Tireoidectomia total: o que é e quando é indicada

Saúde
02 de Maio, 2022
Tireoidectomia total: o que é e quando é indicada

A tireoidectomia total é o nome dado à cirurgia de retirada da tireoide, glândula localizada na parte anterior do pescoço. A princípio, esse tipo de procedimento é indicado em casos irreversíveis que podem comprometer a saúde da pessoa. Afinal, a tireoide é uma glândula importante para o bom funcionamento do metabolismo e sua remoção exige análise médica minuciosa.

Veja também: Hipotireoidismo: conheça as causas, sintomas e tratamento da doença

Quem precisa fazer a tireoidectomia total?

De acordo com Yago Fernandes, médico endocrinologista da Nutrindo Ideais, do Rio de Janeiro/RJ, o procedimento é recomendado em quadros de câncer na tireoide com nódulos malignos, hipertireoidismo que não responde às tentativas de tratamento e aumento exacerbado da glândula. “Quando há presença de um ou mais nódulos com características malignas prescrevemos a retirada, pois isso pode comprometer não apenas a tireoide, mas outras áreas do corpo. Pacientes que já passaram por iodoterapia e radioterapia e permanecem sofrendo com insônia, agitação, tremores e outros distúrbios decorrentes do excesso de produção hormonal também são beneficiados com a tireoidectomia total”, explica o especialista que acrescenta outro tipo de tireoidectomia, a parcial. “Existem casos cujo nódulo está situado apenas em um dos lados da tireoide. Então é feita apenas a retirada da área acometida, que permite o funcionamento parcial da tireoide e menor ou nenhuma demanda de reposição hormonal”, esclarece.

Diagnóstico para a tireoidectomia total

O primeiro passo é consultar um médico endocrinologista para analisar o histórico clínico e seus sintomas. Feita a avaliação, são solicitados exames laboratoriais e de imagem. “Os mais importantes para checar a saúde da tireoide são o TSH e o T4, além de ultrassom com doppler, que monitora a presença de possíveis nódulos. Se houver, realizamos o PAAF, que consiste na punção do nódulo para identificar se é maligno ou benigno”, afirma Fernandes. Caso o nódulo seja maligno, será necessária a tireoidectomia total, que é realizada por um cirurgião de cabeça e pescoço. Outros exames que podem ser úteis:

  • Raio-X da cervical: quando a tireoide está com o tamanho aumentado, o raio-X tem a função de avaliar se a glândula está comprimindo órgãos como a traqueia.
  • Tomografia computadorizada e ressonância magnética: apesar de serem menos utilizados, são eficazes para detectar o bócio e se o câncer atingiu outras áreas próximas da tireoide.

Como é feita a cirurgia de retirada da tireoide

Normalmente o procedimento é simples, em que é feita uma incisão transversal no pescoço que vai até os músculos que recobrem a tireoide. Em seguida, a glândula é retirada de forma cuidadosa para preservar os nervos e a laringe. Dependendo da gravidade (por exemplo, se o câncer atingiu outras estruturas), podem ser removidas as glândulas paratireoides. De forma geral, a tireoidectomia dura aproximadamente duas horas e é aplicada a anestesia geral.

Cuidados antes e depois da cirurgia

Qualquer procedimento invasivo exige exames pré-operatórios, pois são importantes para diagnosticar quaisquer riscos ao fazer a cirurgia. São eles:

  • Hemograma completo.
  • Coagulograma.
  • Ultrassom com doppler da tireoide.
  • Resultado do PAAF.
  • Eletrocardiograma.

Se não houver nenhuma alteração que comprometa a cirurgia, o paciente está liberado para a tireoidectomia. Contudo, alguns cuidados são importantes antes da operação. Por exemplo:

  • Realizar jejum total (inclusive não beber água) de 8h antes da cirurgia.
  • Nos 10 dias que antecedem a cirurgia, suspender o uso de medicamentos anti-inflamatórios e outros com AAS e Melhoral, que podem atrapalhar o processo de coagulação e aumentar o risco de sangramento ao longo e após a tireoidectomia.
  • Retirar acessórios como brincos, piercings, pulseiras e colares. Além disso, é importante não pintar as unhas, pois o esmalte prejudica o monitoramento da oxigenação, e retirar cílios postiços e apliques capilares como o megahair, porque conduzem energia elétrica.

Depois da cirurgia, o repouso é decisivo para se evitar problemas como infecções. Por isso, muitos especialistas pedem que o paciente fique internado por 24h após o procedimento para observação. É feito um curativo na área da incisão e, em alguns casos, pode ser colocado um dreno no pescoço para retirar o excesso de líquidos e sangue para minimizar edemas e hematomas.

Já em casa, é fundamental não fazer esforços por uma semana, em descanso absoluto até o primeiro retorno médico, que ocorre nesse período para a retirada de pontos e curativo. Evitar alimentos sólidos e muito quentes, falar e movimentar o pescoço e cabeça também fazem parte do conjunto de orientações. Em paralelo, é feito o tratamento com medicamentos anti-inflamatórios e analgésicos.

Dá para viver sem tireoide?

Com a retirada total da tireoide, o corpo precisa continuar recebendo hormônios para suprir sua demanda. Então o indivíduo terá que fazer reposição hormonal de forma contínua para não ter problemas de saúde. Apesar disso, é possível ter uma vida normal sem tireoide, desde que o tratamento seja feito com assiduidade, com o uso de comprimidos de levotiroxina, de acordo com a recomendação profissional. O acompanhamento de rotina também deve fazer parte da vida da pessoa. Após um mês da tireoidectomia, é feita uma nova bateria de exames para observar os efeitos do tratamento e se é preciso ajustar as doses hormonais.

A tireoidectomia é perigosa para a saúde?

Pelo contrário: o procedimento pode ser a solução para eliminar o risco de um câncer e sintomas persistentes que impedem a qualidade de vida de uma pessoa. Porém, toda cirurgia está sujeita a complicações, sobretudo por causa da gravidade do caso. Assim, algumas pessoas podem sentir mudanças temporárias na voz, com mais dificuldade ao entonar alguns sons. Mas em geral não há outras intercorrências se os cuidados forem seguidos adequadamente. No início, é normal sentir cãibras, alterações no ciclo menstrual, fadiga e formigamento, além de possíveis mudanças de humor. Portanto, é fundamental estar atento à manifestações desses sintomas e reportá-los ao médico.

Fonte: Yago Fernandes, médico endocrinologista da Nutrindo Ideais, no Rio de Janeiro/RJ. CRM: 52-1096532.

Referências: SBCCP.

Sobre o autor

Amanda Preto
Jornalista especializada em saúde, bem-estar, movimento e professora de yoga há 10 anos.

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