Fome depois de comer? Estudo descobre possível motivo
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Você já fez uma refeição, mas continuou sentindo fome mesmo depois de comer bem? Vez ou outra, isso pode acontecer. Em alguns dias, a privação de sono e a alimentação pouco nutritiva, por exemplo, são capazes de interferir no apetite.
Contudo, se a fome persiste após se alimentar com frequência, existem outros fatores que foram recém-descobertos. Pesquisadores da Universidade de Yale reuniram 60 homens e mulheres — 30 deles com IMC normal, enquanto os demais, com IMC igual ou acima de 30, indicando obesidade.
Os cientistas aplicaram glicose ou gordura diretamente no estômago nos integrantes dos dois grupos, a fim de observar o processo digestivo de forma ampla. Para acompanhar esse mecanismo, os voluntários realizaram ressonância magnética para verificar a atividade do cérebro.
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Pessoas com IMC normal são menos suscetíveis à fome depois de comer
Como resultado, os autores constataram que os indivíduos com IMC normal apresentaram boas respostas neurais com a suplementação direta de glicose e gordura. Em contrapartida, os participantes com obesidade mostraram redução dos estímulos cerebrais, além de continuarem com fome.
A razão para pessoas acima do peso sentirem fome mesmo depois de comer pode estar em uma falha do circuito dopaminérgico, de recompensa. A dopamina é um neurotransmissor presente no sistema nervoso de todos os mamíferos, e atua de diversas formas no organismo. Uma das principais é promover satisfação, motivação e bem-estar após determinadas ações ou tarefas.
Entre os participantes com IMC normal, a glicose e a gordura estabilizaram a ação do corpo estriado, região do cérebro que regula o comportamento alimentar e a ação dos neurotransmissores.
Por sua vez, as pessoas com obesidade não tiveram alteração nesse sentido, o que indica que os neurotransmissores controladores da fome e que promovem satisfação não funcionam adequadamente.
No entanto, a glicose se mostrou mais eficiente para estimular a liberação de dopamina em relação à gordura. Portanto, a obesidade pode despertar o desejo por alimentos mais gordurosos para compensar a desregulação.
Condição pode favorecer o reganho de peso após reeducação alimentar
“Além disso, é importante ressaltar que as respostas neuronais prejudicadas não se recuperam mesmo com a perda de peso induzida por dieta”, diz um trecho do artigo. Ou seja, mesmo que indivíduos com obesidade passem por uma mudança de hábitos e emagreçam, continuam sob o risco de ganhar peso novamente.
Para chegar a essa conclusão, o grupo de voluntários com obesidade ingressou em um programa de emagrecimento de 12 semanas. Aqueles que perderam o equivalente a 10% de seu peso passaram por uma nova avaliação.
O critério se baseou na hipótese de que a redução do IMC poderia impactar positivamente a digestão e a resposta cerebral aos nutrientes. Entretanto, a perda significativa não promoveu alterações, o que reforça que a obesidade é uma doença crônica, que exige controle e cuidados por toda a vida.