Cisto no ovário causa inchaço, como no caso de Hailey Bieber?
Recentemente, a modelo Hailey Bieber compartilhou em seu Instagram uma foto de seu abdômen inchado, sintoma de um cisto no ovário. Nos stories, ela contou que o cisto possui o tamanho equivalente ao de uma maçã, e continuou. “Não tenho endometriose nem ovários policísticos, mas já tive cistos algumas vezes. Não é nada divertido. Dói, incomoda e me causa enjoos, cólicas, inchaço e me deixa emotiva”.
Hailey não está sozinha com o diagnóstico. Ao fazer um ultrassom transvaginal ou outro tipo de exame de imagem, muitas mulheres ficam apreensivas quando descobrem que possuem um cisto no ovário.
Afinal, é motivo de preocupação ou dá para respirar tranquilamente com a notícia? A seguir, conheça os tipos de cisto no ovário, por que podem aparecer e quando o tratamento é necessário.
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Qual a composição do cisto no ovário?
Carolina Curci, médica ginecologista e obstetra, explica que os cistos no ovário são pequenas bolsinhas de fluido ou sangue. Entretanto, alguns tipos são bem inusitados, como o teratoma, que possui dentes, cabelos e fragmentos ósseos que já nascem com a mulher, mas é facilmente retirado com cirurgia.
“Em geral, o cisto pode ter diversos tamanhos, e pode ser um folículo que não se desprendeu do óvulo durante a menstruação e acumulou líquido ou sangue. O tecido que envolve o conteúdo é bem fino, e muitos tendem a desaparecer ou reduzir o tamanho de forma espontânea”, afirma a especialista.
Causas e tipos
A princípio, o surgimento de um cisto no ovário possui diversos fatores. Por exemplo, alterações hormonais, uso de medicamentos, endometriose e hereditariedade. Veja alguns tipos:
- Hemorrágico: acontece quando há sangramento interno do folículo durante a ovulação. Dessa forma, dependendo do tamanho do cisto, a mulher pode ter sangramentos fora do período menstrual.
- Folicular: aparece na ausência de ovulação ou quando um folículo fica preso ao ovário durante o período fértil.
- Cisto de corpo lúteo: seu tamanho varia entre 3 cm e 4 cm, e pode surgir após a saída do óvulo.
- Endometrioma ovariano: fruto da endometriose nos ovários.
- Fibradenoma: mais comum durante a menopausa, o cisto pode ser pequenino ou pesar quilos.
Diferença entre cisto no ovário e síndrome do ovário policístico
É muito comum acreditar que ambos são a mesma coisa. Contudo, há uma diferença relevante entre eles. Mas o cisto no ovário não costuma apresentar sintomas tampouco apresentar efeitos colaterais para a mulher.
Por sua vez, a síndrome do ovário policístico é um conjunto de múltiplos cistos que alteram o tamanho do órgão e impacta na atividade hormonal da mulher. Como resultado, pode haver aumento ou proliferação de pelos em novas partes do corpo (hirsutismo) e causar irregularidade na menstruação, o que prejudica a ovulação. Ou seja, com a ovulação afetada, as chances de engravidar são comprometidas. Ao contrário do cisto, que tem origens definidas, não há consenso médico e científico sobre a causa da síndrome.
Sintomas
Boa parte dos casos de cisto no ovário é assintomática. Todavia, o caso sintomático de Hailey Bieber pode acontecer com outras mulheres, principalmente pelo tamanho do cisto. Nessas situações, o espaço que o cisto ocupa pode, sim, afetar o organismo e gerar desconfortos. Além disso, cistos muito grandes correm risco de se romper e provocar dores intensas. Nessa situação, a mulher pode sentir ou perceber antes:
- Inchaço e dor abdominal.
- Alterações no fluxo menstrual, com atraso, aumento ou redução na quantidade de sangue.
- Dor durante as relações sexuais.
- Sensação de peso na região pélvica.
- Escapes frequentes.
Como descobrir o cisto no ovário
De acordo com Curci, o diagnóstico ocorre por meio de exames e consulta de rotina. “Solicitamos exames de imagem, como o ultrassom pélvico ou transvaginal, que ajudam a identificar a presença do cisto. Se existir algum, observamos o tamanho, acompanhamos o crescimento ou fazemos outros exames para checar o tipo. Logo, é preciso refazer os exames a cada três meses. Assim conseguimos avaliar a progressão do cisto e se há necessidade de medicamentos ou outros tipos de intervenção”, explica.
O cisto no ovário pode ser um câncer?
Você, mulher, que está lendo este texto, pode ter essa dúvida — principalmente se descobriu que possui um cisto no ovário. Não à toa, o câncer no ovário é o sétimo tipo de enfermidade mais comum no Brasil. De acordo com a avaliação mais recente do Instituto Nacional de Câncer (INCA), são previsto 6.650 novos casos de câncer dessa categoria.
Apesar das estatísticas, não há motivos para relacionar o cisto no ovário a um câncer: a maioria dos cistos é benigna. No entanto, se houver um desenvolvimento muito rápido, o tamanho do cisto pode começar a incomodar. “Quando a bolsa cresce demais, existe o risco de ela literalmente torcer a base ou até se romper, causando dor súbita na mulher, que precisa ir ao atendimento médico para tratar”, relata a médica. Além disso, a mulher pode sentir peso no baixo ventre, dor ao ter relações sexuais, sangramentos (escapes) fora da menstruação e dificuldade para engravidar.
Posso engravidar mesmo tendo um cisto no ovário?
A resposta é sim, pois os cistos dificilmente são fatores de risco para infertilidade. Todavia, o que pode acontecer é que as tentativas de engravidar sejam maiores, pois dependendo do tamanho e do conteúdo do cisto, pode causar mudanças no ciclo hormonal. Portanto, é importante conversar com seu ginecologista e obstetra sobre o desejo de gerar um bebê e as possibilidades em torno desse objetivo.
Tratamento
As intervenções envolvendo medicamento e cirurgia só são necessárias quando o aumento do cisto pode trazer complicações futuras, como as mencionadas acima. Para evitar o risco de rompimento, Curci alega que é possível recorrer primeiro aos medicamentos e terapia hormonal para reduzir o cisto. “Em último caso nós fazemos a retirada por meio cirúrgico (laparoscopia), pois a intervenção pode diminuir a reserva ovariana, que é essencial para mulheres que estão na fase de constituir família”, orienta.
Por fim, o ideal é sempre fazer um check-up anual e, se houver o diagnóstico do cisto ou de algum outro tipo de problema, talvez seja necessário repetir os exames a cada três ou seis meses, dependendo do caso.
Fonte: Carolina Curci, médica ginecologista, obstetra e especialista em reprodução humana; e Febrasgo.