Você já ouviu falar sobre parto empelicado? Entenda o que é!
De tempos em tempos, as redes sociais viabilizam histórias surpreendentes como é o caso das gêmeas Maria Cecília e Maria Alice. No dia 11 de julho, mais do que dar boas-vindas às pequenas, seus pais e a equipe médica responsável pelo nascimento das irmãs no Hospital de Nossa Senhora das Dores, em Minas Gerais, puderem presenciar um raro fenômeno chamado parto empelicado. Você sabe o que é?
De acordo com a obstetra Flávia do Vale, coordenadora da maternidade do Hospital Icaraí em parceria com a Perinatal, recebe-se o nome de parto de empelicado quando o bebê vem ao mundo dentro do saco amniótico intacto. Ele acontece, em média, uma vez a cada 80.000 nascimentos.
Ainda segundo a especialista, o pequeno tem mais chance de nascer empelicado por meio de uma cesárea do que por parto normal. “Isso porque o saco amniótico tende a romper espontaneamente durante o trabalho de parto, enquanto o bebê está descendo pelo canal vaginal”, esclarece a médica.
Já durante a cesárea, o especialista tende a passar pela estrutura gestacional para retirar o bebê. Assim, ele pode optar por tirar o pequeno ainda dentro do saco amniótico.
De acordo com Cinthia Calsinski, enfermeira obstetra, bebês prematuros também têm mais chances de nascerem empelicados. “Isso porque eles são menores e é mais provável que atravessem o canal de parto sem a ruptura da bolsa”, completa.
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Parto empelicado: há benefícios caso o bebê nasça desse jeito?
Embora o fenômeno seja surpreendente, Flávia explica que não há nenhuma evidência que comprove que o parto empelicado seja melhor do que o normal. “Portanto, não é algo que a gestante precisa solicitar ou tentar”, completa a obstetra.
Ainda assim, o que se discute é que o saco amniótico intacto poderia ser uma barreira de proteção a mais para o feto. Em outras palavras, ele seria como um amortecedor para possíveis forças que agem sobre o bebê durante o trabalho de parto ou ainda durante a extração na cesárea.
“Outro benefício inclui a proteção contra um prolapso do cordão umbilical, que é quando ele desliza para o colo do útero, posicionando-se na frente (ou abaixo) do feto, e pode ser espremido pelo bebê”, detalha Flávia.
Cinthia também lembra que os pequenos que nascem empelicados têm menos chances de serem contaminados caso a mãe tenha HIV. Isso porque não ocorre o contato do bebê com o sangue materno.
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Os possíveis prejuízos deste tipo de parto
Assim como acontece com os benefícios, também não há nenhuma comprovação científica em relação aos malefícios do parto empelicado. O que se fala é que o saco amniótico tende a ser escorregadio e, por isso, pode ser mais difícil fazer a extração fetal com ele ao redor do bebê.
Além disso, há também uma reflexão que parte das teorias de Microbirth em relação ao parto empelicado. Em suma, estas pesquisas defendem que o bebê, ao passar pelo canal vaginal durante o nascimento, entra em contato com bactérias e micro-organismos importantes. Assim, eles ativam o sistema imunológico do bebê de forma precoce e efetiva. No entanto, ao nascer ainda envolto no saco amniótico, essa primeira troca não aconteceria.
Fontes: Dra. Flávia do Vale, obstetra e coordenadora da maternidade do Hospital Icaraí em parceria com a Perinatal e Cinthia Calsinski, enfermeira obstetra
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