Disruptores endócrinos: o que são e por que afetam a saúde

Saúde
15 de Março, 2022
Disruptores endócrinos: o que são e por que afetam a saúde

Você já ouviu falar dos disruptores endócrinos? Embora pouco populares, eles estão em diversos produtos e muito provavelmente nos alimentos e água que consumimos. Mas afinal, o que são os disruptores endócrinos?

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O que são e quais os males causados pelos disruptores endócrinos?

Basicamente, os desruptores endócrinos são elementos diversos capazes de causar alterações profundas no funcionamento do sistema endócrino. Por isso, também são comumente chamados desreguladores endócrinos, visto que as mudanças no corpo não são positivas.

De acordo com Carla Iaconelli, médica ginecologista e obstetra, eles são caracterizados como substâncias ou agentes químicos presentes em água, alimentos, solo e meio ambiente contaminados e em outros produtos. “Em contato com o organismo, esses elementos bloqueiam a ação natural dos hormônios do nosso corpo. Em outras palavras, eles ‘fingem’ ser hormônios, algo que chamamos de mimetização corporal. A consequência é o aumento ou diminuição da produção de hormônios importantes, levando a complicações graves”, alerta a médica.  

A lista de doenças é extensa e, inclusive, pode afetar as gerações seguintes devido à hereditariedade. Dessa forma, infertilidade, defeitos congênitos urogenitais em homens, aleitamento materno deficiente, obesidade, diabetes tipo 2, problemas no sistema neurológico, câncer e até patologias sem uma causa aparente são algumas das consequências da exposição aos disruptores endócrinos.

A princípio, os prejuízos ao organismo dependem da faixa etária e do nível de exposição a determinada substância. Entretanto, é provável que o maior impacto dos disruptores ocorra na fase perinatal (que vai da 22ª semana de gestação ao nascimento do bebê) na infância e na puberdade, fases em que as alterações metabólicas são mais intensas.

Outras doenças que podem estar ligadas aos disruptores endócrinos:

Estamos todos contaminados pelos disruptores endócrinos?

“Das centenas de milhares de substâncias químicas fabricadas, estima-se que mais de mil podem ter propriedades disruptoras. A biomonitoria, medida de substâncias químicas em fluidos e em tecidos corporais, mostra que quase 100% dos seres humanos têm algum nível de carga química corporal”, explica Iaconelli.

Ou seja, a maioria de nós pode carregar disruptores endócrinos, mas nem todo mundo necessariamente sofre as consequências da exposição. Além disso, não existe consenso sobre a quantidade que pode ser nociva ao organismo.

Por exemplo, uma pessoa que trabalha com o manejo de pesticidas provavelmente está mais suscetível aos disruptores do que um outra que vive em outro contexto. Em contrapartida, é difícil ter controle da situação, visto que eles também estão presentes em nosso cotidiano. Por isso, eles são considerados um risco à saúde pública.

Atenção ao que você e sua família consomem

Em síntese, essa é principal recomendação de especialistas: tomar cuidado com o que é consumido. Isso porque não há como zerar as chances de exposição. Contudo, é possível priorizar alimentos orgânicos e livres de agrotóxicos, além de evitar ou reduzir o consumo de plástico, que geralmente possui o disruptor Bisfenol-A. Veja alguns produtos que podem conter disruptores endócrinos:

Lista de substâncias com propriedades desreguladoras

A Organização Mundial da Saúde (OMS) possui uma lista de disruptores endócrinos. No entanto, o material é de 2012 e não houveram outras publicações do órgão desde então. Algumas agências de saúde, como a The Danish Environmental Protection Agency, da Dinamarca, compartilham informações atualizadas sobre os componentes, que podem ser vistas aqui.

  • Alquilfenóis.
  • Bisfenol A.
  • Ftalatos.
  • Policlorados de bifenilas.
  • Substâncias farmacêuticas.
  • Estrogênios naturais.
  • Fitoestrogênios.
  • Pesticidas.

Fonte: Carla Iaconelli, médica ginecologista e obstetra, especialista em Reprodução Humana CRM-SP 124292 | RQE 51682.

Sobre o autor

Amanda Preto
Jornalista especializada em saúde, bem-estar, movimento e professora de yoga há 10 anos.

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