O que são anabolizantes e quais seus efeitos na saúde
Os anabolizantes sempre foram aliados de quem busca o aumento da força e, consequentemente, do volume muscular. Diversos atletas fisiculturistas utilizam as substâncias com esse objetivo, pois algumas categorias de competições fitness autorizam a prática.
Além disso, o uso dos esteroides entre atletas de outras modalidades — o triatlo, por exemplo — cresceu significativamente. Afinal, os anabolizantes também proporcionam maior performance esportiva.
Com a exposição intensa do corpo e da rotina irretocável nas redes sociais, a popularidade dos anabolizantes furou a bolha dos atletas profissionais e chegou à rotina de mais pessoas.
Mas há um grande porém nessa prática: o uso de anabolizantes para esse fim é proibido no Brasil. Na busca pelo shape perfeito, grande e com o mínimo percentual de gordura, muitos indivíduos estão consumindo o produto indiscriminadamente.
Embora possa entregar resultados satisfatórios, existem consequências para a saúde que a maioria desconhece ou subestima. Neste artigo, você saberá tudo sobre os anabolizantes, assim como os prós e contras.
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O que são anabolizantes?
Esteroides anabolizantes são hormônios sintéticos que possuem capacidade anabólica. Ou seja, promovem a produção de moléculas usadas no crescimento de tecidos, como o muscular e o ósseo.
A maioria desses hormônios deriva da testosterona. Para contextualizar, uma rápida explicação: a testosterona é o principal hormônio produzidos pelo sexo masculino. Contudo, as mulheres também o fabricam, mas em quantidades bem menores, pois necessitam menos do que os homens.
A função da testosterona atua na formação do corpo masculino, conferindo características típicas do gênero. Por exemplo, estatura, composição corporal com mais músculos, força, pelos em áreas específicas e desenvolvimento dos tecidos reprodutores.
A princípio, os anabolizantes foram descobertos para tratar determinadas doenças. Assim, esses hormônios podem ser usados clinicamente e, ocasionalmente, serem prescritos para repor o déficit no organismo.
Também podem ajudar pacientes com AIDS na recuperação do peso corporal. Todavia, nos casos de necessidade clínica, os pacientes são aconselhados a tomar doses mínimas para apenas regularizar a disfunção.
Principais tipos de anabolizantes
No Brasil, os anabolizantes mais procurados para fins estéticos e de performance são o Durateston (testosterona), Primobolan (metenolona), Deca-Durabolin (nandrolona) e o Anavar (oxandrolona). Entretanto, existem diversas outras substâncias que entram ilegalmente no país e são comercializadas em academias e revendedores sem autorização.
Em muitas situações, as pessoas utilizam até mesmo produtos veterinários que contêm esteroides. Infelizmente, o consumo irresponsável desses fármacos pode levar à morte, sem falar em outros efeitos colaterais definitivos. Com frequência, é possível ver notícias sobre o desfecho fatal dessa escolha.
Formas de uso
Geralmente os anabolizantes são ministrados em forma de comprimidos via oral ou por meio de injeções intramusculares. Já a periodização varia de acordo com a necessidade do indivíduo, que deve seguir a prescrição médica.
Efeitos colaterais do uso de anabolizantes
Para cada substância, existe um efeito colateral diferente. No entanto, de maneira geral, podemos citar que os mais comuns são:
- Cabelos: o excesso de testosterona faz os fios caírem e pode acarretar em calvície tanto em homens quanto em mulheres.
- Pele: fica irritada, vermelha e com tendência a acne severa.
- Cordas vocais: as mulheres podem sofrer um engrossamento da voz, que fica masculinizada.
- Pelos: a quantidade de pelos aumenta, inclusive nas mulheres.
- Mama: os homens têm aumento dos seios, que muitas vezes requer correção cirúrgica. Já nas mulheres o efeito é o oposto — os seios reduzem o tamanho.
- Pênis: queda da libido e impotência sexual são frequentes.
- Clitóris: incha e cresce. Em casos extremos, se assemelha ao órgão sexual masculino.
- Cérebro: agressividade exagerada se torna uma queixa recorrente.
- Vírus: o compartilhamento de seringas eleva a probabilidade de hepatites e até AIDS.
- Coração: os batimentos entram em descompasso, o que eleva o risco de doenças cardiovasculares.
- Vasos sanguíneos: a retenção de líquidos empaca a circulação e faz a pressão arterial subir.
- Fígado: não raro, o órgão entra em falência, o que abre espaço para cirrose ou câncer.
- Colesterol: sobe a concentração de gordura pelo sangue. Mais um perigo cardiovascular.
- Esqueleto: tendões e articulações se rompem com maior facilidade.
- Rins: enfrentam dificuldade para filtrar o volume elevado de sangue e eliminar todas as impurezas.
Se há tantos riscos assim, por que as pessoas utilizam?
Além da falta de informação, a busca pelo corpo ideal pode ser um dos gatilhos do uso de anabolizantes. Isso porque a vigorexia, ou transtorno dismórfico muscular, é uma patologia emocional estimulada pela cultura do “corpo perfeito”.
Ela gera uma preocupação contínua com a forma, levando o indivíduo à prática intensiva e excessiva de exercícios físicos. Dessa forma, esse tipo de patologia também é conhecido como Síndrome de Adônis ou anorexia reversa.
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Perguntas frequentes
Sou atleta profissional. Corro o risco por usar anabolizantes?
Sem dúvida. Não só o risco para a saúde, mas para a profissão, dependendo de sua modalidade. O mundo esportivo, exceto algumas categorias específicas do fitness, proíbe o uso de anabolizantes. Se o atleta for “pego” no doping, existem punições para a conduta, que vão de suspensões temporárias ao banimento do esporte.
Posso engordar se parar de tomar anabolizantes?
Sim, muitas pessoas ganham peso em excesso depois que suspendem o consumo de certos tipos de substância. Por isso, é importante ter ciência dos riscos antes de considerar a possibilidade.
Como posso ganhar mais massa muscular?
Existem várias formas de conquistar um físico definido e musculoso. Porém, o caminho para o objetivo é longo e muitas pessoas não estão dispostas a trilhá-lo. Em contrapartida, cultivar o shape dos sonhos sem esteroides é uma alternativa realmente saudável.
Apostar em treinos focados em hipertrofia e ajustar a dieta são atitudes básicas, mas que exigem acompanhamento profissional.
Prefira suplementos do que anabolizantes
Felizmente, os anabolizantes não são a única forma de abreviar o esforço. Você pode contar com uma série de suplementos que podem maximizar seu desempenho e colaborar para o ganho muscular. Veja algumas opções e sempre consulte seu médico antes de adquirir um produto.
Whey protein
Indicado para recuperação muscular ou ganho de massa, o whey protein é extraído do soro do leite. Além de fornecer todos os aminoácidos não produzidos pelo organismo, também é rico em BCAA, que são aminoácidos importantes para a produção de fibras musculares, trazendo saciedade e contribuindo com a massa magra após o treino. Dessa forma, a quantidade ideal deve ser avaliada de acordo com a alimentação e o peso.
- Whey concentrado: menor teor proteico por dose e digestão mais lenta. Assim, o produto passa por uma filtragem, conserva os carboidratos, minerais e gorduras do soro do leite.
- Whey isolado: proteína quase pura obtida de extração e filtragem, tem maior concentração de aminoácidos e menos gorduras ou carboidratos.
- Hidrolisado: versão isolada que tem as moléculas quebradas e facilita ainda mais a absorção pelo organismo.
Suplementação com creatina
Indicada para hipertrofia e ganho de força. Sendo assim, a creatina é um composto derivado de aminoácidos, naturalmente presente em alimentos proteicos. Por exemplo, carnes, peixes, frango, ovos, leite. Contudo, a substância não tem o poder de aumentar os músculos — apenas possibilita um melhor desempenho no treino.
A posologia geralmente é de 2 g a 5 g por dia e é preciso atenção em longos períodos de consumo. Além disso, a concentração de creatinina na urina pode causar um comprometimento dos rins.
Caseína
A principal fração proteica do leite é recomendada para ganho de massa, força e recuperação muscular. Mesmo sendo digerida de forma lenta, fornece aminoácidos para as fibras musculares, como BCAA. A dose deve ser prescrita conforme a necessidade de proteína no organismo e há dois tipos: micellar e hidrolisada. A acidez aumenta o desconforto no estômago e o consumo pede uma maior ingestão de água para não sobrecarregar os rins.
Suplementação com BCAA
Aminoácidos voltados para o ganho de massa e recuperação muscular: valina, leucina e isoleucina. Os queridinhos são whey e creatina, mas o BCAA auxilia diretamente na síntese de proteínas para a construção de músculos. Alguns estudos não mostram tanto benefício no ganho de massa muscular, então é uma suplementação com eficácia questionada.
Referências: Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM); MSD Manuals; e Autoridade Brasileira do Controle de Dopagem (ABCD).