Mamalgesia: o que é e como colocar a técnica em prática?
A mamalgesia consiste na orientação do aleitamento antes, durante e após a vacinação, cujo efeito é reduzir a dor e acalmar os bebês. Dessa maneira, a recomendação é feita pela OMS (Organização Mundial de Saúde), pela Sociedade Brasileira e pelo Ministério da Saúde.
Qual o passo a passo da mamalgesia?
Apesar de ser uma prática já conhecida por algumas mães e profissionais, ainda não é todo mundo que possui conhecimento sobre a mamalgesia.
De acordo com a Dra. Ana Luiza Velloso da Paz Matos, especialista em Pediatria, Neonatologia e Aleitamento Materno,, é importante que tanto o profissional quanto a mãe estejam seguros para o procedimento, mesmo que envolva poucas mudanças no momento da vacinação.
Assim, a especialista indica o passo a passo dessa prática. Confira a seguir:
- A mãe deve segurar firme o bebê;
- Em seguida, é preciso verificar se o neném está bem próximo do corpo da mãe, em contato pele a pele, e sugando efetivamente;
- Para ter maiores efeitos, a amamentação pode ser iniciada 2 a 5 minutos antes da aplicação da injeção;
- A mãe deve continuar amamentando enquanto a injeção é aplicada e, se possível, manter o bebê no peito após a aplicação da vacina até ele ficar tranquilo.
Sendo assim, a nossa médica consultada confirma que a mamalgesia pode ser realizada antes, durante o procedimento e após, mantendo o bebê durante alguns minutos após a última injeção estar completa.
Recomendações e cuidados sobre a mamalgesia
A especialista em aleitamento materno recomenda alguns cuidados que devem ser tomados antes, durante e após essa prática. Veja abaixo:
- Os profissionais de saúde que aplicam as vacinas devem estar informados sobre a mamalgesia e ter uma atitude cooperativa em relação à amamentação no momento da vacinação, permitindo e incentivando a prática.
- É preciso considerar a idade do lactente para colocar a mãe e o bebê em uma posição confortável, preferencialmente no colo de suas mães.
- No caso de múltiplas vacinas, deve-se aplicar sempre primeiro a que causa menos dor e por último a mais dolorosa.
- É um direito da mãe/pai e bebê, ter a pessoa mais próxima sempre presente durante e depois da vacinação.
- Ainda existem alguns lugares que ainda não permitem a prática, por desconhecerem os benefícios, porém é direito da mãe e dos bebês. Portanto, avise sobre seu direito à mamalgesia.
“A mamãe pode exigir realizar a mamalgesia na hora de vacinar seu filho”, afirma a Dra. Ana Luiza Velloso.
Benefícios de amamentar no momento da vacinação
Segundo a especialista consultada, a amamentação aumenta a segurança da mãe e diminui a sua ansiedade.
“No leite materno há uma substância química chamada endorfina, que ajuda a diminuir a dor. A sucção ainda tem efeito analgésico e reforça a eficiência das vacinas”, esclarece a médica membro do Departamento Científico de Aleitamento Materno da SBP.
Podemos citar ainda outros benefícios que comprovam a eficácia da amamentação durante as injeções nos bebês. Assim, são eles:
- Não faz a dor desaparecer, mas ameniza o desconforto para o bebê;
- A saciedade reduz a angústia do recém-nascido;
- O contato pele-a-pele diminui a percepção de dor nos nenéns;
- A endorfina presente no leite materno é liberada durante a amamentação e ajuda a suprimir a dor do bebê;
- O cheiro e o gosto do leite materno acalmam e confortam os recém-nascidos;
- O ato da sucção transmite uma satisfação neural com sensação de prazer e tranquilidade.
Cuidados com a vacinação dos bebês e aleitamento
Para realizar a mamalgesia, as mamães precisam prestar alguns cuidados com a vacinação dos seus filhos.
A especialista lembra que não é possível adiar as datas do calendário de vacinação, a não ser por recomendação médica.
Portanto, procure seguir o calendário de vacinações para os recém-nascidos tomar todas as injeções recomendadas pela OMS.
Além disso, as mães também precisam prestar atenção ao aleitamento materno. Segundo a Dra. Ana Luiza Velloso da Paz Matos, é preciso manter o aleitamento exclusivo sob livre demanda até o 6º mês de vida e complementado após introdução de novos alimentos até os 2 anos ou mais.
“O leite materno ‘funciona’ reforçando o efeito das vacinas. Não devemos nos preocupar apenas com a Covid-19 e ‘relaxar’ a vacinação para outras doenças infecciosas”, lembra a médica.
Existe alguma contraindicação?
A médica especialista lembra que a recomendação da mamalgesia é para vacinas injetáveis e orais: “o paladar, a sucção e o contato pele-a-pele tem ação confortável e analgésica para os bebês”, complementa.
Por isso, ainda não existem contraindicações, então as mamães podem amamentar seus bebês antes, durante e após as injeções, sempre que desejar.
No entanto, a realização dessa prática não deve ser tratada como regra, mas como opção de cada mãe, que se sinta confortável e decida amamentar enquanto vacina o seu filho.
Fonte: Dra. Ana Luiza Velloso da Paz Matos, especialista em Pediatria, Neonatologia e Aleitamento Materno, além de membro do Departamento Científico de Aleitamento Materno da Sociedade Brasileira de Pediatria.