Especialista esclarece se melatonina realmente ajuda a emagrecer
Você dorme com facilidade e nos horários certos? Pois saiba que a responsável por esse reloginho biológico de dar inveja se chama melatonina. Produzida pela glândula pineal, localizada em nosso cérebro, o hormônio ajuda na indução ao sono. Sua forma sintética foi liberada para comercialização pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em outubro de 2021, e muita gente já está de olho em outros potenciais benefícios da substância: afinal, tomar melatonina emagrece?
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Como funciona a melatonina?
Naturalmente produzida no cérebro (especificamente na glândula pineal) a partir do triptofano e da vitamina B3, ela tem como principal função sincronizar o ritmo circadiano e regular o relógio biológico, sinalizando para o organismo que está chegando a hora de ir deitar.
Dessa forma, a falta de produção da melatonina pode ser consideravelmente prejudicial para o organismo. Isso porque pode fazer com que a pessoa permaneça acordada quando deveria dormir (noite), ou que tenha sonolência quando deveria estar acordada (dia). “Algumas pesquisas indicam ainda que a redução dessa substância, além de atrapalhar o sistema imunológico do indivíduo, também pode desequilibrar o metabolismo”, diz a endocrinologista Dra Mariana Carvalho de Oliveira.
Além de ser um hormônio que regula o sono e melhora a sua qualidade, a melatonina tem outra função igualmente importante. Ela atua na reparação das células durante o descanso, principalmente as que são expostas a estresse, poluição e outros fatores que colaboram para o envelhecimento precoce. Dessa forma, a melatonina é um hormônio com poderes antioxidantes.
A endocrinologista comenta que, assim como a perda de massa muscular e óssea, a queda da produção de melatonina é um processo natural da idade, se iniciando a partir dos 30 anos, com uma redução significativa a partir dos 60. Porém, um dos fatores que mais influenciam essa redução é a exposição à luz azul durante a noite.
Dra Mariana explica que a “luz azul” é proveniente de aparelhos eletrônicos como celular, tablet, computador e TV. E até exposições mínimas podem bloquear o hormônio. “Os sinais luminosos entram pela retina e confundem o corpo, fazendo-o pensar que é dia e bloqueando a produção da melatonina. Existem ainda outras situações que podem interferir na sua produção, como: diabetes descompensado, uso de certos medicamentos (como os betabloqueadores) ou AVC.”
Suplementar a melatonina emagrece?
Para quem deseja saber se melatonina realmente emagrece, a endocrinologista Dra Mariana Carvalho de Oliveira explica que além de ser este “marcador de claro e escuro”, alguns estudos já demonstram que o hormônio pode auxiliar no funcionamento do metabolismo, no controle alimentar e até no gasto energético, além de proteger contra doenças cardiovasculares.
Contudo, ela também ressalta: ainda não existe recomendação de uso de melatonina para fins exclusivos de emagrecimento. Isso porque são necessárias mais pesquisas a respeito do assunto. Além disso, “a suplementação exagerada e sem supervisão pode agravar problemas de saúde preexistentes e até mesmo bagunçar a fisiologia do ritmo circadiano diário.”
Segundo a especialista, ter um sono de qualidade durante a noite é fundamental para um metabolismo saudável. E isso tem bastante relação com a melatonina. “Portanto, problemas de insônia ou quaisquer outros sintomas que indiquem uma falta de melatonina no organismo devem ser tratados junto a um profissional especializado, além de associado às medidas de higiene do sono”, orienta a Dra Mariana.
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Fonte: Dra Mariana Carvalho de Oliveira, médica endocrinologista no Hospital Estadual de Américo Brasiliense (HEAB); e professora e preceptora do curso de Medicina da Universidade de Araraquara (UNIARA).