Medicina integrativa: o que é, benefícios e para que serve
Tratar o corpo como um todo. Esse é o objetivo da medicina integrativa, uma abordagem que combina práticas tradicionais com terapias complementares. Em busca do bem-estar geral, todas as influências que afetam a saúde de uma pessoa são consideradas: aspectos físicos, emocionais, mentais, sociais, espirituais e ambientais. Entenda mais sobre a prática.
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O que é a medicina integrativa?
De acordo com Carlos Alberto Stipp, cardiologista, a medicina integrativa surgiu nos Estados Unidos na década de 1960. Era, então, fruto da insatisfação dos usuários do sistema de saúde e do desencantamento pelo modelo médico da época. Já nos anos 1990, diferentes universidades americanas se reuniram para criar um processo científico para entender melhor essas práticas que hoje chamamos de medicina integrativa (MI).
Assim, a ideia é cuidar de cada pessoa por completo e não focar apenas em um único problema. Para isso, é fundamental também que exista uma parceria entre médico e paciente – que deve agir como ator principal de sua saúde.
“Na medicina integrativa, o paciente está no centro das atenções e das decisões. Ele é um aliado de seus terapeutas. Essa prática amplia o conceito de cuidar, integrando a medicina convencional às terapias complementares, nunca competindo ou negando sua eficácia”, afirma o cardiologista.
Doenças tratadas pela medicina integrativa
A prática pode ser utilizada, principalmente, para tratar as seguintes doenças:
- Depressão;
- Ansiedade;
- Enxaqueca;
- Fibromialgia;
- Insônia;
- Asma;
- Câncer;
- Doenças autoimunes;
- Fagida crônica;
- Menopausa;
- Problemas menstruais;
- Pressão alta.
Medicina integrativa e medicina tradicional: qual é a diferença?
Segundo a Dra. Márcia Umbelino, especialista em medicina ortomolecular, preventiva e saúde integrativa, a medicina tradicional olha o paciente em partes, enquanto a medicina integrativa visa cuidar da pessoa como um todo: corpo, mente e espírito.
Assim, a medicina tradicional aborda a patologia de maneira mais simples, muitas vezes generalizando o caso. Enquanto na integrativa, cada paciente é cuidado de forma individualizada, levando em consideração todos os aspectos que poderiam influenciar nas reações daquele organismo.
“Nessa técnica, a doença não é mais o foco, e sim o paciente em sua totalidade. Dessa forma, ele pode se prevenir de enfermidades e tratar seu problema de forma muito mais abrangente”, acrescenta Umbelino.
Mas é importante ressaltar que a medicina integrativa não substitui outros tipos de tratamento convencionais. Portanto, eles devem ser feitos em conjunto.
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Como funciona a medicina integrativa
O diferencial da medicina integrativa está no fato de que não é voltada apenas para a doença, seu gerenciamento ou reabilitação, mas se concentra também na prevenção e promoção da saúde. “Nós podemos atuar reconhecendo e identificando estratégias para que as pessoas permaneçam saudáveis e com a melhor qualidade de vida possível.”
Para isso, ela reúne profissionais de diferentes áreas e formações. Entre elas, temos técnicas de respiração, meditação e uso de fitoterápicos. A escolha da melhor combinação de métodos é feita após uma consulta inicial, isto é, a anamnese. Essa avaliação é bastante criteriosa e leva em consideração o histórico do paciente, bem como exames físicos.
A partir daí, o médico pode montar seu raciocínio diagnóstico e traçar um plano terapêutico. “Ele então apresenta ao paciente a possibilidade de fazer alguma das práticas integrativas disponíveis, sempre perguntando se isso faz sentido para ele e se é de seu desejo. Havendo concordância do paciente, toma-se uma decisão compartilhada sobre a melhor escolha da terapia complementar”, esclarece Carlos.
Medicina integrativa no Brasil
No Brasil, a prática ainda não é reconhecida como especialidade médica, mas é encarada como um modelo de saúde desde 2006. Apesar disso, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece opções como acupuntura e homeopatia, por exemplo, em todas as capitais e mais da metade dos municípios.
De acordo com o DATASUS, entre 2017 e 2019, o número de práticas integrativas realizadas no país aumentou em 324%.
Benefícios e resultados positivos
Os principais benefícios dessa prática vêm do tratamento integral do paciente. Ou seja, ele é atendido como um ser único, contrariando a imagem fragmentada liderada pela medicina convencional. “Com a abordagem holística (palavra grega que significa inteiro ou todo), entendemos mais profundamente a pessoa, facilitando a conexão necessária para se estabelecer uma ótima relação médico-paciente”, diz Carlos.
Ainda segundo o cardiologista, essa é a base para uma conduta médica de sucesso, além de gerar autonomia e empoderamento do paciente. “Só assim ele pode modificar seu estilo de vida e estabelecer medidas que promovam mais autocuidado.”
Principais terapias integrativas
Conheça um pouco mais sobre as terapias complementares mais utilizadas.
Yoga
Uma prática tradicional originada na Índia, o Yoga consiste em uma série de posturas físicas e também se concentra na respiração, bem como na atenção e na consciência interior. A metodologia tornou-se mais do que um tipo de exercício, é também um estilo de vida.
O fato de envolver técnicas de respiração, meditação e relaxamento são fatores-chave para garantir uma melhor qualidade de vida para quem luta contra esses sintomas.
Além disso, é uma ótima maneira de aumentar a flexibilidade. Um relatório publicado no Asian Journal of Sports Medicine explicou o resultado de um estudo com 66 idosos participantes para praticar yoga ou calistenia. Depois de um ano praticando 15 a 30 minutos de exercício, a flexibilidade total do grupo de Yoga aumentou quase quatro vezes o outro.
Meditação
Essa prática busca conectar a mente e o corpo. Assim, deve ser feita em um local tranquilo e confortável, que estimule a atenção plena em uma âncora (mantra, respiração, sons, escaneamento corporal). Dessa forma, os pensamentos ficam livres para ir e vir, sem julgamento, permitindo uma limpeza da mente. É comprovadamente eficaz no controle de diversas alterações como ansiedade, depressão, insônia e síndrome do intestino irritado.
Tai chi chuan
O Tai chi chuan é uma arte marcial chinesa que tem o objetivo de ajudar no relaxamento dos músculos, visando a agilidade. Assim, é considerado por muitos como uma arte de meditar em movimento.
Dessa maneira, a prática é uma ótima opção para relaxar e alcançar o equilíbrio. Além disso, um estudo publicado recentemente na revista especializada americana Clinical Interventions in Aging descobriu que essa atividade física também pode reduzir os riscos de demência.
Acupuntura
Uma técnica milenar descoberta pela Medicina Tradicional Chinesa, que consiste na aplicação de agulhas em partes específicas do corpo. Assim, esse processo estimula os chamados “acupontos”, despertando canais de energia e promovendo equilíbrio e saúde.
Em cada consulta, antes da aplicação das agulhas, é essencial que o profissional faça uma avaliação do paciente. Além de checar como anda a saúde de forma geral, é realizada uma inspeção da língua e do pulso. Desse modo, é possível elaborar um diagnóstico energético, imprescindível para obter os melhores resultados. Após essa avaliação inicial, um plano de tratamento é traçado, selecionando os pontos de acupuntura, e só então a pessoa recebe as agulhas, que permanecem no corpo do paciente de 20 a 30 minutos.
Quiropraxia
A quiropraxia é uma técnica que previne e trata articulações, tendões, músculos e vértebras, bem como os efeitos na saúde. Trata-se de um manuseio no corpo do paciente ajustando e alinhando as estruturas.
As manobras que corrigem a postura e os desequilíbrios acontecem com o paciente na maca ou em um tatame. Duram em média 15 a 30 minutos, e custam entre R$ 100 e R$ 300. O estalo, ou cavitação, é a principal características das sessões, mas não é obrigatório. O barulho é uma reação normal da articulação. O líquido sinovial que fica dentro da cápsula articular serve para lubrificar as articulações.
Como é composto por gases oxigênio, nitrogênio e dióxido de carbono, pode formar bolhas que geram o ruído ao estourarem. O estalo não é prejudicial e nem faz mal ao organismo.
Fontes
- Carlos Alberto Stipp, cardiologista e membro da Sociedade Brasileira de Cardiologia, fundador e diretor da Vitall Centro de medicina Integrativa, do Rio de Janeiro.
- Márcia Umbelino, especialista em medicina ortomolecular, preventiva e saúde integrativa