Excesso de gases: o que pode causar o problema e como evitá-lo?
O excesso de gases intestinais é um desconforto constrangedor. Principalmente se você estiver em um ambiente pouco propício para aliviar o incômodo. Entretanto, tanto o acúmulo de gases quanto segurá-los pode levar a uma visita ao hospital.
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Primeiro, o que são os gases?
Os gases são um produto natural do nosso organismo. Eles ocorrem a partir da digestão dos alimentos e da fermentação feita pelas bactérias presentes no estômago e no intestino.
Entretanto, alguns alimentos causam mais a flatulência do que outros. Por exemplo, o consumo de grãos sem demolho, como o feijão e o grão-de-bico. Além disso, o excesso de ar ingerido enquanto comemos ou bebemos pode se concentrar no trato gastrointestinal.
A seguir, confira as principais causas.
Por que temos excesso de gases?
Como falamos, é normal termos gases e flatulência. Contudo, existem alimentos e situações que provocam o excesso de gases intestinais justamente por estimularem a fermentação.
De acordo com Antônio Wanderson Lack de Matos, nutricionista e coordenador de nutrição do Hospital de Clínicas do Ingá (HCI), o desconforto tem origens variadas. Algumas delas:
- Consumir alimentos de difícil digestão, ricos em gorduras e fitatos presentes em leguminosas.
- “Engolir” muito ar durante a refeição ou respirar incorretamente por muito tempo.
- Falar muito rápido a ponto de não ter pausas na respiração (aerofagia).
- Comer muito depressa.
- Excesso de ingestão de antiácidos e antibióticos, pois são medicamentos que afetam a microbiota intestinal.
- Prisão de ventre.
- Sedentarismo.
- Ingerir muitas bebidas gaseificadas.
- Intolerâncias alimentares, como à lactose e ao glúten.
Sintomas
É muito fácil perceber o acúmulo de gases, pois o abdômen fica visivelmente mais inchado. Também pode haver dificuldade em soltá-los, resultando em dor abdominal intensa. Portanto, quanto maior a dificuldade para eliminá-los, maior o desconforto, pois as toxinas ficam retidas nos intestinos.
É caso de hospitalização?
Muitas pessoas que já sofreram uma crise de excesso de gases intestinais confundiram a condição com outras doenças. “A dor causada pelos gases pode ocupar a caixa torácica próxima ao coração, impressão que pode ser confundida com um infarto”, explica Matos.
Além disso, as cólicas abdominais podem atingir outras regiões, como perto dos rins e abaixo do umbigo. Por isso, não é raro a pessoa acreditar que está enfrentando uma crise renal ou apendicite.
Ao chegar no hospital, recebem o diagnóstico inusitado e podem receber medicamentos com propriedades antigases. Controlado o desconforto, são liberadas de volta para casa, pois o incômodo não causa problemas à saúde.
Situações em que a flatulência pode ser um alerta
O acúmulo de gases recorrente pode ser, sim, um problema de saúde. Sobretudo se soltar muitos gases e com mau cheiro, pois sinaliza possíveis intolerâncias alimentares ou distúrbios gastrointestinais. “Por outro lado, se for um caso sem relação com algum tipo de desordem, fazer algumas alterações na alimentação e no estilo de vida podem ajudar a evitar um novo capítulo”, recomenda Matos.
Condição pode ser um sinal de câncer?
Não necessariamente, já que o câncer pode apresentar outros sintomas. Por exemplo, o câncer de intestino possui sinais mais preocupantes, como sangue nas fezes, diarreia constante, perda de peso, dores abdominais e fadiga. Portanto, se esses desconfortos estão presentes, é importante ir ao médico avaliar o que está havendo.
Dicas para se manter livre do excesso de gases
- Modifique a forma do preparo de alimentos: leguminosas como grão-de-bico, feijões e lentilha são ricas em fitato, uma substância que provoca indigestão alimentar. Para garantir a eliminação desse antinutriente, deixe os grãos de molho por 12 horas e troque a água do remolho nesse período. Também é desejável trocar a água do cozimento para retirar a espuminha que é liberada pelos grãos, que é repleta de fitato.
- Evite o consumo frequente de alimentos gordurosos: escolher ocasiões específicas para comer frituras pode ser uma estratégia para melhorar a digestão. Do mesmo modo, reduzir a quantidade de óleo no preparo das refeições é uma boa prática.
- Preste atenção ao que você come: consumir um alimento diferente em seu cardápio e observar possíveis reações ajuda a conhecer melhor o seu corpo e evitar futuros desconfortos.
- Faça atividade física: a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda de 150 a 300 minutos de exercícios moderados por semana. Em outras palavras, você pode fazer uma caminhada por 30 minutos ao dia para garantir os benefícios do movimento. Isso ajuda a evitar acúmulo de gases e outros problemas de digestão.
- Respire e coma de forma consciente: a técnica do Mindful Eating ajuda a apreciar melhor os alimentos e a fazer a refeição sem pressa. Assim a digestão ocorre de forma muito mais saudável. Por exemplo, retire todas as distrações de sua frente: celular, televisão e evite conversar muito durante a refeição. Para a respiração, pare por alguns minutos para perceber a entrada e a saída do ar. Além de relaxar, evita-se o problema com gases.
Fonte: Antônio Wanderson Lack de Matos, nutricionista e coordenador de nutrição do Hospital de Clínicas do Ingá (HCI). Especialista em nutrição clínica, ortomolecular, fitoterapia e gerontólogo.