O avanço da cardiosuplementação na hipertensão: será o fim dos remédios?

Saúde
26 de Abril, 2022
O avanço da cardiosuplementação na hipertensão: será o fim dos remédios?

O combate à hipertensão arterial é uma das pautas mais discutidas quando o assunto é saúde, gerando, assim, inúmeros questionamentos. Afinal, será que somente medicamentos resolvem os problemas de pressão arterial? Alimentação e suplementação podem ser indicadas para todos os pacientes? Quando interferir no tratamento tradicional? A cardiosuplementação substituirá os remédios atuais?

De acordo com a Dra. Nicolle Queiroz, cardiologista, é impossível falar em tratamento de doenças como a hipertensão sem pensar em uma equipe multidisciplinar. “Só a suplementação não tem como resolver, afinal a doença é multifatorial, incluindo fatores genéticos. Assim, é muito importante que a pessoa mude o estilo de vida”, afirma. 

A médica ainda acrescenta que a medicina integrativa, isto é, que coloca o paciente no centro dos cuidados, é o que vai garantir sua qualidade de vida. “A medicina integrativa veio para fazer com que o paciente seja o agente transformador. Nós somos aliados, vamos juntos participar ativamente da saúde como um todo, e isso agrupa tudo, alimentação, medicamentos, suplementação e atividade física”, explica.

Leia mais: Remédios novos contra hipertensão arterial superam os antigos?

Cardiosuplementação: os benefícios do magnésio

Recentemente, o FDA (Food and Drug Administration), órgão regulador de saúde americano, aprovou a suplementação de magnésio para o tratamento da pressão arterial. De acordo com o órgão, a totalidade das evidências científicas apoia a relação entre magnésio e um risco reduzido de pressão alta em alimentos convencionais e suplementos dietéticos. 

No último ano, somente nos Estados Unidos, mais de 500 mil pessoas morreram por conta de doenças coronarianas. No entanto, se estes pacientes utilizassem a cardiosuplementação como aliada aos medicamentos, inúmeras mortes poderiam ser evitadas. Para o Dr. Fernando Cerqueira, nutrólogo, a dieta moderna e industrial pobre em magnésio pode causar uma epidemia de doenças cardíacas no mundo. “Uma dieta balanceada, rica em legumes e verduras, frutas e peixes, preparados com pouco ou nenhum sal, a base de especiarias, favorecem a absorção do magnésio pelo organismo”, acrescenta. 

Os efeitos da falta de magnésio no organismo

O coração e os vasos sanguíneos precisam de magnésio para se manterem saudáveis. No entanto, esse nutriente é inadequado em muitos alimentos processados, justamente quando o estilo de vida estressante exige mais. Os efeitos de uma baixa ingestão de magnésio podem ser agravados pelos altos níveis de gordura, açúcar, sódio (sal) e fosfato nas dietas, bem como pelo uso excessivo de suplementos de cálcio, que se tornou generalizado devido à conscientização do valor do cálcio para a saúde óssea.

Estudos clínicos apontados pelo The Center for Magnesium Education and Research mostraram que a subnutrição crônica de magnésio tem consequências diretas tanto para o coração quanto para os vasos sanguíneos, como:

  • Arritmias (ritmos cardíacos irregulares) e taquicardia (batimentos cardíacos muito rápidos);
  • Arteriosclerose, isto é, enrijecimento e inflexibilidade dos vasos sanguíneos;
  • Constrição das artérias e espasmos nos vasos sanguíneos;
  • Pressão alta;
  • Angina (dor no peito devido à doença cardíaca);
  • Formação de coágulos sanguíneos dentro dos vasos sanguíneos, o que pode levar a um ataque cardíaco ou acidente vascular cerebral.

“Evitar a morte súbita por arritmia ou infarto é o que mais tratamos em consultório. Assim, buscamos analisar cada sintoma individualmente com medicamentos, cirurgia ou ambos. Seria muito melhor prevenir grande parte dos danos causados ​​por doenças cardíacas tratando a deficiência de magnésio que está por trás de todos os seus sintomas, dando ao corpo o nutriente simples que ele precisa para corações e vasos sanguíneos saudáveis”, complementa a Dra Nicole. Além disso, fatores como obesidade e sobrepeso pioram a doença coronariana. Então, alimentação é fundamental. 

Cardiosuplementação: Alho preto

Um novo estudo descobriu que o alho preto envelhecido reduz a pressão arterial em homens com colesterol e pressão moderadamente elevados. “Os potenciais efeitos benéficos do alho podem contribuir para a obtenção de uma pressão arterial ideal”, mas foram “melhor observados em homens e em populações cujas pressões não eram ideais”, escrevem os pesquisadores no estudo, publicado na Nutrients.

O estudo foi realizado aleatoriamente com 67 indivíduos com média de idade de 53 anos, e que apresentavam alterações nos níveis de pressão e colesterol. Inicialmente, eles receberam um comprimido de alho negro ou placebo todos os dias, durante 6 semanas. Após um período de 3 semanas, os grupos foram revertidos e a nova intervenção continuou por mais 6 semanas.

Os participantes receberam recomendações dietéticas em relação aos fatores de risco e tiveram seus hábitos alimentares avaliados. A queda da pressão arterial foi observada significativamente após as 6 semanas do consumo do extrato de alho negro. “Suplemento e alimento têm que entrar 100% das vezes, ajuda sempre como o próprio estudo aponta e diminui a necessidade de medicações. Mas desde que seja incorporada na rotina do paciente, uma mudança de fato no estilo de vida”, finaliza Dr Fernando Cerqueira. 

Leia mais: Pré-hipertensão: afinal, o que é e como prevenir?

Fontes: Dra. Nicolle Queiroz, Cardiologista e Diretora clínica na Clinica Dra. Nicolle – CRM 151348/ RQE 78584; e Dr. Fernando Cerqueira, Nutrólogo com especialização em Nutrologia pela ABRAN – CRM 62831-MG.

Sobre o autor

Fernanda Lima
Jornalista e Subeditora da Vitat. Especialista em saúde

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