Dia da Mentira: como identificar a mitomania (compulsão em mentir)?
Momento de sinceridade: quem nunca mentiu alguma vez na vida, não é mesmo? A verdade é que esse ato faz parte da natureza humana e até pode ser a melhor escolha em momentos mais delicados (para não ferir ou magoar alguém, por exemplo). A questão se torna um problema quando a pessoa não consegue mais interagir com outras sem utilizar esse mecanismo, o que recebe o nome de mitomania. Por isso, no Dia da Mentira, veja como identificar um mentiroso compulsivo:
Por que mentimos?
De acordo com a psicóloga Marilene Kehdi, mentir de vez em quando é considerado normal. E os motivos podem ser variados:
- Necessidade de atenção;
- Forma de autoproteção;
- Receio de ser criticado;
- Receio de criticar ou constranger o outro;
- Incapacidade de lidar com algum problema;
- Inseguranças, medos e ansiedades;
- Infelicidade;
- Vontade de ser valorizado;
- Baixa autoestima;
- Por fim, para obter algum ganho.
“Há também aquele que mente pela sensação de prazer e poder. Mas vale lembrar que a mentira é um comportamento aprendido — isto é, se o indivíduo cresceu em um ambiente onde isso é considerado normal, ela também vai fazer”, complementa a especialista. E não importa a idade: se o mentiroso sempre obtém benefícios com as suas mentiras, ele provavelmente vai continuar com o hábito.
Mitomania (mentiroso compulsivo)
Mas quando a questão deixa de ser saudável? Marilene Kehdi explica que o sinal de alerta está na frequência das mentiras. “Trata-se de um distúrbio psicológico denominado mitomania, ou então mentira patológica.”
O transtorno pode acontecer isoladamente, mas com frequência ele aparece junto a outros problemas, como transtorno borderline, transtorno de personalidade antissocial, narcisismo e psicopatias. Não raro, o vício em mentiras vem acompanhado de outras compulsões — por beber, comer, comprar, usar drogas ilícitas…
“Isso vai afetar todos os relacionamentos que a pessoa tiver, pois muitos se afastam quando percebem as mentiras”, diz a psicóloga. Por isso, o diagnóstico adequado é essencial. “Nem todo mundo consegue reconhecer o problema e buscar ajuda, e só pede auxílio quando os prejuízos sociais foram muito grandes”, alerta.
Já o tratamento pode ser psicológico, com terapia comportamental, ou também médico, com a utilização de medicamentos prescritos pelo psiquiatra.
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Como identificar um mentiroso compulsivo
Contudo, antes de julgar, o melhor a fazer é oferecer apoio. “Muitas vezes, a pessoa nem tem motivos para mentir, mas não consegue parar e nem controlar o comportamento sozinha”, explica a profissional. Por isso, fique atento aos sinais:
- Excesso de felicidade ou tragédia nas histórias contadas;
- A pessoa é sempre vítima ou herói nessas histórias;
- Tem respostas muito elaboradas para perguntas simples;
- Elabora diversas versões para o mesmo acontecimento;
- As histórias são sempre extremas e fantasiosas.
Fonte: Marilene Kehdi, psicóloga e especialista em atendimento clínico.