Quarto caso de cura do HIV é registrado no mundo
Cientistas apresentaram o quarto caso de cura do HIV no mundo. Um homem de 66 anos que convive com o vírus desde 1980 foi curado, de acordo com seus médicos. Há 17 meses em remissão, ele não apresenta qualquer sintoma ou crise do vírus. A divulgação aconteceu na conferência Aids 2022, que aconteceu em Montreal, no Canadá.
O paciente recebeu um transplante de medula óssea para tratar uma leucemia que desenvolveu aos 63 anos. O doador era resistente ao vírus do HIV. Desde então, o homem parou de tomar os medicamentos e agradeceu pelo vírus não poder mais ser encontrado em seu corpo. O transplante se deu pela doença cancerígena, e não para tratar o vírus, entretanto, teve sucesso nos dois.
O tratamento aconteceu em Duarte, na Califórnia, Estados Unidos. O paciente ganhou o apelido de Paciente City of Hope, que significa “Cidade da Esperança”, em homenagem ao hospital em que fez o tratamento. O homem ainda lamentou e disse que muitos amigos morreram de HIV no passado, antes que os medicamentos antirretrovirais pudessem dar uma chance de vida quase normal a eles.
“Quando recebi o diagnóstico de HIV em 1988, como muitos outros, pensei que era uma sentença de morte. Nunca pensei que viveria para ver o dia em que não tivesse mais HIV”, disse o paciente curado em comunicado.
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Cura do HIV: detalhes do tratamento
Os médicos responsáveis pelo tratamento de leucemia do paciente decidiram que um transplante era necessário para substituir a medula óssea doente por células normais. Por acaso, o doador era resistente ao HIV.
O vírus funciona da seguinte maneira: entra nos glóbulos brancos do corpo usando uma porta microscópica, proteína CCR5. Algumas pessoas, como é o caso do doador, contam com mutações dessa proteína que fecham a passagem, ou seja, impedem a instalação do vírus.
Após o transplante, os médicos seguiram monitorando o homem e perceberam que os níveis de HIV se tornaram indetectáveis no corpo há mais de 17 meses. “Ficamos entusiasmados em informá-lo que seu HIV está em remissão e que ele não precisa mais tomar a terapia antirretroviral que estava usando há mais de 30 anos”, contou Jana Dickter, infectologista do hospital City of Hope.
No entanto, os médicos alertam que o transplante de medula óssea não irá revolucionar o tratamento do HIV. De acordo com Dickter, o procedimento é complexo e com efeitos colaterais significativos. “Portanto, não é realmente uma opção adequada para a maioria das pessoas que vivem com HIV”, afirmou.
Por fim, pesquisadores estão buscando maneiras de agir sobre a proteína CCR5 usando terapia genética.