Falta (ou aumento) de apetite pode ser problema emocional

Alimentação Bem-estar Equilíbrio
16 de Dezembro, 2022
Falta (ou aumento) de apetite pode ser problema emocional

Quem nunca ficou triste e, por consequência, perdeu a vontade de comer? Ou quem sabe teve como efeito a reação contrária e foi logo atacar a geladeira. A verdade é que o eixo cérebro-intestino tem uma conexão muito maior do que imaginamos. Assim, as emoções têm fortes influências sobre o comportamento alimentar humano e podem, por meio de uma cadeia de reações hormonais, causar a falta de apetite ou a fome exacerbada.

Falta de apetite (ou aumento) e emoções

De acordo com a nutricionista Nemesis Monteiro, as alterações no apetite acontecem sobretudo entre pessoas com quadros de transtornos, por exemplo ansiedade ou depressão. Ou então entre aqueles que acabaram de enfrentar uma situação dolorosa – como um divórcio ou a perda de um ente querido.

“Nestas situações, em algumas pessoas, ocorre a liberação de substâncias anorexígenas e citocinas inflamatórias que inibem ou reduzem a fome no sistema nervoso central, gerando uma alteração de microbioma intestinal”, esclarece.

Não existe uma regra acerca de como essa alteração no apetite pode se dar. “Cada indivíduo administra as suas emoções de diferentes maneiras”, reforça. Assim, enquanto uma pessoa pode encontrar na comida uma forma de se sentir melhor, outra pode lidar com a extrema falta de apetite e perder peso de forma brusca. Alguns indivíduos podem, inclusive, acabar desenvolvendo transtornos alimentares, como a anorexia nervosa.

Além disso, em situações de medo, tristeza ou estresse, há uma queda nos níveis de serotonina, hormônio da felicidade. Dessa forma, muitas vezes, as pessoas recorrem ao consumo de alimentos com alta densidade calórica, como doces, balas, frituras e sorvetes. Isso faz com que haja um pico de insulina e a liberação de serotonina – causando uma sensação de bem-estar momentâneo.

Áreas cerebrais e neurotransmissores e neuropeptídeos que estão envolvidos tanto no humor quanto no apetite provavelmente desempenham um papel na mediação dessa relação. Sendo assim, compreender a relação entre dieta, estresse e humor e comportamento pode ter implicações importantes para o tratamento de transtornos mentais relacionados ao estresse e à obesidade.

Leia também: Vontade de comer ou compulsão alimentar: como diferenciar?

Quando devo me preocupar e o que fazer?

Segundo o médico psiquiatra Higor Caldato, os principais sintomas de que as emoções estão causando algum tipo de disfunção no apetite são o excesso ou a falta dele. Entretanto, ele explica que outros sinais também podem surgir. Por exemplo: irritabilidade, ansiedade, desconforto durante as refeições e náuseas.

“Ao perceber uma mudança no apetite, é necessário buscar ajuda de um profissional, tendo em vista entender se a causa é alguma doença física ou se é causado por algum estímulo emocional”, diz.

Ele destaca, ainda, que muitas vezes pode se tratar de um problema físico e emocional, já que corpo e mente caminham juntos. Isso pode ser visto em pessoas que têm ansiedade, por exemplo, e acabam perdendo o apetite. Ou também em indivíduos com gastrite que desenvolvem um quadro de ansiedade devido à dor e ao incômodo da condição física. 

“É importante que a causa seja avaliada e, diante disso, verificar a intensidade e gravidade do quadro apresentado. Posteriormente, com um diagnóstico, é necessário seguir o projeto terapêutico elaborado pelo profissional que o acompanha”, finaliza.

Fontes: Nemesis Monteiro, nutricionista da equipe Nutrindo Ideais, graduado pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e Higor Caldato, médico psiquiatra e especialista em psicoterapias e transtornos alimentares.

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