Pesar a comida é mesmo necessário? Especialistas dão suas opiniões
No processo de emagrecimento ou ganho de massa muscular, algumas pessoas costumam adquirir uma balança de cozinha para pesar a comida das refeições. Dessa forma, é possível assegurar com exatidão a quantidade de cada alimento. Entretanto, alguns profissionais não acreditam que a prática seja adequada, pois entendem que ela pode funcionar como um gatilho para transtornos alimentares. Assim, saiba se pesar comida é realmente necessário e quais são os prós e os contras do hábito.
Primeiramente, é importante entender que pesar a comida não é um consenso entre os nutricionistas. Cada profissional adota uma abordagem diferente com os pacientes e, consequentemente, realiza recomendações distintas. Tassiane Araujo, por exemplo, é adepta da nutrição intuitiva e comportamental. Na visão dela, a balança não é um item necessário, uma vez que a autonomia alimentar é o melhor caminho.
A nutricionista Giovanna Fernandes, por outro lado, acredita que a adoção da balança é válida em alguns casos. “Na minha prática clínica, tem paciente que oriento pesar a comida, como aqueles que querem um resultado estético mais específico, e tem paciente que não vejo necessidade, principalmente aqueles que têm o objetivo apenas de melhorar a rotina, a qualidade dos alimentos e a saúde”, pontua.
Benefícios de pesar a comida
Tassiane acredita que os benefícios de pesar a comida são realmente efetivos no caso de atletas ou esportistas de alto rendimento. “Você consegue controlar os seus macros, e aí, consegue ter um resultado mais fiel”, afirma.
Giovanna completa dizendo que o paciente fica mais confiante ao usar a balança, já que consegue seguir a quantidade de alimentos proposta de maneira mais acertada. “O indivíduo vai atingir de forma mais fidedigna o cálculo de macro e micronutrientes proposto e consequentemente terá um resultado mais significativo”, diz.
Malefícios
Entre os pontos considerados negativos de pesar a comida, ambas profissionais concordam que a prática pode ser um facilitador para o desenvolvimento de algum transtorno alimentar, como a ortorexia.
“Pode gerar distúrbios e preocupações excessivas em relação à quantidade de alimentos, por isso, não oriento para qualquer um”, destaca Giovanna.
Tassiane vai além e pontua que os pacientes podem virar “reféns” da balança e agir de forma disfuncional, recusando convites para comer com amigos e familiares ou levando a balança para todos os lugares. “Você passa a ver os alimentos como uma quantidade de nutrientes, e a alimentação não é só nutriente, a comida é muito mais do que isso”, diz.
Como pesar a comida?
Caso a profissional oriente a pesagem da comida e você se sinta confortável em fazê-la, é importante entender como realizar. A prática é feita por meio de uma balança de cozinha de alimentos.
Na maioria das vezes, o alimento já está cozido na hora de colocar na balança. Além disso, Giovanna não indica a pesagem de determinados itens. “Alguns alimentos como frutas, legumes e verduras não oriento pesar, pois não vejo necessidade”, conta.
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Alternativas
As alternativas mais usadas para a pesagem de alimentos são as medidas caseiras. Apesar de não garantirem a exatidão da balança, elas atendem bem os objetivos dos pacientes, segundo Tassiane.
“Quando a pessoa pega uma colher de sopa de pasta de amendoim cheia ou uma colher de sopa de 15g, eu concordo que a diferença é muito grande. Mas a partir do momento que a gente entra em uma alimentação intuitiva, a gente não vê a necessidade de pesar o alimento. A balança vem muito ligada com a mentalidade de dieta, que é algo que eu não acredito para pessoas saudáveis”, explica.
Fontes: Tassiane Araujo, nutricionista adepta à nutrição intuitiva e comportamental e Giovanna Fernandes, nutricionista pós-graduada em Nutrição Aplicada ao Exercícios Físico e Nutrição Clínica Funcional.