Hemorragia digestiva alta: o que é, sintomas, causas e tratamento

Saúde
28 de Julho, 2022
Hemorragia digestiva alta: o que é, sintomas, causas e tratamento

Condição que exige cuidado emergencial, a hemorragia digestiva alta é uma consequência de doenças variadas. Sem o devido diagnóstico e tratamento, pode levar à morte.

Veja também: Câncer de estômago: conheça as causas, sintomas e tratamentos

O que é a hemorragia digestiva alta?

Toda hemorragia corresponde a um sangramento, que pode evoluir para uma perda significativa. “No caso da hemorragia digestiva alta, o escape sanguíneo pode vir do estômago, esôfago e duodeno (início do intestino delgado) Carlos Machado, clínico geral e especialista em medicina preventiva.

Causas

De acordo com Vanessa Machado, cirurgiã do aparelho digestivo, a condição surge principalmente por causa da cirrose hepática. “A doença do tipo alcoólica causa hipertensão nas veias do esôfago, que formam as varizes. Se o nível de obstrução for alto, a pressão do vaso sanguíneo aumenta e poderá se romper. Por isso que a pessoa pode vomitar placas de sangue nesses casos”, explica. Outras razões:

  • Gastrite: os episódios frequentes de irritação do estômago podem lesionar a mucosa e desencadear a úlcera.
  • Refluxo gastroesofágico: outra enfermidade bastante comum do trato gastrointestinal, tem o mesmo efeito da gastrite.
  • Cirrose hepática: segundo o especialista, a doença do tipo alcoólica é capaz de causar hipertensão nas veias do fígado e do estômago, que formam as varizes. Se o nível de obstrução for alto, o sangue irá circular com dificuldade e as veias poderão se romper.
  • Câncer: a presença de tumores no estômago, intestino ou esôfago aumenta os riscos da hemorragia digestiva alta.
  • Doenças sanguíneas: hemofilia, leucemia e outras síndromes que alteram os níveis de coagulação do sangue também favorecem o quadro.
  • Enfermidades autoimunes, como a doença de Chron.

Fatores de risco

Vimos que algumas doenças podem causar a hemorragia digestiva alta. Mas, quais são os fatores de risco por trás de algumas delas? Ambos os especialistas são enfáticos: alguns hábitos podem aumentar as chances de contrair doenças que têm a hemorragia digestiva alta como sintoma. “Normalmente o tabagismo é o fator que mais influencia o surgimento de enfermidades e complicações. Principalmente se a pessoa fuma e abusa do álcool, que desencadeia a cirrose, por exemplo”, avalia Machado. A princípio, a predisposição genética e histórico familiar também pesam nessa conta. Ou seja, se o indivíduo possui tendência a desenvolver algum tipo de condição que leve ao sangramento local.

Sintomas da hemorragia digestiva alta

A situação pode ser silenciosa, com sintomas discretos, como fezes escuras e desconforto abdominal. Segundo a Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva (SOBED), a hemorragia também pode dar sinais mais preocupantes, tais como:

  • Vômitos e fezes com muito sangue e fétidas (melena).
  • Dificuldade para engolir.
  • Fraqueza e perda súbita de peso.
  • Queda da pressão arterial.
  • Desmaios.
  • Anemia.

Além disso, os sinais da hemorragia podem ser inespecíficos, pois se relacionam com a doença causadora do quadro. Então, a pessoa pode sofrer crises de gastrite, mas só descobre que está perdendo sangue ao realizar os exames de diagnóstico.

Diagnóstico

Carlos Machado reforça que as consultas de rotina são essenciais, pois algumas queixas que soam inofensivas para a pessoa costumam ser um alerta para complicações assim. “É importante que o médico observe os sintomas e o histórico do paciente. Por exemplo, perguntar se o indivíduo tem má digestão, refluxo, gastrite ou percebe se a cor das fezes está mais escura. Essa avaliação minuciosa será útil para solicitar os exames e investigar se há hemorragia ou demais doenças igualmente graves”, explica.

Vanessa orienta que o primeiro exame de investigação é a endoscopia digestiva alta, que mapeia o estômago e esôfago em detalhes e detecta possíveis úlceras, inflamações e tumores. Testes laboratoriais também integram a conduta médica: hemograma completo, para checar alterações nas plaquetas e presença de anemia; ureia e creatinina; e, a depender do quadro clínico, o perfil hepático, que avalia a função do fígado.

Tratamento da hemorragia digestiva alta

Apesar de ser potencialmente grave, o diagnóstico e tratamento assertivos permitem o controle e recuperação da hemorragia. Contudo, casos severos exigem internação para estabilizar a saúde do paciente, que em geral está bem debilitada pela perda excessiva de sangue. Por sua vez, os cuidados variam de acordo com o diagnóstico, segundo a SOBED.

Mas pode incluir transfusão sanguínea para repor a perda, intervenção cirúrgica para interromper o sangramento e medicamentos variados. Por exemplo, fármacos que reduzem as varizes do estômago e esôfago, e antibióticos se houver infecção bacteriana no órgão afetado. Novamente, o uso de remédios dependem do tipo, causa e local da hemorragia. Portanto, evite a automedicação e esclareça todas as dúvidas com seu médico.

Complicações

Já falamos que qualquer tipo de hemorragia pode ser fatal. Dessa forma, quando a pessoa perde muito sangue, seja de forma lenta ou rápida, corre o risco de óbito. Em situações menos perigosas, porém igualmente delicadas, a anemia profunda torna-se uma consequência do problema, além de insuficiência cardíaca ou renal, por causa do choque físico.

Fonte: Carlos Machado, clínico geral, nefrologista especialista em medicina preventiva – CRM/SP 41937, RQE 10659; e Vanessa Prado, médica do Centro de Especialidades do Aparelho Digestivo do Hospital Nove de Julho, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia do Aparelho Digestivo (SBCD) e da Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBC); Referências: Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva (SOBED); e Mayo Clinic.

Sobre o autor

Amanda Preto
Jornalista especializada em saúde, bem-estar, movimento e professora de yoga há 10 anos.

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