Identificação da dieta humana: USP participa de grupo que amplia análise
Estudo de grupo internacional melhora a capacidade de identificação da dieta humana através de análises de plasma sanguíneo ou amostras de fezes. A pesquisa deu origem ao artigo Enhancing untargeted metabolomics using metadata-based source annotation, publicado recentemente na revista científica Nature Biotechnology e teve a participação de pesquisadores da USP e do professor Juliano Amaral, da Universidade Federal da Bahia, coordenados pelo professor Norberto Peporine Lopes, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP) da USP.
De acordo com Lopes, os resultados ampliaram a base de dados do metaboloma humano. Ou seja, a identificação das substâncias orgânicas conhecidas e provenientes de fontes animais e vegetais. “Conhecemos apenas 10% desse universo e um esforço internacional foi realizado para tentarmos identificar as substâncias provenientes de nossa dieta e que não eram ainda relatadas”, explica Lopes.
O grupo internacional de metabolômica não direcionada, coordenado por Pieter Dorrestein, PhD, diretor do Collaborative Mass Spectrometry Innovation Center at Skaggs School of Pharmacy and Pharmaceutical Sciences da Universidade da Califórnia, em San Diego, combinou dados de espectrometria de massas (MS/MS) com dados da biblioteca de referência. “Ampliando o número de substâncias detectáveis e permitindo, assim, avaliar padrões alimentares a partir de dados não direcionados”, relata Lopes.
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Identificação da dieta humana: Qual é o impacto?
Como ainda não se conhece completamente a química do ser humano, Lopes acredita que o impacto do estudo para a sociedade é gigantesco. “Entender quais substâncias estão acumuladas, provenientes de nossa dieta, abre uma nova perspectiva de entendermos nossos biomarcadores. Ou seja, substâncias que indicam nosso estado no momento”, afirma.
O pesquisador diz que além de melhorar as análises nutricionais, o estudo permite ampliar a compreensão do que está sendo acumulado no organismo. Assim, é possível observar sinais importantes para o entendimento do metabolismo humano. “O estudo metabolômico permite entender como essas substâncias, normalmente pequenas substâncias que são produtos de decomposição de alimentos, drogas, produtos químicos e do próprio tecido humano, agem no organismo. O mais importante é expandirmos a capacidade de entender como o que comemos se traduz em produtos e subprodutos desse universo químico que tem implicação direta na saúde humana”, avalia Lopes.
Por fim, com o avanço na detecção dos metabólitos, será possível observar tendências em indivíduos que sofrem com algum tipo de doença. “Esse é o olhar do futuro. Conseguimos ampliar o universo, mas ainda falta muito o que entender. Por isso, a técnica de espectrometria de massas poderá auxiliar muito nesse desafio”, conclui Lopes.
Fonte: Jornal da USP