Beijar o bicho de estimação pode trazer doenças?

Saúde
21 de Dezembro, 2021
Beijar o bicho de estimação pode trazer doenças?

Só quem é mãe ou pai de pet sabe que é praticamente impossível não agarrar e beijar o bicho de estimação nos momentos mais afetuosos. Sem falar nas lambidas, ou melhor, “lambeijos”, que toda pessoa que é tutora de um cãozinho sabe bem do que se trata. No entanto, será que o hábito é inofensivo? A troca de micro-organismos pode ser perigosa? Existe o risco de transmissão de doenças entre pessoas e animais? Para entender melhor, conversamos com especialista acerca dos limites de contato entre ser humano e o pet. Confira a seguir. 

Leia mais: Como animais de estimação melhoram a saúde do corpo e mente

Beijar o bicho de estimação: pode ou não? 

A boa notícia é que, com cuidado e higiene, podemos beijar o bicho de estimação sem preocupações nenhuma, uma vez que as chances de transmissão de doenças são muito baixas, principalmente se o pet e o tutor estiverem saudáveis e com a imunidade adequada. 

Alguns estudos compilados por cientistas da Universidade de Gotemburgo (Suécia) em publicação no periódico científico Plos One, inclusive, já demonstraram que ter um gato ou cachorro em casa pode ajudar a reduzir as chances de uma criança vir a tornar-se alérgica. Mas, em alguns casos, é preciso ter cuidado com a troca de carinhos.

Doenças transmitidas pela saliva

Algumas doenças, como a leptospirose e a raiva, podem ser transmitidas pela saliva do pet para o humano, caso o animal seja diagnosticado com algum desses problemas. Vale lembrar, no entanto, que a leptospirose pode ser prevenida com cuidados de higiene.

Dessa forma, é importante manter o espaço em que os bichinhos ficam limpo e livre de qualquer material que possa atrair roedores, como entulho e restos de alimentos, uma vez que são eles que trazem a doença ao pet. A raiva, por sua vez, é mais comumente transmitida pela mordida, mas há também chances de ser passada pela lambida. Para esta doença, há vacina e a transmissão é facilmente evitada.

Há ainda uma bactéria chamada Capnocytophaga canimorsus, presente na saliva de animais como gatos e cachorros. A bactéria pode ser transmitida pelo “lambeijo”, mas não é comum. Em casos raros, pode causar sepse (infecção generalizada) em humanos e, em algumas situações, pode chegar a ser fatal. Assim como em outros casos de doenças que passam de animais para humanos, ela acontece com mais frequência em pessoas imunossuprimidas. 

Por outro lado, nós podemos passar algumas bactérias que vivem bem em ambientes ácidos (como é a saliva dos bichos) para eles. É o caso da H. pylore, que pode causar gastrite nos animaizinhos.

Beijar o bicho de estimação: quando evitar?

Quando os bichos de estimação estão doentes, é recomendado evitar o contato próximo com seus tutores. O mesmo vale para situações em que o humano esteja com o sistema imunológico fraco ou comprometido. De acordo com a American Cancer Society, é o caso de pessoas em tratamento contra o câncer, mais especificamente crianças, que tendem a ser mais ávidas pelo contato e brincam no chão e beijam mais, por exemplo. Se nenhuma dessas situações se aplicarem, os beijos estão liberados.

Lambidas na pele são perigosas?

Além de dar beijinhos, os cães e gatinhos gostam de lamber a pele de outras partes do corpo do humano. Nesses casos, os riscos são muito baixos se a pele estiver íntegra, mas, se houver alguma lesão, é importante tomar alguns cuidados. Caso haja uma ferida, infecção ativa ou corte na pele, instintivamente o animal vai querer lamber pois a imunoglobulina presente na saliva que eles produzem ajuda na cicatrização.

Por outro lado, se o animal tiver uma doença periodontal, a carga bacteriana presente poderá piorar a infecção ou lesão de pele. Nós, humanos, podemos ainda desenvolver alergia à saliva do animal e com isso ter reações cutâneas e coceira. Por isso, evite as lambidas se a pele estiver machucada e lave as mãos sempre depois de uma lambida.

 Cuidados gerais com higiene e saúde dos pets

É fundamental manter o pet sadio, com alimentação adequada, vacinado, vermifugado, com banho em dia e sendo levado periodicamente ao veterinário para minimizar a transmissão de doenças. Além disso, é preciso ter cuidados com as fezes e a urina, lavando as mãos sempre após recolhê-las e mantendo os ambientes sempre limpos.

Leia mais: Benefícios de ter animais de estimação para as crianças

Fontes: Médica veterinária Vanessa Fernandes, da clínica Zoacão (São Paulo-SP), CRMV-SP 23361
Pet-keeping in early life reduces the risk of allergy in a dose-dependent fashion
American Cancer Society
Capnocytophaga canimorsus infections in human: review of the literature and cases report

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