Pé diabético: Cuidados que os pacientes devem ter com a região
O pé diabético consiste em um conjunto de alterações que podem ocorrer nos pés de pessoas portadoras de diabetes, principalmente quando a doença não está devidamente controlada.
Entre as complicações mais comuns, estão problemas na circulação dos membros inferiores e neuropatia (condição que atinge o funcionamento dos nervos periféricos). Ambos geram feridas, dificuldade de cicatrização e infecções. Além disso, caso não seja devidamente tratado, o pé diabético pode precisar de amputação.
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Pé diabético e coronavírus
De acordo com o cirurgião vascular e endovascular Josualdo Euzébio da Silva, os cuidados devem ser redobrados durante a pandemia. Isso porque o SARS-CoV-2 é capaz de causar lesão endotelial, isto é, danos na camada interna dos nossos vasos sanguíneos. “Isso pode causar dissecção desse vaso, comprometimento da circulação, tromboembolismo e consequente repercussão em todo o organismo. Estes fatores sobre uma artéria já com alterações podem levar a complicações”, explica.
Além disso, com as medidas de isolamento social, a população acabou ficando mais sedentária e foi menos ao médico. O que pode contribuir para um controle inadequado do diabetes e para as pequenas feridas nos pés.
Dados da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) indicam que cerca de 20% da população portadora da doença desenvolve algum problema nos pés no decorrer da vida. Atualmente, cerca de 16 milhões de brasileiros convivem com o diabetes. “Aqueles que já tiveram Covid-19 precisam realizar acompanhamento com um cirurgião vascular de confiança. Além disso, é necessário que fiquem atentos aos primeiros sinais de complicações circulatórias porque a evolução para um quadro grave de pé diabético pode ser rápida e levar, inclusive, a amputações”, alerta o médico.
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Sintomas e diagnóstico
O cirurgião vascular lembra, aliás, que o autoexame é muito importante e deve ser realizado diariamente, em um lugar bem iluminado. “Deve-se verificar a existência de frieiras, cortes, calos, rachaduras, feridas, alterações de cor da pele (se está arroxeada) e de formato das unhas (se demoram a crescer) e ausência de pelos. Uma dica é usar um espelho para uma visão completa.”
Entre os sintomas do pé diabético, ele cita formigamentos, diminuição da sensibilidade, queimação, sensação de “agulhada”, dormência e fraqueza nas pernas. “Qualquer uma destas sensações deve ser comunicada imediatamente ao médico”.
Outra dica para facilitar a circulação é utilizar meias sem costuras, produzidas em algodão ou lã. Por outro lado, tecidos sintéticos, como o nylon, podem prejudicar o quadro. Já os calçados devem ser fechados, macios e confortáveis. “Além disso, é fundamental manter os pés sempre limpos. Desse modo, faça a higiene com água morna, use toalhas macias e hidrate os pés. Mas cuidado com a umidade nos vãos dos dedos e em torno das unhas”, diz.
Para ele, prevenir é a medida mais importante para evitar o pé diabético, sobretudo em tempos de Covid-19. Além do controle dos níveis de glicemia, a avaliação periódica multidisciplinar com endocrinologista, ortopedista, cirurgião vascular e outras especialidades e profissões faz toda a diferença para evitar complicações extremas.
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Fonte: Josualdo Euzébio da Silva, cirurgião vascular em Belo Horizonte.