‘Jet lag’ social: sono insuficiente é doença e consta na lista da OMS
Para milhões de pessoas, dormir pouco e mal faz parte da correria do mundo moderno. Há um certo costume em viver o chamado “jet lag” social, como se o problema fosse apenas uma questão de adaptação aos horários. No entanto, o que a maioria da população não sabe é que esse desajuste é uma doença que consta da lista da Organização Mundial da Saúde (OMS): é a Síndrome do Sono Insuficiente.
O que é “jet lag” social?
A doença é caracterizada quando o paciente dorme menos do que o necessário como uma “privação crônica”, o que o impede, assim, de atingir o sono reparador. Pelas características da sociedade e das necessidades profissionais, esse fenômeno afeta uma grande parcela da população. Isso porque muitos precisam se levantar muito cedo e dormir muito tarde.
“São pessoas que sofrem de uma privação crônica que é extremamente nociva para a saúde”, diz a médica especialista em sono Maíra Honorato, do Hospital Israelita Albert Einstein.
Estima-se que um a cada 3 americanos não consiga repousar o suficiente. Tal número representa entre 50 e 70 milhões de pessoas com problemas crônicos para dormir nos Estados Unidos. No Brasil, pesquisas apontam que quase metade da população tem dificuldades de sono.
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Muito mais do que descanso
Dormir significa mais do que descansar. “Se o sono não tivesse uma função extremamente importante para processos vitais, ele não teria sentido evolutivo”, lembra a especialista. Então, ele é responsável por restaurar todas as funções físicas e cognitivas do ser humano.
Ao dormir, a pessoa passa por uma queda da frequência cardíaca e da pressão arterial. Também acontece a liberação de hormônios envolvidos na reparação celular, no controle da fome e do sistema imunológico. Além disso, ocorrem, ainda, outros processos que só acontecem à noite, quando o cérebro vivencia todas as etapas do sono.
Há uma verdadeira faxina cerebral com a eliminação de resíduos metabólicos. O chamado sistema glinfático entra em cena e aumenta o fluxo do líquido cefalorraquidiano, que faz essa drenagem.
Estudos feitos principalmente com cobaias mostraram que indivíduos privados de sono têm mais elementos inflamatórios relacionados ao Alzheimer: “Quando eles [elementos] se acumulam ao longo do tempo, comprometem a plasticidade cerebral contribuindo para a degeneração”, explica a médica Maíra Honorato.
Não à toa, menos tempo de descanso à noite aumenta o risco de problemas físicos e mentais, incluindo, por exemplo, doenças crônicas cardiovasculares, diabetes, obesidade, depressão, além de problemas de atenção e memória.
Fonte: Agência Einstein