Ceratite: o que é, causas, sintomas e como tratar

Saúde
27 de Maio, 2022
Ceratite: o que é, causas, sintomas e como tratar

A ceratite é todo e qualquer tipo de inflamação da córnea, camada transparente que recobre a íris (parte colorida dos olhos que controla a entrada de luz). Por sua vez, a córnea serve para proteger a parte frontal dos olhos e auxilia na concentração de luz sobre a retina.

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Causas da ceratite

Os motivos que provocam a inflamação da córnea são diversos. De acordo com o oftalmologista Marcelo Brito, a ceratite pode se manifestar após uma infecção ou trauma no olho por acidente, queda, entre outros. Além disso, muitas pessoas que utilizam lentes de contato pode sofrer com a condição. Afinal, o atrito da lente com o tecido ocular provoca irritações nos olhos, devido ao ressecamento ou uso prolongado do item. Outro motivo pode ser a fricção: normalmente, quando um indivíduo enfrenta muitas crises alérgicas, o sintoma de coceira nos olhos aumenta e leva a possíveis lesões na córnea.

Tipos de ceratite

As classificações da ceratite variam de acordo com o agente causador. A princípio, uma infecção ocorre por meio de vírus, fungos e bactérias, e todas podem desencadear complicações se não houver tratamento adequado.

Ceratite fúngica

A contaminação ocorre por meio de fungos, que se alimentam dos resíduos oculares e do tecido da córnea. A princípio, é predominante em regiões de clima quente, e tem como possíveis causas uso de medicamentos (antibióticos, esteroides), lentes de contato e outras doenças oculares. No entanto, necessita de cuidados imediatos, pois dependendo do tipo de fungo, pode progredir rapidamente e causar cegueira. Apesar de ser perigosa para a saúde dos olhos, a infecção por fungos é mais rara.

Bacteriana

Provocada pela proliferação de bactérias diversas, que são transmitidas em situações como lentes de contato contaminadas, coçar os olhos com as mãos sujas e contato com ambientes contaminados. É o tipo de ceratite infecciosa mais comum, cujas principais bactérias responsáveis são: Pseudomonas aeruginosa; Corynebacterium spp; Staphylococcus aureus; Streptococcus pneumoniae; e Mycobacterium.

Herpética

O vírus herpes simplex, causador do herpes labial, também pode gerar danos à córnea. Normalmente a lesão se estende às pálpebras e regiões próximas dos olhos, com o aparecimento de pequenas erupções cutâneas. Por ser um vírus que permanece no organismo e age quando o sistema imunológico enfraquece, é importante controlar a infecção para evitar episódios repetidos. A maneira de contágio pode ser por meio de fluidos corporais (beijar ou ter contato com o suor e gotículas de respiração de pessoas infectadas), compartilhar itens pessoais (utensílios de refeição, por exemplo) e levar as mãos sem higiene ao olhos.

Parasitária

Mais rara, os sintomas surgem após a infecção por um parasita chamado Acanthamoeba. Igualmente grave se não for tratado, esse tipo de ceratite é adquirido quando há contato com água (lagos, cachoeiras e oceanos), solo e ar contaminados pela ameba.

Não infecciosa

Como o próprio nome sugere, é uma ceratite que não foi causada por um vírus, bactéria ou protozoário. Assim, se enquadram nessa enfermidade os traumas oculares e a fricção por atrito das mãos ou lentes de contato.

Sintomas da ceratite

Independentemente da causa, os sinais iniciais da ceratite são os mesmos. Segundo Brito, a inflamação pode atingir apenas um ou ambos os olhos.

  • Dor e lacrimejamento ocular.
  • Sensação de corpo estranho, como se tivessem grãozinhos incomodando os olhos.
  • Embora não seja regra, os olhos podem ficar vermelhos.
  • Sensibilidade à luz.
  • Turvação visual.

Mas o que acontece se a ceratite não for tratada?

Como resultado, a inflamação da córnea pode evoluir e causar lesões permanentes, como úlcera em uma parte do tecido. Dessa forma, a pessoa pode perder parte de sua capacidade visual ou ficar completamente cega, se houver múltiplas perfurações. Dependendo da origem — se for infecciosa, por exemplo — pode se espalhar para outras áreas do corpo e levar a complicações mais severas.

Diagnóstico

No consultório, o oftalmologista examina os olhos com uma lâmpada de fenda, que permite verificar a córnea em detalhes e sua opacidade. Para determinar a natureza da inflamação, alguns exames laboratoriais são úteis, como a cultura do fluido ocular, biópsia do da córnea e hemograma.

Tratamento

Os cuidados serão de acordo com a origem da ceratite. “Se for bacteriana, o uso de antibióticos será essencial; se a causa for um vírus, um antiviral tópico ou oral, e assim por diante. Em conjunto, utilizamos lubrificantes e pomadas cicatrizantes para ajudar na recuperação”, explica Brito. Todavia, em alguns casos o tratamento pode não surtir o efeito esperado ou a córnea tem lesões muito profundas. Assim, a alternativa para reparar as sequelas da ceratite é o transplante de córnea, que substitui parcial ou completamente a camada antiga pelo tecido novo de um doador.

Como prevenir a ceratite

A melhor forma de evitar a ceratite é prezar a higiene dos olhos, das mãos e das lentes de contato, que são porta de entrada para infecções variadas. Também é importante evitar a coceira excessiva dos olhos e proteger a visão em situações de risco. Por exemplo, utilizar equipamentos de proteção individual em certas profissões e óculos escuros ao tomar sol. Por fim, manter os olhos hidratados ajuda bastante: utilize colírios lubrificantes, principalmente se passar muitas horas em frente a telas de telefone, televisão e computador.

Fonte: Marcelo Brito, médico oftalmologista – CRM: 18871/RQE: 415.

Sobre o autor

Amanda Preto
Jornalista especializada em saúde, bem-estar, movimento e professora de yoga há 10 anos.

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