Homocisteína: o que é, quando fazer o exame e resultado

Saúde
20 de Dezembro, 2022
Livia Yume Tanizaki
Revisado por
Nutricionista • CRN-3 45492
Homocisteína: o que é, quando fazer o exame e resultado

Há algum tempo, a homocisteína tem sido relacionada com problemas cardíacos. Mas o que isso significa? Quando é necessário realizar o exame de homocisteína? Quais os indicativos para homocisteína alta e baixa? Neste artigo, resolveremos todas essas dúvidas. Confira a seguir!

Leia mais: Adoçantes podem aumentar risco de doenças cardiovasculares, diz estudo

O que é homocisteína?

Primeiramente, precisamos explicar o que é homocisteína. Para nos ajudar, conversamos com o Dr. Nilton Carneiro, cardiologista do Hospital Santa Catarina.

Segundo o especialista, a homocisteína é um tipo de aminoácido. Chamado de intermediário, suas partículas formam as proteínas“A homocisteína é um aminoácido intermediário, formado para a conversão da metionina na cisteína”, completa.

Portanto, esse aminoácido se forma no organismo devido à ingestão de proteínas. Além disso, quando está presente no plasma do sangue, está relacionada com o surgimento de doenças cardiovasculares.

O que é homocistinúria?

O cardiologista comenta que existe uma condição patológica chamada homocistinúria. “Ela é uma doença genética, ou seja, autossômica recessiva, caracterizada pela elevação da homocisteína no sangue e na urina”.

A homocistinúria é o excesso de homocisteína, ou seja, é uma doença causada por uma deficiência enzimática que impede o metabolismo correto do aminoácido, que então se acumula no organismo.

Portanto, a homocistinúria é um problema no metabolismo da homocisteína, uma doença autossômica recessiva em que a enzima cistationina-β-sintetase (CβS) está deficiente. 

Diagnóstico da homocistinúria

Segundo o médico, “o diagnóstico é feito, muitas vezes, logo na infância, com alteração neurológica, algum déficit cognitivo, alterações típicas de osteoporose, alterações oculares e aumento de chances de trombose, doença vascular e aterosclerose prematura”, conta.

Sendo assim, o diagnóstico é feito pela combinação entre esses sinais clínicos e a análise dos níveis dos aminoácidos homocisteína e metionina no plasma sanguíneo, apresentados no exame. 

Quando o exame de homocisteína é indicado?

Esse tipo de exame é solicitado pelo médico quando é preciso investigar o risco de doenças cardiovasculares. Isso porque com os resultados apresentados é possível verificar a quantidade elevada desse aminoácido na circulação sanguínea, indicando um risco maior de doenças cardiovasculares.

Essas doenças podem ser AVC, doença coronariana, trombose ou infarto cardíaco, já que seus níveis elevados podem causar alterações nos vasos sanguíneos. Além de ser indicado para a verificação de risco de doenças cardíacas, o exame também pode monitorar problemas relacionados com a tireoide e doenças renais.

Um médico capacitado irá analisar as alterações nos níveis circulantes desse aminoácido, além de solicitar outros exames de sangue para ajudar no diagnóstico.

Quais os valores normais de referência?

Existem alguns valores de referência que podem indicar qual o risco de doença cardiovascular do paciente. No entanto, esses valores podem variar de acordo com o laboratório. 

Geralmente, o nível é considerado normal quando o exame indica um valor de 5 e 15 µmol/L. Entenda os valores de referência que podem indicar algum risco de doença cardiovascular. São eles: 

  • Risco baixo de doença cardiovascular: entre 15 e 30 µmol/L;
  • Risco intermediário de doença cardiovascular: entre 30 e 100 µmol/L;
  • Risco elevado de doença cardiovascular: maior que 100 µmol/L.

O que significa homocisteína alta?

Conforme estudos do projeto Determinação dos Níveis de Homocisteína Plasmática na População de São Paulo, os níveis elevados de homocisteína aumentam em pelo menos 42% o risco de angina instável, um problema cardíaco que pode se repetir várias vezes.

Porém, de acordo com o Dr. Nilton Carneiro, alguma elevação é comum na população: “perto de 5% pode ter esse aumento, mas raramente deve realizar alguma coisa”, tranquiliza. 

No entanto, se tiver essas manifestações clínicas juntas, então o especialista informa que vale a pena realizar o exame. Afinal, o médico afirma que existem outras situações que podem aumentar a homocisteína também, como doenças malignas, doenças oncológicas, disfunção renal e alguns remédios.

Consequências da dosagem alta

Para entender as consequências da alta concentração de homocisteína no organismo, precisamos explicar que os coágulos sanguíneos se formam devido a altos níveis desse aminoácido.

Por sua vez, a alta concentração de homocisteína reprime ainda mais as passagens arteriais, consequentemente, diminuindo o fluxo sanguíneo. A falta de fluxo sanguíneo para o cérebro é uma das principais causas do acidente vascular cerebral, com a formação de coágulos sanguíneos no cérebro.

O que significa homocisteína baixa?

A homocisteína baixa que aparece no exame pode ter diferentes motivações, como a suplementação com vitamina B ou ácido fólico, especialmente na gravidez, já que essas substâncias diminuem a concentração de homocisteína no sangue.

No entanto, normalmente, os valores levemente abaixo do valor de referência não são preocupantes.

Porém, quando a causa da diminuição da homocisteína indicar a suplementação de vitamina B ou ácido fólico, por exemplo, o médico especialista pode recomendar a descontinuidade ou alteração da dosagem desses suplementos até que a concentração volte ao valor normal de referência.

Quando e como é feito o tratamento da homocisteína elevada?

Por fim, o cardiologista informa ser possível buscar tratamento com um especialista em doenças metabólicas e por um nutrólogo. 

“Apesar dessa taxa elevada de homocisteína estar associada às doenças cardiovasculares e trombóticas, os estudos não conseguem mostrar que ao reduzir a homocisteína, dando algumas vitaminas ou folato, por exemplo, nutrientes importantes para o nosso metabolismo, conseguirá diminuir a taxa de evento cardiovascular”, lembra.

Sendo assim, o Dr. Nilton Carneiro informa que existe uma forma de tratar e eventualmente reduzir alguns danos, exceto infartos e eventos cardiovasculares. 

Além disso, para cada caso de alteração dos níveis de homocisteína no sangue, o médico responsável poderá indicar a melhor forma de tratamento. 

Afinal, os níveis abaixo do valor de referência podem resultar na falha do sistema imunológico e de combate ao estresse oxidativo, podendo levar a morte das células e a efeitos tóxicos no organismo.

Fonte: Dr. Nilton Carneiro, cardiologista do Hospital Santa Catarina – Paulista.

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