Hipercalemia: por que o excesso de potássio pode ser perigoso

Saúde
03 de Maio, 2022
Hipercalemia: por que o excesso de potássio pode ser perigoso

O potássio, assim como o ferro, cálcio, magnésio, sódio, é um nutriente vital para a formação de células de todo o nosso corpo. Logo, sua deficiência ou excesso são prejudiciais e possuem diferentes reações. No caso da hipercalemia, que indica altos níveis do nutriente na corrente sanguínea, as consequências podem ser graves porque o problema é assintomático na maioria das vezes.

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Causas da hipercalemia

De acordo com Carlos Machado, clínico geral, nefrologista e especialista em medicina preventiva, a principal razão está relacionada a disfunções renais. “Os rins são responsáveis pela homeostase do corpo. Ou seja, têm a função de controlar os nutrientes, aproveitá-los da melhor forma possível e descartar o excedente do potássio e de outros nutrientes. Então, quando algo não vai bem, é sinal de que os rins estão enfrentando algum tipo de sobrecarga”, explica o especialista.

Mas o que pode provocar um problema nos rins que desencadeia a hipercalemia? A princípio, os motivos são multifatoriais, como uso de medicamentos diuréticos poupadores de potássio, suplementar o nutriente em altas doses e deficiência de aldosterona, hormônio que gerencia a excreção de sódio e potássio pelo rim. Além disso, há doenças que provocam infecções agudas que podem favorecer o quadro, tais como:

  • Insuficiência renal aguda ou crônica.
  • Uropatia obstrutiva.
  • Rejeição a um transplante renal.
  • Glomerulonefrite, que consiste na inflamação da parte do rim que realiza a filtragem do sangue.
  • Doença de Addison, que resulta na descompensação de hormônios adrenais.

Sintomas

Machado explica que a hipercalemia não possui sintomas específicos e em muita situações chega a ser silenciosa, sem levantar suspeitas. “A pessoa pode sentir arritmias e até uma certa fraqueza muscular, mas só descobre que está com os níveis de potássio alterados depois de um tempo. Isto é, quando o quadro já se agravou para uma infecção aguda no intestino e vai a um pronto atendimento”, afirma.

Diagnóstico e tratamento

Os exames solicitados são os laboratoriais, que sinalizam a presença inadequada do potássio. Em conjunto com os exames de sangue, ainda pode ser feito um eletrocardiograma para mapear arritmias e alterações típicas da hipercalemia. Já o tratamento possui condutas médicas diversas, pois deve ser feito de acordo com o diagnóstico. “Por exemplo, há casos em que a função renal está muito debilitada, o que exige uma hemodiálise de emergência para estabilizar o desempenho do órgão. De qualquer forma, o médico precisa investigar e ajudar no controle da hipercalemia”, reforça Machado.

Contudo, há medidas que fazem parte de um tratamento integrado, como a redução de potássio na dieta, suspensão do uso de suplementos e prováveis medicamentos que prejudicam a absorção do nutriente. Em contrapartida, podem ser prescritos outros medicamentos que reduzem os níveis de potássio no sangue.

O que acontece se a hipercalemia não for tratada?

A falta de tratamento ou de disciplina para segui-lo pode progredir para enfermidades mais graves, entre elas a paralisia periódica hipercalêmica familiar, que se manifesta em crises de fraqueza que levam à paralisia do corpo. Arritmias cardíacas que causam mal súbito também são um risco para a hipercalemia sem tratamento, visto que o excesso de potássio aumenta a probabilidade de paradas do coração. Por fim, a insuficiência renal é uma complicação comum da hipercalemia, que pode se tornar crônica e levar à falência do órgão.

Há formas de prevenir a hipercalemia?

Segundo Machado, a principal maneira de evitar quadros de hipercalemia é a visita de rotina ao médico. Muitas pessoas creem que o check-up a cada três ou quatro meses é exagero, mas passar por longos períodos sem avaliar a saúde é um risco, pois são nessas brechas que doenças assintomáticas se instalam. Mesmo que você esteja se sentindo bem e saudável, converse com seu médico para estabelecer uma rotina de acompanhamento — principalmente se já enfrentou algum tipo de infecção nos rins.

Fonte: Carlos Machado (@drcarlosmachado), clínico geral especialista em medicina preventiva e nefrologista. CRM/SP 41937 – RQE 10659.

Sobre o autor

Amanda Preto
Jornalista especializada em saúde, bem-estar, movimento e professora de yoga há 10 anos.

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