Como montar uma lancheira escolar para crianças com diabetes
O Brasil é o 3º país com mais casos de diabetes entre crianças e adolescentes. De acordo com a nona versão do Atlas da Diabetes, existem 95.500 meninos e meninas brasileiros com menos de 20 anos que possuem a condição. Quando a doença surge na infância, ela costuma ser do tipo 1 e surge por conta de uma grande circulação de glicose (açúcar) no sangue, geralmente advinda de alguma herança genética. Nesses casos, basicamente, as células do pâncreas responsáveis pela produção de insulina são destruídas. Adotar uma alimentação saudável na infância é crucial para prevenir doenças, melhorar a qualidade de vida e acostumar o paladar da criança com itens saudáveis. Quando falamos de crianças com diabetes, a atenção deve ser redobrada, já que algumas restrições são inevitáveis, e maus hábitos podem agravar o quadro.
Guloseimas e doces costumam ser itens de grande desejo na infância. Durante a pandemia, inclusive, houve um aumento no consumo desses produtos por parte das crianças. Em termos nutricionais, tais alimentos não são benéficos para a saúde de nenhuma criança, mas se consumidos de forma esporádica, também não causam efeitos tão prejudiciais.
No caso das crianças com diabetes, é preciso ter em mente que as guloseimas devem ser evitadas e liberadas somente em ocasiões específicas. “Se a guloseima tem carboidrato, é preciso ter uma cobertura proveniente de insulina para que aquele carboidrato não promova uma hiperglicemia. O consumo de guloseimas deve ser exceção e não regra”, explica Maristela Strufaldi, nutricionista do Instituto Correndo pelo Diabetes (ICPD).
Além disso, a profissional também pontua que o jejum prolongado não é interessante para quem tem diabetes. Dessa forma, é importante que os pais fracionem as refeições e montem lancheiras saudáveis para o pequeno levar para a escola.
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Lancheira escolar para crianças com diabetes
Maristela pontua alguns cuidados que devem nortear a preparação da lancheira escolar para crianças com diabetes. Acima de tudo, ela ressalta que a preparação deve ser saudável, além de englobar a maior quantidade de nutrientes possível.
- Colocar fontes de carboidrato de lenta absorção;
- Adicionar alguma fonte de fibras;
- Também disponibilizar uma fonte de proteína (pode ser proveniente de lácteos);
- A bebida não deve ter açúcar;
- Sempre priorizar a fruta in natura em vez de suco;
- Optar por água ou chá gelado (sem açúcar).
Além disso, a nutricionista também recomenda que os pais estimulem o consumo de alimentos que fornecem energia para a criança, como pães, cereais e biscoitos. Ela costuma dar preferência para as versões integrais desses produtos, já que contam com uma maior quantidade de fibras.
“Vale lembrar que cada cardápio é personalizado, pois depende do horário do lanche da criança e da quantidade de insulina a ser aplicada para aquela quantidade de carboidrato que será consumida”, diz.
De qualquer forma, ela indica que haja, em todas as refeições, a combinação de alimentos do grupo construtor, isto é, fontes de proteína, com alimentos do grupo regulador, que são as frutas, verduras e legumes. Por exemplo:
- Grupo regulador: palitinho de cenoura ou pepino e fruta.
Cuidados
Por fim, Maristela destaca a importância de seguir as orientações médicas e de monitorar a insulina para evitar, assim, crises de hiperglicemia. Também reforça a necessidade de um trabalho multidisciplinar, em que haja o acompanhamento de um médico e de um nutricionista.
“É sempre importante executar o autocuidado e os pilares do tratamento do diabetes como ajuste da alimentação, exercícios físicos, monitorização e o esquema medicamentoso”, diz.
Fonte: Maristela Strufaldi, nutricionista do Instituto Correndo pelo Diabetes (ICPD)