Jejum intermitente pode baixar a imunidade?
Um dos métodos aliados do emagrecimento e hábitos de alimentação saudável mais comentados dos últimos tempos, o jejum intermitente vem ganhando cada vez mais seguidores. Porém, em tempos de coronavírus, muito tem se questionado se a prática é segura para o organismo com um vírus tão comprometedor à solta. Mas, será que o jejum intermitente pode baixar a imunidade?
Antes de responder à pergunta, é preciso entender melhor como a metodologia funciona. Normalmente, são indicadas entre 10 a 24 horas de jejum, que pode ser feito diariamente ou somente em alguns dias da semana. Os períodos em que a alimentação é permitida são chamados de janelas de alimentação.
O que diz a ciência
Fazer jejum causa diferentes efeitos ao organismo que, privado de seu combustível mais essencial, a comida, lança mão de diversos mecanismos para driblar a falta de energia. Porém, a necessidade de questionar se o jejum intermitente pode baixar a imunidade e comprometer a saúde fica evidente, pois muitos defendem que deixar o corpo sem combustível pode não ser uma tática benéfica.
Assim, cada vez mais estudos têm se voltado para a possível capacidade de o jejum intermitente “renovar” o sistema imunológico, o que pode ser útil para quem tem problemas de imunidade.
A análise mais recente divulgada este ano, feita pela University of Southern California, nos Estados Unidos, reuniu um grupo de participantes e pediu para que eles, inicialmente, realizassem um jejum de 2 a 4 dias ao longo de um período de 6 meses.
Durante esse tempo, os voluntários apresentaram diminuição significativa na produção da enzima PKA, hormônio que tem sido associado a um risco aumentado de câncer e crescimento tumoral. Além disso, o sistema imunológico dos participantes pareceu ter sido completamente regenerado.
A pesquisa mostrou ainda que o jejum desencadeou uma mudança no organismo dos participantes, já que foi forçado a usar suas reservas de glicose, gordura e cetonas, e também a destruir uma grande quantidade de glóbulos brancos, o que, por sua vez, acionou o sistema imunológico para começar a produzir novos glóbulos brancos.
Os glóbulos brancos (ou linfócitos) são um componente essencial do sistema imunológico. Depois que você começa a comer novamente, de acordo com o estudo, suas células-tronco voltam a funcionar em alta velocidade para reabastecer as células que foram recicladas.
Jejum intermitente x imunidade
De acordo com a nutricionista Patricia Davidson, do Rio de Janeiro, durante o período de restrição alimentar, as células do corpo se adaptam e adotam um modo de resistência a esse estresse de ficar sem comer. Assim, várias são as funções que ficam ativas e outras reduzidas. Mas, o que acontece que pode ajudar a imunidade durante o jejum?
“Basicamente, o aumento de defesa antioxidante e do reparo do DNA. Ou seja, a capacidade de fazer as células do corpo excluírem componentes que não servem mais e se recompor de maneira saudável”, explica a especialista em seu último vídeo no IGTV. “Assim, o organismo quebra as células danificadas e faz uma reciclagem delas para se transformarem em células reparadas e saudáveis. Com isso, tais renovações melhoram a performance física e mental, aumentando a resistência a doenças, ou seja, aumenta a imunidade”.
Como jejuar com segurança a favor da imunidade
Se você está interessado em jejum intermitente, a melhor maneira de começar é gradualmente. Portanto, quem gostaria de tentar jejuar 16 horas por dia, por exemplo, pode começar jejuando por 10 horas. E, supondo que se sinta bem, ir aumentando lentamente o tempo de jejum a cada poucos dias até atingir 16.
Mas, a nutricionista pontua que, para proteger a imunidade, é preciso seguir regrinhas fundamentais. “A primeira é comer corretamente na janela de nutrição. Nos períodos em que a alimentação é permitida, é importante consumir alimentos que aumentem a saciedade e reponham os nutrientes. Por fim, não se aproveitar que terá poucas horas para comer e não priorizar alimentos de verdade”.
Embora os possíveis benefícios do jejum pareçam ser significativos para a saúde, médicos alertam para a necessidade de mais estudo sobre o tema antes que o procedimento seja encarado como uma opção definitiva.
E lembre-se: antes de adotar uma dieta ou hábito desse tipo, é fundamental conversar com um médico e/ou nutricionista.
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