Calor extremo favorece hipo e hiperglicemia em pessoas com diabetes

Saúde
18 de Janeiro, 2024
Calor extremo favorece hipo e hiperglicemia em pessoas com diabetes

Pessoas com diabetes precisam reforçar os cuidados com a condição em períodos de calor extremo, como os vistos em diferentes estados brasileiros nos últimos meses. Isso porque as altas temperaturas favorecem quadros de hipo e hiperglicemia, além de estragarem medicamentos como a insulina. Saiba mais a seguir:

Diabetes e calor extremo: afinal, quais são os riscos?

De acordo com a médica endocrinologista Dra Caroline Castro, da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo, o calor extremo pode ser prejudicial para pessoas com diabetes por dois motivos principais.

Calor e o risco de hiperglicemia

As altas temperaturas estimulam a perda de água através do suor, propiciando quadros de desidratação. “Para quem já tem diabetes, isso pode aumentar os níveis de açúcar no sangue”, alerta a especialista.

E taxas de açúcar aumentadas no sangue caracterizam-se como hiperglicemia, que se não corrigida adequadamente, pode trazer complicações sérias para a saúde.

O perigo é ainda maior para os pacientes que não fazem o manejo correto da condição. “Quem não tem um controle adequado do diabetes pode apresentar poliúria (aumento do volume urinário) e glicosúria (perda de açúcar no xixi), isso favorece ainda mais a desidratação e as alterações de glicemia neste período.”

Calor e o risco de hipoglicemia

Por outro lado, locais muito quentes também podem gerar o efeito contrário: uma hipoglicemia, isto é, quantidades muito baixas de glicose na corrente sanguínea. “Para aqueles que utilizam insulina, há um risco maior de hipoglicemia por ela ser absorvida de forma mais rápida”, explica. As possíveis consequências da hipoglicemia envolvem tontura, fraqueza, confusão e até coma.

Isso vale também para medicações que estimulam a produção de insulina (como Gliclazida, Glibenclamida ou Glimepirida) por conta do aumento na sensibilidade à ação deste hormônio. “Então, nesse período de calor extremo, os cuidados e o automonitoramento da glicemia devem ser redobrados.”

Leia também: Alterações no comportamento alimentar comuns no diabetes tipo 2

Diabetes e calor extremo: cuidados com os medicamentos

Por fim, mas não menos importante, é manter o correto armazenamento dos medicamentos para diabetes. A insulina, por exemplo, perde seus efeitos se atinge temperaturas acima de 30°C. Por isso, siga as seguintes dicas da profissional:

  • Nunca exponha a insulina ao sol ou deixe em locais que podem aquecer demasiadamente (como o carro);
  • Antes do uso, armazene a insulina na geladeira (de 2 a 8°C);
  • Em uso, ela pode ficar na geladeira (2 a 8°C) ou em temperatura ambiente, se esta estiver menor que 30ºC;
  • Análogos de GLP-1 (como Saxenda, Ozempic, Victoza, Trulicity) não podem exceder uma temperatura de 30°C com o risco de perda de eficácia;
  • Além disso, os antidiabéticos orais e os aparelhos de medir a glicose (glicosímetros) também não devem ser expostos diretamente ao sol ou ser deixados em locais que podem aquecer demais.

Fonte: Dra Caroline Castro, médica endocrinologista da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo.

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