Curva de crescimento infantil: para que serve e como funciona
Se você já levou uma criança ou um adolescente ao pediatra, provavelmente se deparou com a chamada curva de crescimento infantil. O gráfico, com fundo quadriculado, pode parecer complicado de início, mas saber interpretá-lo é muito importante para acompanhar o desenvolvimento do pequeno. Entenda melhor:
Leia mais: Cabelo infantil: veja cuidados de acordo com a idade
O que é a curva de crescimento infantil?
A médica pediatra Dra Gabriela Ávila, do Grupo Prontobaby, explica que a curva de crescimento infantil nada mais é do que um instrumento técnico criado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para acompanhar o desenvolvimento de crianças e adolescentes de 0 a 19 anos.
Nele, estabeleceu-se intervalos padrões de crescimento independentes de fatores como etnia, condições socioeconômicas ou tipo de alimentação. Para isso, foram feitos cálculos entre a idade da criança e variáveis como peso, altura e perímetro cefálico (circunferência da cabeça).
Afinal, como ela funciona?
A curva de crescimento é formada por percentis. Para entendermos melhor, a médica exemplifica: visualize um grupo de 100 meninos saudáveis de um ano de idade e de diferentes locais ao redor do mundo. Desse modo, a OMS mapeou o mais leve e o mais pesado entre eles (no caso da variável peso) e colocou as medidas em um gráfico.
A partir daí, foram estabelecidos pontos intermediários, chamados de percentis. “São cinco no total: 3, 15, 50, 85 e 97”, diz. O percentil 50, por exemplo, quer dizer que a criança está “na média”. 3 e 15 significa “abaixo da média”, e 85 e 97, “acima da média”.
Leia também: Thaila Ayala fala sobre aplicar “injeção diária para trombose”
Como interpretar a curva de crescimento infantil?
Como já explicado, não é só o peso do pequeno que pode ser analisado. Na verdade, funciona mais ou menos assim: na linha horizontal, é indicada a idade da criança. Na vertical, existem diferentes possibilidades de variáveis, como peso, altura e perímetro cefálico. Além disso, as curvas também são diferentes para meninos e meninas, uma vez que eles “apresentam padrões diferentes de crescimento, originando, assim, curvas distintas”, afirma a profissional.
Ou seja, durante a consulta, o pediatra pode preencher mais de uma curva. Confira alguns exemplos:
- Altura para idade: meninos de 0 a 5 anos
- Altura para idade: meninas de 0 a 5 anos
- Altura para idade: meninos de 5 a 19 anos
- Altura para idade: meninas de 5 a 19 anos
- Peso para idade: meninos de 0 a 5 anos
- Peso para idade: meninas de 0 a 5 anos
- Peso para idade: meninos de 5 a 10 anos
- Peso para idade: meninas de 5 a 10 anos
- Perímetro cefálico para idade: meninos de 0 a 5 anos
- Perímetro cefálico para idade: meninas de 0 a 5 anos
Para que serve?
A curva de crescimento é essencial porque permite identificar problemas como desnutrição, obesidade infantil e condições associadas à saúde do pequeno. A Dra Gabriela Ávila diz, por exemplo, que a curva de perímetro cefálico é uma das mais importantes no primeiro ano de vida, já que ajuda na detecção precoce de inúmeras doenças neurológicas que interferem no crescimento craniano.
Contudo, é bom destacar que a curva deve ser preenchida de tempos em tempos pelo especialista, uma vez que uma medida isolada não tem muito valor. “O mais importante é que a criança tenha uma linha ascendente de crescimento, independentemente do percentil”.
Assim, a médica explica que os pais devem ficar atentos quando houver uma queda de dois ou mais percentis na curva. “O gráfico descendente é um sinal de alerta, especialmente se a criança estiver classificada entre os percentis três e 15. Estes percentis mais baixos mostram que a criança está em uma situação de baixa estatura (ou baixo peso, ou tamanho de cabeça muito pequeno) para a idade.”
Por fim, outra informação importante é que, em geral, as medidas de uma criança (peso, altura e perímetro cefálico) devem estar aproximadamente no mesmo percentil ao longo do tempo.
Leia também: Amamentação em livre demanda: afinal, o que é?
Outros fatores interferem no desenvolvimento infantil
Contudo, é claro que o desenvolvimento do pequeno não segue obrigatoriamente as mesmas regras em todos os casos. Isso porque outros fatores também influenciam a questão — alterações hormonais, predisposição genética, atividade física regular, descanso satisfatório e alimentação adequada, por exemplo, também afetam as medidas da curva.
Contudo, não devemos deixar de acompanhar os gráficos. Assim, o ideal é que o pediatra preencha as curvas a cada consulta com o pequeno, e que os pais tenham cópias das mesmas caso queiram verificar.
Fontes:
- Dra Gabriela Ávila, pediatra do Grupo Prontobaby;
- Sociedade Brasileira de Pediatria: Gráficos de Crescimento.