“Lambeijos” trazem riscos para a saúde dos tutores?
Ao compartilhar momentos de carinho com o pet, muitas vezes acontecem os famosos “lambeijos”, que é quando o animal acaba lambendo a boca ou o rosto do tutor. Mesmo que seja uma demonstração de afeto, essa prática não é tão inofensiva quanto parece e pode trazer riscos para a saúde dos animais e dos donos.
Um estudo realizado pela Universidade de Lisboa, de Portugal e do Royal Veterinary College, do Reino Unido, mostrou que cães e gatos, mesmo que saudáveis, podem transmitir bactérias resistentes a antibióticos para humanos. Essa transmissão acontece pelas fezes e também pelos “lambeijos”.
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Riscos dos “lambeijos”
Rosane Costa, médica veterinária do Guiavet, conta que os pets, especialmente os cães, costumam cheirar fezes e até lamber os órgãos genitais deles e de outros cães. Sendo assim, já se tem uma noção de que o focinho e a boca dos animais são cheios de bactérias, vírus e outros micro-organismos.
“Doenças como raiva, meningite, salmonelose, infecções no trato gastrointestinal, infestação de vermes e até septicemia (infecção generalizada) podem ser causadas pelos ‘lambeijos’, principalmente quando entram em contato com mucosas (boca, olhos, nariz) e feridas na pele”, diz.
É claro que nessa troca, as bactérias humanas também podem ser nocivas aos animais. Costa conta que existem cerca de 600 espécies de bactérias diferentes na boca do ser humano. Assim, bactérias desconhecidas ao organismo dos animais podem causar problemas de saúde.
“Entretanto, bactérias como Streptococcus pneumoniae, Streptococcus pyogenes e Escherichia coli estão presentes nos cães e na saliva humana. Quando o cão entra em contato com a nossa saliva, essas bactérias podem invadir o organismo deles. Causando, assim, um desequilíbrio nas populações bacterianas e ainda levando a problemas gastrointestinais, respiratórios e urinários”, afirma a veterinária.
Cuidados
É uma demonstração de carinho, contudo, Costa explica que o maior cuidado que as pessoas precisam ter é não permitir que a prática seja feita em mucosas (boca, olhos, nariz) e também em feridas. Além disso, ela conta que é preciso evitar o excesso de lambidas. Isso pode acabar incentivando o hábito e também sinalizar a ansiedade do animal.
“Se for um costume, você precisa desencorajar o comportamento. Se afastando, falando ‘não’ com firmeza e até fazendo algum comando de adestramento para o pet obedecer. Ao parar com os ‘lambeijos’, você pode fazer carinho, demonstrando que é esse comportamento que você quer dele. Se for uma forma de aliviar a ansiedade, é bom observar se o cachorro não está lambendo as patas, por exemplo, que podem causar dermatites. A ajuda de adestradores e veterinários pode ser necessária”, conta Costa.
Por fim, a veterinária ressalta a importância de aplicar vacinas e realizar vermifugação, escovação dos dentes com frequência e consultas periódicas com o médico veterinário. Tudo isso irá contribuir para que o pet tenha uma vida mais saudável — e os tutores também!
Fonte: Rosane Costa, consultora veterinária do Guiavet.