Casos de Influenza A em crianças aumentam com baixa vacinação

Saúde
13 de Outubro, 2022
Casos de Influenza A em crianças aumentam com baixa vacinação

Apesar da prorrogação da campanha nacional de vacinação contra a gripe e da liberação das doses para pessoas de qualquer idade, o Brasil não conseguiu atingir as metas de imunização do público-alvo contra o vírus influenza. Inclusive, nem mesmo entre os pequenos de seis meses a 5 anos. O resultado é o aumento da demanda por atendimentos relacionados a Influenza A em crianças nos prontos-socorros.

Dados do Painel Influenza, atualizados diariamente pelo Ministério da Saúde, apontam que apenas 67,6% das crianças entre 6 meses e 5 anos foram imunizadas contra influenza em 2022 — a meta é vacinar em torno de 95%.

Já no estado de São Paulo, por exemplo, a demanda nos hospitais infantis de referência (Darcy Vargas e Cândido Fontoura) aumentou cerca de 20% nos últimos 30 dias. Os dados são da Secretaria de Estado da Saúde, que também informou que a cobertura da vacinação para o público infantil está em 65,6%. Entre janeiro e setembro deste ano, no estado, notificaram-se 690 casos de SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave) por influenza em crianças de até 11 anos.

O Rio de Janeiro não vacinou nem metade das crianças até 5 anos previstas (45,3%). Assim, ele ficou atrás apenas do Acre (34,9%) e Roraima (31,8%), todos com índices baixíssimos.

Influenza A em crianças: resultado do vírus sem sazonalidade

Dessa forma, uma das possíveis explicações para os surtos de influenza que estão acontecendo em São Paulo é que a circulação do vírus não segue mais a sazonalidade que estávamos acostumados antes da pandemia. Com o isolamento social, uso de máscaras e outras medidas de prevenção, a circulação do vírus influenza e de outros vírus respiratórios caiu consideravelmente. No entanto, com a volta da normalidade e fim das medidas de proteção, outros vírus respiratórios voltaram a circular, causando novos surtos.

Segundo dados do boletim InfoGripe, divulgado pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) referentes ao período até o mês de setembro, há uma tendência de estabilidade de circulação dos vírus respiratórios no país. No entanto, há aumento de casos de influenza A em São Paulo e no Distrito Federal, o que pode impactar outros estados. Em São Paulo, o relatório destaca o crescimento de casos apenas entre crianças e adolescentes.

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Afinal, o que dizem os especialistas?

“Aquela sazonalidade de circulação da influenza caiu por terra pós-covid. Os vírus estão se reorganizando e, por enquanto, não temos mais como ter um pico de circulação previsível”, afirmou o pediatra Linus Pauling Fascina, gerente médico do Departamento de Maternidade e Pediatria do Hospital Israelita Albert Einstein.

O pediatra Juarez Cunha, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), concorda com Fascina. Ele lembrou do surto inesperado de influenza em dezembro do ano passado, que ocorreu devido a uma cepa do vírus que nem estava na composição da vacina. Isso, por sua vez, disparou procura por atendimento nos hospitais.

“Historicamente, a sazonalidade de circulação do vírus influenza era similar todos os anos. Por isso, a campanha de vacinação sempre ocorreu no outono para nos proteger no inverno. Mas, desde que começou a pandemia, isso mudou. Agora vemos aumento de casos de influenza de novo em pleno mês de outubro. Ainda estamos aprendendo a lidar com o rearranjo de circulação dos vírus e a única forma de nos protegermos é tomando a vacina”, afirmou.

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Recomendações importantes!

Fascina também reforça a importância da vacinação contra a gripe para as crianças de todas as faixas etárias. Assim, apesar delas normalmente evoluírem bem quando estão gripadas, há casos que podem ser mais agressivos e exigir cuidados intensos e até internação.

“A maior parte das crianças evolui para um quadro de melhora. Mas estamos vivendo um novo surto de influenza e as crianças com menos de 5 anos, assim como os idosos, são mais suscetíveis a complicações porque têm o sistema imunológico mais frágil”, destaca.

Dessa forma, a mensagem dos especialistas é que os pais não atualizem a caderneta de vacinação dos seus filhos apenas quando estão em uma situação preocupante. “A vacina contra o vírus influenza está disponível na rede pública, é segura, é eficaz, é recomendada. A campanha contra a gripe começou no final do mês de abril, foi prorrogada até final de junho, foi aberta para qualquer pessoa e mesmo assim não atingimos a meta. Não esperem alguma coisa acontecer para atualizar a caderneta das crianças”, finalizou Cunha.

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