Hepatite desconhecida em crianças: o que se sabe até agora?

Saúde
11 de Maio, 2022
Hepatite desconhecida em crianças: o que se sabe até agora?

O número de crianças contaminadas pela hepatite desconhecida já soma mais de 300 casos ao redor do mundo, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), tendo pelo menos 16 ocorrências sendo investigadas no Brasil. O público infantil mais afetado tem de 1 mês a 16 anos de idade, sendo que 17 delas precisaram de um transplante de fígado. No dia 24 de abril, o órgão confirmou a primeira morte, mas sem dar detalhes sobre a idade da criança que faleceu ou o país que registrou o óbito.

A causa do problema ainda é um mistério para as autoridades médicas, mas o adenovírus foi detectado em pelo menos 74 casos. Já o coronavírus foi identificado em 20 casos entre os que foram testados, enquanto uma infecção simultânea pelos dois vírus foi detectada em 19 casos. Vale lembrar que os adenovírus são vírus comuns que causam resfriados leves, vômitos e diarreia.

Dessa maneira, a gravidade dos casos e a origem desconhecida preocupam especialistas, que orientam mães e pais a permanecerem alertas para o aparecimento de sintomas. 

Leia mais: Hepatite crônica: Entenda o que é, causas e tratamentos

Hepatite desconhecida X Covid e adenovírus

Apesar da hepatite aguda em crianças não ser um diagnóstico desconhecido, o novo surto chama a atenção devido à severidade dos quadros relatados. Os casos de hepatite desconhecida foram reportados pela primeira vez em 5 de abril, quando o Reino Unido notificou a OMS sobre 10 casos em crianças pequenas, sem doenças prévias, com idades de 11 meses a 5 anos, na Escócia. Algumas crianças foram transferidas para unidades pediátricas especializadas em fígado e 6 precisaram passar por transplantes.

Também no Reino Unido, infecções pelo coronavírus e/ou adenovírus foram detectadas em “vários casos”, de acordo com a OMS. Porém, o adenovírus tipo 41 – o detectado nas crianças até agora – não costuma causar problemas no fígado em crianças saudáveis. Geralmente, eles causam infecções que se resolvem sozinhas – como resfriados. Por isso, a Organização Mundial da Saúde e as autoridades de saúde seguem investigando os casos.

Além disso, como os casos apareceram depois do isolamento social, quando a circulação de pessoas se tornou mais intensa, existe a possibilidade de que o sistema de defesa das crianças esteja mais vulnerável e que um adenovírus “mutado” tenha provocado infecções mais graves.

Sintomas da hepatite em crianças

De acordo com a OMS, o quadro clínico consiste em hepatite aguda (inflamação do fígado) com enzimas hepáticas acentuadamente elevadas. Muitos pacientes apresentaram sintomas gastrointestinais, incluindo dor abdominal, diarreia e vômitos antes da evolução para a hepatite aguda e icterícia. A maioria dos pacientes não apresentou febre.

Os vírus comuns que causam hepatite viral aguda (vírus da hepatite A, B, C, D e E) não foram detectados em nenhum desses casos. Além disso, viagens internacionais para outros países com base nas informações atualmente disponíveis não foram identificadas como fatores associados à doença.

Vale lembrar que, em geral, a hepatite está relacionada com inflamações no fígado. As causas mais comuns para o problema são infecções pelos vírus A, B, C, D e E – mas o problema também pode decorrer de intoxicações alimentares, medicamentosas, alcoólicas, bacterianas ou ser provocado por outros vírus.

Quais são as recomendações das autoridades de saúde?

Instituições de saúde pública dos Estados Unidos e da Europa pediram aos médicos que permaneçam alertas para a condição e testem crianças para os adenovírus caso haja suspeita de hepatite desconhecida. Confira os sintomas:

  • Urina escura
  • Fezes pálidas ou cinzas
  • Coceira na pele
  • Olhos e pele amarelados (icterícia)
  • Dores musculares e nas articulações
  • Temperatura alta
  • Enjoo e náuseas
  • Cansaço o tempo todo fora do normal
  • Perda de apetite
  • Dor de barriga

Para evitar que o surto aumente, a agência de saúde britânica pediu que medidas como lavagem das mãos e higiene respiratória – como cobrir com o braço tosses e espirros – sejam reforçadas. Atualmente, não há tratamento específico para a hepatite, mas medicamentos como esteróides ajudam, assim como remédios destinados aos sintomas. A orientação é para que mães e pais estejam alertas para o aparecimento de sintomas e, se for o caso, procurem atendimento médico.

Sobre o autor

Fernanda Lima
Jornalista e Subeditora da Vitat. Especialista em saúde

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