Adenovírus 41: conheça o ‘suspeito’ por surto de hepatite desconhecida
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As causas da hepatite desconhecida que atinge crianças no mundo inteiro podem estar mais perto de serem descobertas. De acordo com uma pesquisa realizada pelo Centro Europeu de Prevenção e Controle de Doenças, a doença pode ter relação com o adenovírus 41. O microrganismo está presente na maioria dos casos registrados no Reino Unido (72%), na Europa (mais de 60%) e nos Estados Unidos (mais de 50%).
Segundo a publicação, “a etiologia (estudo da causa e da origem de um fenômeno) e os mecanismos patogenéticos da doença ainda estão sob investigação”. No entanto, existe sim uma possível associação entre os casos de infecção atual e o adenovírus, principalmente nos casos relatados no Reino Unido. No entanto, o estudo destaca que “outras hipóteses e possíveis cofatores estão sob investigação”.
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O que é o adenovírus 41 e como ele age no corpo?
Existem mais de 50 tipos de adenovírus, divididos em espécies e classificados com nomenclaturas de A e G. Em geral, os adenovírus se espalham de pessoa para pessoa e causam infecções, como sintomas respiratórios. Dependendo do tipo, o vírus também pode causar outras doenças, como gastroenterite (inflamação do estômago ou intestinos), conjuntivite e infecção da bexiga (cistite).
O adenovírus 41-F, por exemplo, geralmente se apresenta como diarreia, vômito e febre, muitas vezes acompanhados de sintomas respiratórios. Complicações da infecção pelo vírus, quando registradas, acontecem em maior escala em prematuros e crianças imunodeprimidas.
Adenovírus 41 e hepatite desconhecida: entenda a relação
Embora o adenovírus seja uma possível causa, as investigações estão em andamento para esclarecer o agente causador da hepatite desconhecida em crianças.
De acordo com as informações da Organização Mundial da Saúde, o adenovírus foi detectado em pelo menos 74 casos e, do número de casos com informações sobre testes de diagnóstico moleculares, 18 foram identificados como tipo 41. No entanto, a OMS afirma que a infecção pelo adenovírus tipo 41 não foi previamente associada à apresentação clínica descrita nos casos de hepatite infantil.
Covid pode ter relação
Especialistas não descartam a possibilidade de que a Covid possa, também, ser um “contribuinte subjacente”, uma vez que a onda de casos parece ter surgido durante a pandemia.
Especialistas também investigam se o isolamento causado pela pandemia teria resultado na redução da exposição aos adenovírus em geral, o que tornaria as crianças mais vulneráveis à nova variante.
Neste momento, estão descartadas hipóteses relacionadas aos efeitos colaterais das vacinas contra a Covid-19, pois a grande maioria das crianças afetadas não recebeu doses dos imunizantes, segundo a OMS.
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Hepatite desconhecida: cenário atual do surto
A chamada hepatite desconhecida ou misteriosa teve seu primeiro caso no Reino Unido, no mês passado. Desde então, segundo a OMS, foram identificados mais de 300 casos em 21 países. Por enquanto, a maioria está concentrada no Reino Unido (com cerca de 160) e nos Estados Unidos (cerca de 110).
A doença, que atinge crianças menores de 5 anos, é causada por uma inflamação no fígado. Até o momento, no entanto, não se sabe a origem da inflamação, uma vez que não os vírus que causam as hepatites A, B, C, D ou E não foram encontrados nas amostras. Assim, a suspeita é que a hepatite misteriosa seja o adenovírus.
Ministério da Saúde orienta notificação imediata
No Brasil, há casos registrados em sete estados. São Paulo é o que concentra a maioria deles, oito no total. Em seguida, aparecem Rio de Janeiro, com sete; Minas Gerais, com quatro; e Paraná, com três. Espírito Santo, Santa Catarina e Pernambuco têm dois casos cada. Além disso, 41 outros casos estão sendo investigados.
O Ministério da Saúde orienta que os profissionais da área façam notificações imediatas de casos suspeitos, e informou que “os Centros de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde (Cievs) e a Rede Nacional de Vigilância Hospitalar (Renaveh) monitoram qualquer alteração do perfil epidemiológico”.
Sintomas
A Agência Nacional de Saúde do Reino Unido reuniu os principais sinais da doença para que os pais fiquem alertas e prontos para notificá-la se necessário. Veja quais são:
- Urina escura;
- Fezes pálidas ou cinzas;
- Coceira na pele;
- Olhos e pele amarelados (icterícia);
- Dores musculares e nas articulações;
- Temperatura alta;
- Enjoo e náuseas;
- Cansaço o tempo todo fora do normal;
- Perda de apetite;
- Dor de barriga.