Febre Mayaro: O que é, sintomas, tratamentos e causas
Assim como os órgãos de saúde se preocupam com a proliferação do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, zika e chikungunya, a febre Mayaro também está se tornando uma grande preocupação. Inclusive, no Pará, estado no norte do Brasil, já foram registrados alguns casos de febre Mayaro.
O que é febre Mayaro?
De acordo com a Dra. Luciana Campos, médica infectologista do Grupo Sabin, a febre Mayaro é uma síndrome febril aguda causada pelo vírus Mayaro, um alfavírus da família Togaviridae.
O vírus Mayaro (MAYV) é um arbovírus (vírus transmitido por artrópodes) da família Togaviridae, gênero Alphavirus, assim como o vírus Chikungunya (CHIKV).
Em quais regiões o vírus ocorre?
O vírus causador da febre Mayaro foi isolado pela primeira vez em 1954 em Trinidad e Tobago (amostras de sangue de 5 trabalhadores rurais com febre).
Desde então, foram reportados casos esporádicos em alguns países da América Central e do Sul como Guiana Francesa, Bolívia, Peru, Brasil, Costa Rica, Equador e Panamá. Dessa maneira, o primeiro surto no Brasil foi descrito em 1955, às margens do rio Guamá, próximo de Belém/PA.
Assim, surgiram novos casos esporádicos e alguns surtos registrados nas áreas de florestas tropicais da América Central e do Sul, incluindo a região Amazônica do Brasil, além dos estados das regiões Norte e Centro-Oeste.
Causas
Como citamos acima, a febre Mayaro é causada pela infecção pelo vírus Mayaro. A transmissão da doença ocorre através da picada do mosquito fêmea do gênero Haemagogus, de acordo com a infectologista.
Os mosquitos causadores da transmissão costumam ficar abrigados em áreas mais rurais e em florestas, por isso a febre de Mayaro é mais comum em áreas com essas características.
O mosquito Haemagogus também transmite a febre amarela, no entanto, ainda não se sabe se o mosquito Aedes aegypti consegue também transmitir o vírus.
Dessa forma, não é possível passar a febre Mayaro de uma pessoa para outra, apenas através do mosquito transmissor.
Sintomas da Mayaro
A Dra. Luciana Campos informa que a infecção pelo vírus Mayaro pode causar febre, cefaléia retro orbitária (dor muito forte atrás dos olhos), rash cutâneo (vermelhidão pelo corpo) e artralgia (dor em uma das articulações).
Além desses sinais, outros sintomas também podem estar relacionados com esse tipo de febre. São eles:
- náuseas;
- dor de cabeça;
- sensibilidade à luz;
- tontura;
- febre alta;
- linfonodos inguinais (ínguas);
- calafrios;
- articulações que ficam inflamadas e/ou inchadas.
Diagnóstico da febre Mayaro
A especialista consultada comenta que o diagnóstico é feito por meio da sorologia ou da pesquisa direta do vírus no sangue através de técnica molecular.
Contudo, pacientes com a febre Mayaro raramente possuem o diagnóstico porque os sintomas da doença são muito parecidos com os da dengue e da febre chikungunya.
Além disso, assim como em muitos casos de doenças provocadas por outros vírus, a melhora pode acontecer sem diagnóstico e tratamento.
Mas, quando diagnosticada, é necessário considerar o histórico médico do paciente e os seus sintomas.
Tratamento da febre Mayaro
Não há um tratamento específico ou vacina para a febre Mayaro. Portanto, a dica da infectologista é seguir a recomendação do Ministério da Saúde: “os pacientes devem permanecer em repouso, acompanhando os sintomas com medicações para alívio da dor e da febre”.
Além disso, é preciso se manter bem hidratado e ingerir alimentos saudáveis. Os medicamentos mais utilizados são analgésicos para alívio da dor, antipiréticos para baixar a febre e anti-inflamatórios.
Assim como acontece em outros tratamentos das doenças transmitidas por vírus, AAS e aspirina são remédios contra-indicados, porque podem desencadear complicações hemorrágicas.
Prevenção
Como não existe uma vacina para a doença, o conselho de prevenção da Dra. Luciana Campos seria usar repelentes para evitar a picada de mosquitos que transmitem a doença.
Outra maneira de evitar a picada de mosquitos infectados é não frequentar áreas de mata sem proteção, principalmente na primavera e no verão, estações em que o vírus está mais ativo.
O uso de roupas compridas ajuda bastante quem precisa frequentar esses ambientes com maiores riscos de infecção, como por exemplo, os moradores ou trabalhadores rurais.
Como existem suspeitas que o mosquito Aedes aegypti pode transmitir a febre Mayaro, o ideal é reforçar a eliminação dos locais de água parada, diminuindo também a probabilidade da infecção da dengue.
A doença pode matar?
Existem relatos de casos graves relacionados com a febre Mayaro, que causaram complicações neurológicas, miocardite, hemorragia e morte.
No entanto, é importante ressaltar que casos como esses são muito raros. Isso porque, na grande maioria das vezes, a doença é leve e os sintomas somem espontaneamente em poucos dias.
Como diferenciar a febre Mayaro da dengue, Zika e Chikungunya?
Por fim, a Dra. Luciana Campos confirma ser bastante difícil distinguir a febre do Chikungunya da febre Mayaro, uma vez que ambas podem cursar com artralgia por tempo mais prolongado.
“Somente através da realização de exames de PCR para identificação viral existe essa possibilidade (pode haver reação cruzada com sorologias)”, justifica a médica infectologista.
Diferenças entre cada uma
Para não ter dúvidas sobre essas doenças que possuem sintomas similares, saiba um pouco mais sobre cada uma delas, a seguir:
- Mayaro: transmissão pela picada do Haemagogus, mosquito que se prolifera em copa de árvores e na mata. Os sinais são: febre alta (acima de 38°C), dor de cabeça, dor muscular, manchas no corpo, além de dor e inchaço nas articulações. A duração dos sintomas é de até 15 dias.
- Dengue: a transmissão acontece pela picada do Aedes aegypti, mosquito que se prolifera em água parada. Seus principais sintomas incluem: febre alta, dores musculares intensas, dor ao movimentar os olhos, mal-estar, falta de apetite, dor de cabeça e manchas vermelhas no corpo. A duração dos sintomas é em torno de 2 a 7 dias.
- Zika: a transmissão acontece pela picada do Aedes aegypti, sexo sem proteção ou da mãe para o feto na gravidez. O mosquito também se prolifera em água parada. Os sintomas são: febre baixa, dor de cabeça, manchas vermelhas no corpo, olho vermelho, além de dores no corpo e nas juntas. A duração dos sintomas é de 3 a 7 dias.
- Chikungunya: a picada do Aedes aegypti causa a doença. O mosquito transmissor também se prolifera em água parada. Os sintomas podem surgir como: dor de cabeça, febre alta, vermelhidão na pele, olhos avermelhados, coceira, além de dores no corpo e articulações (joelhos e pulsos). A duração dos sintomas pode durar até 15 dias.
Fonte: Dra. Luciana Campos, médica infectologista do Grupo Sabin.