Ozempic, Wegovy e Mounjaro: endocrinologista explica diferenças

Saúde
19 de Julho, 2024
Ana Renata de Godoy Ferreira
Revisado por
Enfermeira • COREN SP - 87.661
Ozempic, Wegovy e Mounjaro: endocrinologista explica diferenças

As chamadas canetas emagrecedoras continuam sendo as queridinhas no mercado quando o assunto é perda rápida de peso. Embora sejam medicamentos inicialmente utilizados no tratamento de diabetes, elas vêm demonstrando cada vez mais eficácia no emagrecimento. Desse modo, seu uso pode trazer benefícios contra a obesidade, doença considerada uma pandemia global. Mais de 1 bilhão de pessoas são portadoras da patologia, sendo 650 milhões de adultos, 340 milhões de adolescentes e 39 milhões de crianças, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Veja, então, a diferença entre Ozempic, Wegovy e Mounjaro e como eles no tratamento da obesidade e diabetes.

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Ozempic, Wegovy e Mounjaro: como atuam contra o diabetes e obesidade?

No dia 1º de agosto estará disponível no Brasil mais uma opção do medicamento Semaglutida, o Wegovy. Até o momento, a semaglutida vem sendo prescrita através do Ozempic. O medicamento reduz, comprovadamente, 15% do peso corporal em pacientes com diabetes após 16 meses. E pesquisas feitas com o Wegovy mostraram uma perda de 17,4% em dois anos. Ambos são análogos do hormônio GLP1, com indicação de aplicação semanal.

“Esse tipo de molécula é o futuro para tratamento de diabetes tipo 2 e obesidade. É seguro e eficaz. Existem vários estudos mostrando a eficácia e segurança dessas moléculas. Recentemente, o estudo SELECT demonstrando que pacientes obesos, com doença cardíaca, usando semaglutida 2,4mg por semana reduziram em 20% os eventos cardíacos em comparação com o grupo que estava usando placebo”, complementa Dra. Elaine, também especialista em emagrecimento saudável.

Por outro lado, a Tirzepatida, com o nome comercial Mounjaro, é um outro medicamento revolucionário que também foi aprovado pela ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), mas ainda não possui data para lançamento oficial no Brasil. A inovação é conhecida como “king kong” entre os fármacos para o emagrecimento e tratamento do diabetes tipo 2, segundo a Dra. Elaine. Ela comenta que o tratamento é sucesso absoluto nos Estados Unidos por ser muito mais potente na melhora da glicose e no auxílio da perda de peso rápida. “Ele é o análogo dos hormônios intestinais GLP1 e GIP, que agem no hipotálamo, no centro da fome e saciedade”, ressalta a especialista.

A Dra. Elaine comenta que em estudos realizados pela Eli Lilly, laboratório responsável pela fórmula, em fase 3, apontaram uma redução média de 26,6% do peso dos participantes durante um ano e sete meses, o equivalente a 23kg em um paciente que pesava cerca de 104kg.

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Principais características do Ozempic, Wegovy e Mounjaro

  • Ozempic (semaglutida): agonista do hormônio intestinal GLP1. Já disponível no mercado nacional, para aplicação semanal de até 1mg. Recomenda-se, sobretudo, para o tratamento de diabetes tipo 2. Isso porque ajuda a controlar os níveis de glicose no sangue em adultos com essa condição. É geralmente administrado uma vez por semana, com doses que variam de 0,5 mg a 1 mg.
  • Wegovy (semaglutida): também agonista do hormônio intestinal GLP1. Chega ao mercado brasileiro no dia 1 de agosto de 2024 com indicação para o tratamento da obesidade em adultos com um índice de massa corporal (IMC) ≥ 30 kg/m² ou ≥ 27 kg/m². Além disso, com comorbidades relacionadas ao peso, hipertensão, diabetes tipo 2 ou dislipidemia. É administrado uma vez por semana, com doses que aumentam progressivamente até 2,4 mg.
  • Mounjaro (tirzepatida): Agonista dos hormônios intestinais GLP1 e GIP. Aprovado pela Anvisa em setembro de 2023, mas sem data para lançamento oficial no Brasil. Ademais, também é administrado uma vez na semana, com doses de 5 mg, 10 mg até chegar a 15 mg.

Pandemia de obesidade

A médica explica que, assim como a diabetes, a obesidade é uma doença crônica, multifatorial e complexa. Existem diversos fatores relacionados ao sobrepeso e, por isso, é fundamental que o paciente faça uma avaliação com profissional da saúde, embasada em exames laboratoriais.

Ela comenta que “a obesidade é uma patologia e infelizmente a maioria das pessoas sofrem não somente por conta das demais doenças que ela pode acarretar, como hipertensão, a própria diabetes etc, mas também em função de preconceito, especialmente as mulheres. Há, por exemplo, muitos pacientes que recorrem ao médico após passarem por situações humilhantes no trabalho, na academia, dentro de casa, na loja de roupas e até em consultórios médicos. O que está diretamente relacionado à falta de informação e conscientização da população”, indaga a Dra. Elaine.

Além disso, a endocrinologista ressalta que, além da genética, tanto a diabetes quanto a obesidade estão ligadas a compulsão alimentar e ansiedade. Por isso, é extremamente importante tratar o paciente para que ele tenha saúde e qualidade de vida, aliando tratamentos endocrinológicos com acompanhamento nutricional, psicológico e tecnologias que proporcionam bem-estar.

Desse modo, a obesidade, em si, reflete em diversos outros sistemas do corpo. Atinge, por exemplo, coração, fígado, rins, articulações e sistema reprodutivo. “Ela é capaz de provocar uma série de doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs), como a própria diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares, hipertensão, acidente vascular cerebral e várias formas de câncer, bem como problemas de saúde mental”, explica a Dra. Elaine.

Fonte: Dra. Elaine Dias JK, PhD em endocrinologia pela USP e metabologista. É membro ativo da Sociedade Brasileira de Endocrinologia.

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