Excesso de gases: o que pode causar o problema e como evitá-lo?

Saúde
21 de Julho, 2023
Bárbara Shibuya Alves
Revisado por
Enfermeira • Coren-SP 752311
Excesso de gases: o que pode causar o problema e como evitá-lo?

O excesso de gases intestinais é um desconforto constrangedor. Principalmente se você estiver em um ambiente pouco propício para aliviar o incômodo. Entretanto, tanto o acúmulo de gases quanto segurá-los pode levar a uma visita ao hospital. 

Veja também: Prisão de ventre na gravidez: saiba como lidar com o problema

Primeiro, o que são os gases?

Os gases são um produto natural do nosso organismo. Eles ocorrem a partir da digestão dos alimentos e da fermentação feita pelas bactérias presentes no estômago e no intestino. 

Entretanto, alguns alimentos causam mais a flatulência do que outros. Por exemplo, o consumo de grãos sem demolho, como o feijão e o grão-de-bico. Além disso, o excesso de ar ingerido enquanto comemos ou bebemos pode se concentrar no trato gastrointestinal. 

A seguir, confira as principais causas.

Por que temos excesso de gases?

Como falamos, é normal termos gases e flatulência. Contudo, existem alimentos e situações que provocam o excesso de gases intestinais justamente por estimularem a fermentação.

De acordo com Antônio Wanderson Lack de Matos, nutricionista e coordenador de nutrição do Hospital de Clínicas do Ingá (HCI), o desconforto tem origens variadas. Algumas delas:

  • Consumir alimentos de difícil digestão, ricos em gorduras e fitatos presentes em leguminosas.
  • “Engolir” muito ar durante a refeição ou respirar incorretamente por muito tempo.
  • Falar muito rápido a ponto de não ter pausas na respiração (aerofagia).
  • Comer muito depressa.
  • Excesso de ingestão de antiácidos e antibióticos, pois são medicamentos que afetam a microbiota intestinal.
  • Prisão de ventre.
  • Sedentarismo.
  • Ingerir muitas bebidas gaseificadas.
  • Intolerâncias alimentares, como à lactose e ao glúten.

Sintomas

É muito fácil perceber o acúmulo de gases, pois o abdômen fica visivelmente mais inchado. Também pode haver dificuldade em soltá-los, resultando em dor abdominal intensa. Portanto, quanto maior a dificuldade para eliminá-los, maior o desconforto, pois as toxinas ficam retidas nos intestinos.

É caso de hospitalização?

Muitas pessoas que já sofreram uma crise de excesso de gases intestinais confundiram a condição com outras doenças. “A dor causada pelos gases pode ocupar a caixa torácica próxima ao coração, impressão que pode ser confundida com um infarto”, explica Matos.

Além disso, as cólicas abdominais podem atingir outras regiões, como perto dos rins e abaixo do umbigo. Por isso, não é raro a pessoa acreditar que está enfrentando uma crise renal ou apendicite.

Ao chegar no hospital, recebem o diagnóstico inusitado e podem receber medicamentos com propriedades antigases. Controlado o desconforto, são liberadas de volta para casa, pois o incômodo não causa problemas à saúde.

Situações em que a flatulência pode ser um alerta

O acúmulo de gases recorrente pode ser, sim, um problema de saúde. Sobretudo se soltar muitos gases e com mau cheiro, pois sinaliza possíveis intolerâncias alimentares ou distúrbios gastrointestinais. “Por outro lado, se for um caso sem relação com algum tipo de desordem, fazer algumas alterações na alimentação e no estilo de vida podem ajudar a evitar um novo capítulo”, recomenda Matos.

Condição pode ser um sinal de câncer?

Não necessariamente, já que o câncer pode apresentar outros sintomas. Por exemplo, o câncer de intestino possui sinais mais preocupantes, como sangue nas fezes, diarreia constante, perda de peso, dores abdominais e fadiga. Portanto, se esses desconfortos estão presentes, é importante ir ao médico avaliar o que está havendo. 

Dicas para se manter livre do excesso de gases

  • Modifique a forma do preparo de alimentos: leguminosas como grão-de-bico, feijões e lentilha são ricas em fitato, uma substância que provoca indigestão alimentar. Para garantir a eliminação desse antinutriente, deixe os grãos de molho por 12 horas e troque a água do remolho nesse período. Também é desejável trocar a água do cozimento para retirar a espuminha que é liberada pelos grãos, que é repleta de fitato.
  • Evite o consumo frequente de alimentos gordurosos: escolher ocasiões específicas para comer frituras pode ser uma estratégia para melhorar a digestão. Do mesmo modo, reduzir a quantidade de óleo no preparo das refeições é uma boa prática.
  • Preste atenção ao que você come: consumir um alimento diferente em seu cardápio e observar possíveis reações ajuda a conhecer melhor o seu corpo e evitar futuros desconfortos.
  • Faça atividade física: a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda de 150 a 300 minutos de exercícios moderados por semana. Em outras palavras, você pode fazer uma caminhada por 30 minutos ao dia para garantir os benefícios do movimento. Isso ajuda a evitar acúmulo de gases e outros problemas de digestão.
  • Respire e coma de forma consciente: a técnica do Mindful Eating ajuda a apreciar melhor os alimentos e a fazer a refeição sem pressa. Assim a digestão ocorre de forma muito mais saudável. Por exemplo, retire todas as distrações de sua frente: celular, televisão e evite conversar muito durante a refeição. Para a respiração, pare por alguns minutos para perceber a entrada e a saída do ar. Além de relaxar, evita-se o problema com gases.

Fonte: Antônio Wanderson Lack de Matos, nutricionista e coordenador de nutrição do Hospital de Clínicas do Ingá (HCI). Especialista em nutrição clínica, ortomolecular, fitoterapia e gerontólogo.

Sobre o autor

Amanda Preto
Jornalista especializada em saúde, bem-estar, movimento e professora de yoga há 10 anos.

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