Nem sempre ruins: entenda as funções de emoções como raiva, tristeza e nojo
Uma briga no trânsito, um término de relacionamento, uma demissão… Algumas situações despertam sensações nada legais, não é mesmo? Mas você sabia que existe uma função importante para cada uma das emoções, incluindo as consideradas “ruins”? Cada uma delas pode nos preparar para uma ação interna ou externa.
Quem explica é a psicóloga Ediane Ribeiro, especialista em traumas. “As emoções, por si só, não são boas ou ruins. Podemos até dizer que existem emoções mais confortáveis e outras que causam mais desconforto, mas toda emoção tem alguma função”, diz.
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Afinal, o que é uma emoção?
Ainda de acordo com a especialista, emoção nada mais é do que informação para o nosso cérebro. “É uma sequência de respostas do corpo acionada em reação a algum estímulo. Ela serve para nos preparar para uma ação antes que precisemos pensar”, ela afirma.
Ela compara as emoções a um verdadeiro “kit de sobrevivência”, que nos ajudou a evoluir como espécie humana. Afinal, sem sentimentos como medo, nojo ou tristeza, dificilmente sobreviveríamos nos tempos das cavernas.
“A ansiedade, por exemplo, é a capacidade de antecipar algo que ainda não aconteceu. Uma resposta adaptativa muito importante, pois imagine se nossos ancestrais ouvissem um barulho estranho e não tivessem a capacidade de pressupor ser um predador?”
Até hoje, a ansiedade pode ser benéfica em alguns casos. Pense bem: se você está se preparando para uma apresentação no trabalho, planejando a sua festa de aniversário ou envolvido na resolução de algum conflito, não seria interessante imaginar possíveis contratempos e tentar minimizar as chances de acontecerem?
“Isso, contudo, é diferente do transtorno de ansiedade, que é uma condição clínica na qual essa resposta adaptativa fica desregulada e passa a nos trazer mais problemas do que ajudar”, complementa a psicóloga.
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Função das emoções
Além da ansiedade, outras emoções também possuem funções importantes em alguns casos. “Lembrando que as emoções vão sofrer influência da cultura e da história pessoal”. Ediane Ribeiro dá exemplos:
Função das emoções: Raiva
Nos sinaliza, entre outras coisas, que um limite nosso foi violado, ou que alguma injustiça se passa conosco ou ao nosso redor. “A raiva aumenta o tônus do corpo para que possamos agir. Por exemplo: colocar um limite ou se manifestar diante de uma injustiça.”
Função das emoções: Tristeza
Já a tristeza é uma emoção que faz o caminho inverso. Ela diminui nossa energia para que possamos fazer reflexões, processar perdas, entender frustrações e viver lutos. “A tristeza tem também uma função social. Informa aos grupos aos quais pertencemos que precisamos de apoio e suporte”, diz a especialista.
Função das emoções: Nojo
O nojo, por outro lado, causa repulsa, a vontade de afastar algo de nós. “É como se nosso cérebro estivesse nos dizendo: ‘Isso pode te fazer mal. Fique longe’. Assim, evitamos uma comida estragada ou o contato com algo que pode nos trazer doenças (como alguns insetos).”
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É possível controlar essas emoções?
A psicóloga explica que não é possível e nem recomendado tentar controlar as nossas emoções, por mais que elas sejam desagradáveis. “Quando usamos a palavra ‘controlar’, pode surgir a ideia de reprimir. E não podemos impedir algo que é uma importante bússola de orientação no nosso comportamento”, complementa.
Por outro lado, dá para aprender a usar melhor essa bússola. “Podemos usar as informações para nos direcionar para ações sem tornar outros e nós mesmos vítimas de nossas emoções”, diz.
Ela dá um exemplo: quando sentimos raiva, temos a tendência de invalidá-la por associarmos o sentimento com violência. Mas as duas coisas não são iguais. “Muitas vezes, precisamos da raiva para dizer não e colocar limites nas relações, sem usar violência para isso.”
Ou seja, em vez de controlar as emoções, é mais interessante encontrar formas saudáveis de expressá-las!
Mas como fazer isso?
Ediane Ribeiro afirma que tudo começa com o conhecimento de si mesmo. “Observe se você tende a ter emoções que não são proporcionais à situação vivida. Por exemplo, uma explosão de raiva por um acontecimento banal do cotidiano, ou se não consegue se alegrar mesmo quando as coisas vão muito bem.”
A partir daí, se for necessário, busque formas de regulação. Elas podem ser: incluir na rotina atividades físicas, meditação, exercícios de respiração… Além de uma alimentação balanceada! “Vale buscar um profissional especializado para um trabalho terapêutico individualizado”, finaliza a especialista.
Fonte: Ediane Ribeiro, psicóloga especialista em traumas.