e, consequentemente, têm dificuldade de usar o vaso sanitário ou penico.
Causas mais incomuns, conforme aponta Tatiana, incluem:
- Doença de Hirschsprung;
- Malformações anorretais;
- Fibrose cística;
- Disfunções metabólicas;
- Anormalidades da medula espinhal;
- Problemas emocionais ou psiquiátricos;
- Por fim, doenças neurológicas.
Nesses casos, é importante a análise de um médico para avaliar a causa exata e o melhor método de tratamento.
Sintomas de prisão de ventre em crianças
Em crianças com prisão de ventre, os pais podem observar alguns sinais que surgem ao longo do tempo, como por exemplo:
- Desconforto abdominal;
- Dor de barriga;
- Fezes duras e ressecadas;
- Menos de três evacuações por semana;
- Mau humor e irritabilidade;
- Barriga inchada;
- Por fim, diminuição do apetite.
Em bebês e crianças pequenas, os pais devem ficar de olho na fralda para monitorar a situação. Se as trocas ocorrem apenas devido à urina e não há evacuações, isso pode indicar que algo está errado.
É importante destacar que não existe uma frequência ideal para a criança evacuar. Entretanto, “existe um limite aceitável de ausência de evacuação, que seria menos do que 3 vezes por semana. Ademais, devemos lembrar que algumas crianças apresentam evacuação diária, porém de forma incompleta, em razão de cibalos (formações fecais) ressecados, com muito esforço e dor, sinais que também caracterizam a constipação”, explica Tatiana Mota, pediatra da Clínica Mantelli.
Os pais devem levar a criança ao médico quando há presença de sangue nas fezes, dores abdominais muito fortes ou quando ela fica mais de cinco dias sem evacuar.
Como é feito o tratamento?
O tratamento para prisão de ventre em crianças envolve principalmente mudanças na dieta. Nesse sentido, uma das principais alterações é o aumento no consumo de alimentos ricos em fibras, pois eles favorecem o trânsito intestinal e aumentam o volume das fezes.
- Frutas: mamão, laranja, ameixa, pera, maçã e melão
- Folhas: alface, couve e repolho
- Leguminosas: feijão, lentilha, grão-de-bico e quinoa
- Cereais integrais: aveia e trigo
- Sementes: linhaça, gergelim e chia
- Por fim, azeite de oliva
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Lembre-se de que é importante equilibrar as refeições para garantir uma combinação adequada de alimentos e nutrientes.
Além disso, o papel da hidratação também é indispensável para manter o intestino funcionando em ordem. Conforme explica Tatiana Mota, as crianças devem ingerir uma quantidade média de água por dia, de acordo com a idade:
- 7 a 12 meses: 800 ml;
- 1 a 3 anos: 1,2 l;
- 4 a 8 anos: 1,7 l;
- 9 a 13 anos: 2,4 l;
- 13 a 18 anos: 3,3 l.
Uso de laxantes
O uso de laxantes pode ser prescrito para tratar a prisão de ventre em crianças quando as mudanças alimentares não são eficazes para tratar o quadro. Esses medicamentos ajudam a amolecer as fezes e aumentar os movimentos intestinais, portanto facilitando a evacuação. Entretanto, apenas um médico pediatra pode indicar o uso após uma avaliação clínica.
“Além disso, o uso de medicações deve ser indicado de acordo com a faixa etária — e alguns têm contraindicações específicas, como por exemplo, risco de hipernatremia. Por isso, devem sempre ser indicadas pelo pediatra”, explica Tatiana.
Fontes
Dra. Tatiana Mota, pediatra da Clínica Mantelli.
Referências
Lambeau KV, McRorie JW Jr. Fiber supplements and clinically proven health benefits: How to recognize and recommend an effective fiber therapy. Journal of the American Association of Nurse Practitioners. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/28252255/