Autossabotagem: como parar de criar obstáculos para si mesmo?

Bem-estar Equilíbrio
11 de Janeiro, 2023
Autossabotagem: como parar de criar obstáculos para si mesmo?

Você sabe o que é autossabotagem?  Se você já se atrasou de propósito para um compromisso que sabia ser importante, acabou procrastinando uma tarefa até perder o prazo, ou até mesmo, prometeu começar uma dieta, mas desistiu logo nos primeiros dias, cuidado: você pode estar se sabotando.

“A autossabotagem é a propensão a traçar obstáculos para si mesmo. Ela acontece quando criamos barreiras ou empecilhos que nos impedem de realizar determinadas atividades e atingir nossos objetivos”, explica Carolina Soares, psicóloga clínica e coach. 

Esse mecanismo é usado pela mente para evitar responsabilidades ou o medo de se mostrar incapaz de realizar uma atividade. Assim, acaba-se desenvolvendo algumas desculpas para justificar a fuga sem se sentir fracassado ou insuficiente. 

Ele também protege pessoas que acreditam não serem merecedoras de sucesso e que, por esse motivo, boicotam a si mesmas. Na prática, observa Carol, elas evitam tomar decisões, o que faz delas apenas espectadoras de suas vidas. É como se o cérebro trabalhasse contra elas, produzindo uma forma de confirmar uma crença pré-existente (ainda que não seja consciente) de que seria mesmo impossível alcançar aquele resultado.

“Apesar de ser uma forma de proteção em relação às frustrações, a autossabotagem desgasta a autoconfiança, suga a energia para exercermos nosso potencial e dificulta vivermos com prosperidade”, informa Carolina.

Causas da autossabotagem

Esse tipo de comportamento costuma ser muito frequente em pessoas que apresentam baixa autoestima, falta de confiança em si mesmas e que têm o hábito de evitar situações ou tarefas, resultando em procrastinação.

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Características como perfeccionismo também podem levar a esse boicote, já que há cobranças em excesso por resultados sempre positivos e vitórias. Já quem tem o perfil prestativo e sente dificuldade em dizer “não” pode colocar as necessidades dos outros acima das suas, encobrindo um ciclo de autossabotagem.

“Gastar muita energia preocupando-se com coisas que, provavelmente, não irão ocorrer, ter cautela em excesso e obsessão por controle também podem levar uma pessoa a se sabotar. Claro que há situações em que é preciso evitar um conflito para nos manter seguros, mas se a evasão se torna regra, ficamos sujeitos à autossabotagem e ao fracasso.”

Tipos de autossabotagem

Existem vários tipos de autossabotagem, mas os mais comuns são:

  • Vitimização: nesse tipo, as pessoas buscam meios de justificar seus sofrimentos a fim de obter gratificações em troca;
  • Negação: o indivíduo nega suas próprias necessidades e desejos por medo de fracassar;
  • Culpabilidade: ao se culpar constantemente, a pessoa evita enfrentar os julgamentos alheios, mas entra em um ciclo punitivo e de autocobrança desnecessário;
  • Procrastinação: nesse caso, o autossabotador deixa tudo para depois. Dessa forma, postergar tarefas funciona como um mecanismo de defesa diante da sensação de incapacidade;
  • Inconstância: uma pessoa autossabotadora tem o hábito de não concluir o que começa. Assim, ela se protege não só do fracasso, mas também das consequências do sucesso;
  • Medo: sentir medo é comum e natural, mas ele se torna uma autossabotagem quando é excessivo e paralisante.

Sinais da autossabotagem

  • Ver sempre o lado negativo das coisas
  • Medo constante de errar
  • Adiar tarefas importantes
  • Insistir em ser autossuficiente

Os riscos para a saúde

A autossabotagem não causa apenas danos no trabalho ou na vida pessoal. Este tipo de comportamento é grave e pode desencadear doenças como ansiedade, depressão, e até problemas físicos como obesidade, diabetes e cardiopatias.

Casos mais extremos de um comportamento autossabotador podem até mesmo fazer com que a pessoa se auto mutile, como forma de punição e impedindo momentos que seriam sinônimo de sucesso e felicidade.

Por que as pessoas se auto sabotam?

Esse hábito tóxico está ligado à baixa ou fraca autoestima. Ou seja: ao saber disso, você já tem uma pista sobre por onde deve começar a tratar desse problema: essa autoestima baixa ou fraca vem de onde? Como me convencer de que não sou essa imagem negativa que criei em minha cabeça?

Muitos podem ser os motivos que nos obrigam a tentar de novo algo que na primeira tentativa não fomos bem sucedidos, ou até mesmo comprovarmos que o caminho que tomamos não nos conduziu ao lugar desejado. Mas sempre é possível tentar de novo.

Como reconhecer a autossabotagem 

Esse é um problema que afeta, especialmente, quem tem receio de correr riscos e assumir novas responsabilidades. Por medo do sucesso, por exemplo, a saída mais fácil parece ser evitá-lo.

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Assim, desistir pode se tornar uma opção interessante, uma vez que a pessoa permanece em sua zona de conforto e não precisa enfrentar a ameaça de falhar. Inconscientemente, no entanto, isso impede a concretização de sonhos e objetivos.

Para identificar se isso está acontecendo com você, vale prestar atenção em seu próprio comportamento diante de determinadas situações. “É preciso entender que há objetivos que não têm importância, por isso, não corremos atrás deles. Mas se o que te paralisa é o medo de não estar à altura do desafio, então pode sim ser um boicote”, detalha Carolina. 

Comece então a observar suas ações e sentimentos e, se precisar, busque ajuda profissional para lutar contra a autossabotagem. “Devemos melhorar a autoestima, detectar nossos pontos fortes para expandi-los, identificar pontos a melhorar para desenvolvê-los. Acreditar que somos merecedores e capazes e nos dar a oportunidade para agir”, conclui a psicóloga.

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Existe tratamento para a autossabotagem?

Uma das formas de lidar com a autossabotagem é fazendo terapia. Nenhuma dica ou remédio substitui o cuidado profissional. Nas consultas com um psicólogo, ele conseguirá adaptar o tratamento para cada indivíduo, desconstruindo as crenças limitantes e educando o paciente como agir e pensar para que isso seja superado.

O terapeuta irá ajudar a pessoa a identificar seus reais desejos e objetivos, e alinhar quais comportamentos são necessários para atingir aquelas metas.

Qual especialista procurar?

Tanto a psicologia quanto a psiquiatria podem ajudar na melhora da qualidade de vida. Entretanto, são profissionais diferentes, que devem se complementar. O psicólogo, por exemplo, vai ajudar a lidar com seus pensamentos, sentimentos e história de vida. O profissional te ajudará a se sentir melhor e atingir seus objetivos terapêuticos, dentro do possível.

No entanto, se os seus sintomas físicos estiverem te atrapalhando de levar uma vida normal (incluindo desmaios, tremedeiras, surtos, noites sem dormir, pensamentos suicidas, entre outros), o ideal é procurar um psiquiatra para acompanhamento paralelo à terapia. O profissional é um médico especialista em medicamentos que vão atuar no sistema nervoso e no cérebro, ajudando assim no processo terapêutico.

Dicas para evitar a autossabotagem e buscar uma vida mais produtiva e feliz 

  • Entenda o que te inspira e descubra o que significa sucesso para você 
  • Analise suas competências, talentos e características individuais. Escreva uma lista honesta e sem medo, no papel ou no celular, para facilitar a visualização 
  • Trace estratégias e pense nos obstáculos que podem aparecer. Assim, ficará mais fácil superar os desafios que surgirem
  • Decisões são importantes: o que você vive hoje é resultado das decisões que você tomou, não deixe sua vida ao acaso
  • Observe sensações de insegurança e medo do fracasso. Não deixe que se tornem paralisantes. Lembre-se que erros são parte do aprendizado e evolução
  • Entenda que perfeição não existe, cobre-se menos e prefira dar o seu melhor nas situações
  • Viva para você. Tentar agradar às expectativas do outro na busca por aceitação e pertencimento podem levar à autossabotagem e fazer você desistir dos próprios objetivos 
  • Por fim, use os obstáculos como combustível e não como justificativa para desistir. Isto é, passe a enfrentá-los.

Referências: PUC, Psicólogo, Instituto Paranaense de Terapia Cognitiva

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