Cronoterapia: Quimio pela manhã pode aumentar sobrevida de pacientes com tumor cerebral
O glioblastoma é um tipo de câncer cerebral agressivo e que não tem cura. Após o diagnóstico, os pacientes sobrevivem, em média, por 15 meses — apenas 10% dos indivíduos ultrapassam cinco anos. Por isso, pesquisadores estão se dedicando cada vez mais a novos tratamentos que possam aumentar a sobrevida dessas pessoas: um deles é a cronoterapia.
Um estudo feito na Universidade de Washington, nos Estados Unidos, e publicado no periódico Neuro-Oncology Advances, sugeriu que administrar a quimioterapia pela manhã (em vez de à noite) pode adicionar alguns meses ao tempo de sobrevivência dos pacientes com essa doença.
“A cronoterapia é uma abordagem inovadora e um tópico de interesse para a área da Oncologia. Isso porque pesquisas demonstram que o nosso corpo não funciona da mesma forma em todos os períodos do dia, o que pode influenciar em como os remédios atuam no organismo”, diz o médico neurologista e neuro-oncologista Gabriel Novaes de Rezende Batistella.
De acordo com ele, a técnica ainda está sendo testada. Mas promete aumentar e melhorar a qualidade da sobrevida de quem convive com o câncer. “Nesse estudo em específico, a droga quimioterápica foi aplicada em horários diferentes. E o resultado mostrou que usar o medicamento de manhã estendeu o tempo de vida dos pacientes (de 15 meses para mais de dois anos)”, diz. “Isso é bastante significativo, uma vez que a terapia padrão não evolui significativamente desde 2005.”
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Ainda são necessários mais estudos sobre a cronoterapia
Contudo, é importante ressaltar que a pesquisa foi feita com um número muito pequeno de pacientes (166). “Os dados ainda são imaturos, ou seja, mais investigações poderão fortalecer os resultados. E também deverão levar em conta o bem-estar da pessoa”, complementa o profissional.
Isso porque alguns medicamentos geralmente são administrados antes de dormir porque seus efeitos colaterais podem atrapalhar o dia a dia do paciente.
Até agora, poucos casos clínicos descritos na literatura científica consideram a hora do dia para tomar medicamentos. “O interesse na cronoterapia é algo muito recente para médicos oncologistas e cientistas. Ainda não é hora de afirmar, com certeza, de que esta é a melhor forma de tratar, mas pode ser uma conduta aceitável no consultório, por não prejudicar o paciente e nem mudar a terapia padrão”, explica o médico.
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Fonte: Gabriel Novaes de Rezende Batistella, médico neurologista e neuro-oncologista, membro da Society for Neuro-Oncology Latin America (SNOLA) e representante brasileiro do International Outreach Committee da Society for Neuro-Oncology (IOC-SNO).