O que são anabolizantes e quais seus efeitos na saúde

Bem-estar Movimento
27 de Dezembro, 2022
O que são anabolizantes e quais seus efeitos na saúde

Os anabolizantes sempre foram aliados de quem busca o aumento da força e, consequentemente, do volume muscular. Diversos atletas fisiculturistas utilizam as substâncias com esse objetivo, pois algumas categorias de competições fitness autorizam a prática. 

Além disso, o uso dos esteroides entre atletas de outras modalidades — o triatlo, por exemplo — cresceu significativamente. Afinal, os anabolizantes também proporcionam maior performance esportiva.

Com a exposição intensa do corpo e da rotina irretocável nas redes sociais, a popularidade dos anabolizantes furou a bolha dos atletas profissionais e chegou à rotina de mais pessoas.

Mas há um grande porém nessa prática: o uso de anabolizantes para esse fim é proibido no Brasil. Na busca pelo shape perfeito, grande e com o mínimo percentual de gordura, muitos indivíduos estão consumindo o produto indiscriminadamente.

Embora possa entregar resultados satisfatórios, existem consequências para a saúde que a maioria desconhece ou subestima. Neste artigo, você saberá tudo sobre os anabolizantes, assim como os prós e contras. 

Veja também: Jovens consultam o TikTok antes de irem ao médico, aponta pesquisa

O que são anabolizantes?

Esteroides anabolizantes são hormônios sintéticos que possuem capacidade anabólica. Ou seja, promovem a produção de moléculas usadas no crescimento de tecidos, como o muscular e o ósseo.

A maioria desses hormônios deriva da testosterona. Para contextualizar, uma rápida explicação: a testosterona é o principal hormônio produzidos pelo sexo masculino. Contudo, as mulheres também o fabricam, mas em quantidades bem menores, pois necessitam menos do que os homens. 

A função da testosterona atua na formação do corpo masculino, conferindo características típicas do gênero. Por exemplo, estatura, composição corporal com mais músculos, força, pelos em áreas específicas e desenvolvimento dos tecidos reprodutores. 

A princípio, os anabolizantes foram descobertos para tratar determinadas doenças. Assim, esses hormônios podem ser usados clinicamente e, ocasionalmente, serem prescritos para repor o déficit no organismo.

Também podem ajudar pacientes com AIDS na recuperação do peso corporal. Todavia, nos casos de necessidade clínica, os pacientes são aconselhados a tomar doses mínimas para apenas regularizar a disfunção. 

Principais tipos de anabolizantes

No Brasil, os anabolizantes mais procurados para fins estéticos e de performance são o Durateston (testosterona), Primobolan (metenolona), Deca-Durabolin (nandrolona) e o Anavar (oxandrolona). Entretanto, existem diversas outras substâncias que entram ilegalmente no país e são comercializadas em academias e revendedores sem autorização. 

Em muitas situações, as pessoas utilizam até mesmo produtos veterinários que contêm esteroides. Infelizmente, o consumo irresponsável desses fármacos pode levar à morte, sem falar em outros efeitos colaterais definitivos. Com frequência, é possível ver notícias sobre o desfecho fatal dessa escolha. 

Formas de uso

Geralmente os anabolizantes são ministrados em forma de comprimidos via oral ou por meio de injeções intramusculares. Já a periodização varia de acordo com a necessidade do indivíduo, que deve seguir a prescrição médica.

Efeitos colaterais do uso de anabolizantes

Para cada substância, existe um efeito colateral diferente. No entanto, de maneira geral, podemos citar que os mais comuns são:

  • Cabelos: o excesso de testosterona faz os fios caírem e pode acarretar em calvície tanto em homens quanto em mulheres.
  • Pele: fica irritada, vermelha e com tendência a acne severa.
  • Cordas vocais: as mulheres podem sofrer um engrossamento da voz, que fica masculinizada.
  • Pelos: a quantidade de pelos aumenta, inclusive nas mulheres.
  • Mama: os homens têm aumento dos seios, que muitas vezes requer correção cirúrgica. Já nas mulheres o efeito é o oposto — os seios reduzem o tamanho.
  • Pênis: queda da libido e impotência sexual são frequentes.
  • Clitóris: incha e cresce. Em casos extremos, se assemelha ao órgão sexual masculino.
  • Cérebro: agressividade exagerada se torna uma queixa recorrente.
  • Vírus: o compartilhamento de seringas eleva a probabilidade de hepatites e até AIDS.
  • Coração: os batimentos entram em descompasso, o que eleva o risco de doenças cardiovasculares.
  • Vasos sanguíneos: a retenção de líquidos empaca a circulação e faz a pressão arterial subir.
  • Fígado: não raro, o órgão entra em falência, o que abre espaço para cirrose ou câncer.
  • Colesterol: sobe a concentração de gordura pelo sangue. Mais um perigo cardiovascular.
  • Esqueleto: tendões e articulações se rompem com maior facilidade.
  • Rins: enfrentam dificuldade para filtrar o volume elevado de sangue e eliminar todas as impurezas.

Se há tantos riscos assim, por que as pessoas utilizam?

Além da falta de informação, a busca pelo corpo ideal pode ser um dos gatilhos do uso de anabolizantes. Isso porque a vigorexia, ou transtorno dismórfico muscular, é uma patologia emocional estimulada pela cultura do “corpo perfeito”.

Ela gera uma preocupação contínua com a forma, levando o indivíduo à prática intensiva e excessiva de exercícios físicos. Dessa forma, esse tipo de patologia também é conhecido como Síndrome de Adônis ou anorexia reversa.

Leia também: Suplementos alimentares: O que são e quando tomar

Perguntas frequentes

Sou atleta profissional. Corro o risco por usar anabolizantes?

Sem dúvida. Não só o risco para a saúde, mas para a profissão, dependendo de sua modalidade. O mundo esportivo, exceto algumas categorias específicas do fitness, proíbe o uso de anabolizantes. Se o atleta for “pego” no doping, existem punições para a conduta, que vão de suspensões temporárias ao banimento do esporte.

Posso engordar se parar de tomar anabolizantes?

Sim, muitas pessoas ganham peso em excesso depois que suspendem o consumo de certos tipos de substância. Por isso, é importante ter ciência dos riscos antes de considerar a possibilidade.

Como posso ganhar mais massa muscular?

Existem várias formas de conquistar um físico definido e musculoso. Porém, o caminho para o objetivo é longo e muitas pessoas não estão dispostas a trilhá-lo. Em contrapartida, cultivar o shape dos sonhos sem esteroides é uma alternativa realmente saudável.

Apostar em treinos focados em hipertrofia e ajustar a dieta são atitudes básicas, mas que exigem acompanhamento profissional. 

Prefira suplementos do que anabolizantes

Felizmente, os anabolizantes não são a única forma de abreviar o esforço. Você pode contar com uma série de suplementos que podem maximizar seu desempenho e colaborar para o ganho muscular. Veja algumas opções e sempre consulte seu médico antes de adquirir um produto. 

Whey protein

Indicado para recuperação muscular ou ganho de massa, o whey protein é extraído do soro do leite. Além de fornecer todos os aminoácidos não produzidos pelo organismo, também é rico em BCAA, que são aminoácidos importantes para a produção de fibras musculares, trazendo saciedade e contribuindo com a massa magra após o treino. Dessa forma, a quantidade ideal deve ser avaliada de acordo com a alimentação e o peso.

  • Whey concentrado: menor teor proteico por dose e digestão mais lenta. Assim, o produto passa por uma filtragem, conserva os carboidratos, minerais e gorduras do soro do leite.
  • Whey isolado: proteína quase pura obtida de extração e filtragem, tem maior concentração de aminoácidos e menos gorduras ou carboidratos.
  • Hidrolisado: versão isolada que tem as moléculas quebradas e facilita ainda mais a absorção pelo organismo.

Suplementação com creatina

Indicada para hipertrofia e ganho de força. Sendo assim, a creatina é um composto derivado de aminoácidos, naturalmente presente em alimentos proteicos. Por exemplo, carnes, peixes, frango, ovos, leite. Contudo, a substância não tem o poder de aumentar os músculos — apenas possibilita um melhor desempenho no treino.

A posologia geralmente é de 2 g a 5 g por dia e é preciso atenção em longos períodos de consumo. Além disso, a concentração de creatinina na urina pode causar um comprometimento dos rins.

Caseína

A principal fração proteica do leite é recomendada para ganho de massa, força e recuperação muscular. Mesmo sendo digerida de forma lenta, fornece aminoácidos para as fibras musculares, como BCAA. A dose deve ser prescrita conforme a necessidade de proteína no organismo e há dois tipos: micellar e hidrolisada. A acidez aumenta o desconforto no estômago e o consumo pede uma maior ingestão de água para não sobrecarregar os rins.

Suplementação com BCAA

Aminoácidos voltados para o ganho de massa e recuperação muscular: valina, leucina e isoleucina. Os queridinhos são whey e creatina, mas o BCAA auxilia diretamente na síntese de proteínas para a construção de músculos. Alguns estudos não mostram tanto benefício no ganho de massa muscular, então é uma suplementação com eficácia questionada.

Referências: Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM); MSD Manuals; e Autoridade Brasileira do Controle de Dopagem (ABCD).

 

Sobre o autor

Redação
Todos os textos assinados pela nossa equipe editorial, nutricional e de profissionais de Educação Física.

Leia também:

mulher praticando atividade física ao ar livre e suando
Bem-estar Movimento

Suar emagrece? Entenda se a transpiração ajuda a perder calorias

Suar demais realmente significa que você está perdendo peso? Descubra

foto mostra uma xícara de chá vazia com paus de canela ao lado em cima de um prato
Alimentação Bem-estar

É termogênico e ajuda no equilíbrio da glicemia e do colesterol; veja benefícios do chá de canela

A bebida é uma ótima opção para esquentar o corpo — muitos afirmam, ainda, que ela emagrece

farinha de beterraba
Alimentação Bem-estar

Farinha de beterraba: benefícios e como incluir na dieta

Pode prevenir doenças cardiovasculares, melhorar o aporte de fibras e ainda ajudar a aumentar a performance esportiva