Tem o costume de comer sozinho? Por que hábito não é bom
Aproveitar a própria companhia e separar momentos para estar sem a presença de terceiros é fundamental para o fortalecimento do autoconhecimento. Entretanto, as refeições podem não ser as ocasiões ideais para colocar esse hábito em prática. Alguns estudos já mostraram que ao comer sozinho, há maiores chances de fazer escolhas alimentares ruins. Agora, uma nova pesquisa descobriu que o costume não interfere somente no que diz respeito à comida. Na verdade, ele pode influenciar também nos níveis de estresse.
A American Heart Association fez um estudo envolvendo dois mil adultos dos Estados Unidos. A organização descobriu que 84% dos entrevistados tinham vontade de compartilhar mais refeições com os entes queridos, e quase todos os pais afirmaram notar menos níveis de estresse entre a família quando optam por refeições compartilhadas de forma regular.
“Compartilhar refeições com outras pessoas é uma ótima maneira de reduzir o estresse, aumentar a autoestima e melhorar a conexão social, principalmente para as crianças”, declarou Erin Michos, cardiologista e uma das autoras do estudo.
Além disso, a análise trouxe à tona outros dados relevantes. Por exemplo:
- 67% afirmaram que comer com outras pessoas os ajudam a lembrar da importância da conexão;
- 54% dos entrevistados dizem que compartilhar as refeições faz com que eles desacelerem e façam uma pausa;
- Quase 7 em cada 10 participantes que trabalham em período integral ou parcial confessaram que se sentiriam menos estressados caso pudessem fazer uma pausa para almoçar com um colega de trabalho.
Por fim, mais da metade das pessoas entrevistadas revelaram que comer junto com outras pessoas facilita a realização de escolhas alimentares saudáveis.
Comer sozinho e hábitos alimentares: qual é a relação?
Não é de hoje que a ciência mostra os riscos para a saúde associados ao costume de comer sozinho. Um estudo revelou, inclusive, uma relação entre o hábito e as chances de desenvolver síndrome metabólica e, por consequência, obesidade, excesso de gordura abdominal e outras doenças crônicas.
No caso de idosos, por exemplo, o cenário pode ser desafiador. O manual “Alimentação Saudável para a Pessoa Idosa”, elaborado pelo Ministério da Saúde, aponta alguns dos efeitos da refeição solitária na terceira idade. “A falta de companhia na alimentação faz com que a pessoa idosa tenha menos preocupação com o tipo de alimento consumido, e a tendência, nessa situação, é alimentar-se de maneira inadequada tanto do ponto de vista da qualidade, como da quantidade”.
Além disso, pesquisadores da Universidade de Illinois (EUA) descobriram que a situação também afeta a saúde das crianças. De acordo com eles, fazer as refeições em família e deixar os celulares e eletrônicos de lado é uma ótima maneira de construir hábitos alimentares saudáveis.
Saúde mental
Pessoas de todas as idades estão suscetíveis a sofrerem consequências do ato de comer sozinho – e esses efeitos não se resumem apenas a questões nutricionais. Na verdade, a saúde mental e o bem-estar também estão em jogo.
O consumo do café da manhã regular e a presença dos pais em pelo menos uma refeição são fatores que contribuem para menores chances de Transtornos Mentais Comuns, como depressão e ansiedade, em adolescentes. Essa descoberta foi feita por meio de um estudo da Universidade Federal de Minas Gerais.
Como mudar
Algumas vezes, o costume de comer sozinho não é uma escolha e, por isso, torna-se mais complicado de mudar. Entretanto, é importante tentar aproveitar as oportunidades em que o cenário de dividir a refeição com outras pessoas se faz possível. No caso de alguém que mora sozinho, por exemplo, vale a pena convidar amigos e familiares para se juntar com uma certa frequência ou então combinar encontros em restaurantes.
Já no caso de pais com filhos, em que geralmente os horários são diferentes, pode ser interessante definir pelo menos uma refeição e torná-la “sagrada”. Assim, esse momento se torna um compromisso de todos – mas lembre-se que ele deve ser leve e prazeroso.
E, então, depois de tudo isso, que tal reconsiderar aquele convite para o almoço de família ou por que não convidar aquele amigo de longa data para um jantar?
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