Vertigem posicional paroxística benigna: o que é, sintomas e tratamento
- 1. Causas da vertigem posicional paroxística benigna
- 2. Sintomas
- 3. Diagnóstico da vertigem posicional paroxística benigna
- 4. Tratamento da VPPB
- 5. Existe uma cura definitiva para a vertigem posicional?
- 6. Quais as semelhanças e diferenças entre vertigem posicional paroxística benigna e labirintite?
- 7. Perguntas frequentes
Apesar do termo ser pouco comum, a vertigem posicional paroxística benigna ou VPPB é uma condição que faz o indivíduo ter episódios recorrentes de tontura após um movimento brusco da cabeça ou do corpo. Normalmente, essa sensação não dura mais de um minuto, e é mais comum se manifestar quando a pessoa sai da posição deitada para se sentar ou se levantar, por exemplo.
Veja também: Tontura: o que é e diferentes condições que podem causá-la
Causas da vertigem posicional paroxística benigna
De acordo com Guilherme Salemi Riechelmann, neurocirurgião da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, a VPPB ocorre devido a um distúrbio na orelha interna. Por isso, antes de saber a causa, é importante conhecer o funcionamento dessa pequena estrutura. A orelha interna possui canais semicirculares que formam o labirinto ósseo, além de dois pequenos órgãos chamados sáculo e utrículo. Essa dupla compõe o sistema vestibular, situado entre a cóclea e os canais semicirculares, responsáveis pela audição e equilíbrio, respectivamente.
Outras peças igualmente importantes são os cristais de carbonato de cálcio (otólitos ou otocônias) e endolinfa, um líquido que envolve esses cristais, localizados no sistema vestibular. “Quando alguns desses cristais se desprendem e migram para os canais semicirculares (canatilíase), ocorre um fluxo inapropriado da endolinfa, que também coordena a função do equilíbrio. Como resultado, o indivíduo sente a vertigem rotatória”, explica o especialista. Portanto, ao se levantar ou realizar gestos específicos com a cabeça, os cristais se movimentam e estimulam o desequilíbrio.
A princípio, não há um motivo específico para a vertigem posicional paroxística benigna acontecer, o que a torna uma enfermidade idiopática. Mas Riechelmann alega que alguns casos da condição se manifestam após um traumatismo craniano, embora seja raro. Uma outra causa provável é o processo de envelhecimento, que causa a disfunção no local, visto que a maioria dos indivíduos que sofrem com o desconforto são idosos.
Sintomas
A principal característica da vertigem posicional paroxística benigna é a tontura rotatória. Ou seja, o indivíduo fica atordoado com a sensação de tudo estar girando ao seu redor. Já a intensidade da tontura é individual — algumas pessoas sentem mais o desconforto e outras, menos. Outro sinal é o movimento rápido e anormal dos olhos durante a vertigem, e há que sinta náuseas e vomite, caso a crise seja agressiva. Como dito, essas tonturas aparecem de forma brusca, ao se levantar depois de ficar deitado ou sentado, mudar de posição na cama, olhar rapidamente para alguma direção etc. Embora sejam de curta duração, as vertigens podem acontecer mais de uma vez ao dia e atrapalhar a qualidade de vida.
Diagnóstico da vertigem posicional paroxística benigna
Geralmente a especialidade médica que diagnostica a VPPB é a otorrinolaringologia, que cuida de ouvido, nariz e garganta. Porém, também é possível recorrer a um médico neurologista, já que a pessoa pode suspeitar intuitivamente de um problema neurológico. Guilherme Riechelmann explica que o diagnóstico é realizado no próprio consultório, por meio de um “teste de provocação” chamado manobra Dix-Hallpike. “É um teste muito eficaz em que o paciente deve se sentar e imediatamente se deitar. Nessa manobra, o indivíduo apresenta os sintomas específicos da doença, o que confirma o diagnóstico clínico”, descreve o médico. Para complementar, podem ser solicitados exames como a eletronistagmografia, que mapeia movimentos oculares anormais (estagma), e a ressonância magnética.
Tratamento da VPPB
Dentre as possibilidades de tratamento está a manobra de Epley, que tem uma excelente resposta e é feita no próprio consultório. A técnica é um conjunto de movimentos e posições específicas da cabeça que favorecem a realinhamento dos cristais de volta para o utrículo, liberando os canais semicirculares.
Ao mesmo tempo, podem ser prescritos medicamentos supressores do sistema vestibular para controlar os sintomas. Em último caso, quando as técnicas e medicamentos não apresentam a eficácia esperada, é feita a intervenção cirúrgica para corrigir o problema, como labirintectomia, oclusão do canal posterior, secção do nervo vestibular, entre outras. “Por isso, é importante buscar atendimento médico logo nas primeiras crises, a fim de diagnosticar ou identificar outras enfermidades com a mesma apresentação clínica da VPPB. Além disso, o diagnóstico precoce aumenta as chances de sucesso do tratamento”, reforça Riechelmann.
Pacientes podem passar mal durante o tratamento?
Muitas pessoas têm dúvidas sobre os impactos do tratamento no paciente. A otorrinolaringologista Dra. Maria Dantas comenta que, em algumas situações, durante a manobra de reposicionamento dos cristais do labirinto, tontura ou mal-estar leves podem surgir.
No entanto, geralmente, o médico está apto para agir caso o paciente passe mal durante o tratamento e apoiar na resolução dos problemas.
Apesar de alguns pacientes sentirem enjoo e leve instabilidade de movimento durante o tratamento, após o atendimento médico, pacientes relatam o desaparecimento dos sintomas de forma imediata.
Existe ainda o caso de sintomas que somem por horas ou até mesmo dias. Quando isso acontecer, é importante que o paciente retorne às atividades de rotina, já que a exposição ao movimento contribui com o tratamento.
Existe uma cura definitiva para a vertigem posicional?
A médica do Hospital do Servidor Público, Maria Dantas, conta que as manobras de reposicionamento dos cristais do labirinto resolvem de 80 a 90% dos casos: “entretanto, ela pode ocorrer novamente em algumas pessoas”.
Portanto, infelizmente, a vertigem posicional paroxística benigna é uma condição que pode retornar em alguns casos. O risco da volta dos sintomas da vertigem posicional são baixos, principalmente quando o paciente teve poucas situações de vertigem durante a vida.
No entanto, é mais comum voltarem os sintomas nas pessoas que sofreram algum trauma como lesão física, complicações do ouvido interno, outras condições médicas ou o próprio envelhecimento.
Quais as semelhanças e diferenças entre vertigem posicional paroxística benigna e labirintite?
Por fim, a Dra. Maria Dantas explica porque a vertigem posicional é muito comparada com a labirintite: “a vertigem posicional é uma das principais causas de labirintite, o termo popular para as labirintopatias, os problemas do labirinto”, esclarece.
Sendo assim, a labirintite propriamente dita é uma infecção do labirinto, bem mais rara que a vertigem posicional. “Ambas se manifestam clinicamente por meio de tontura e mal-estar, porém os tratamentos são diferentes”, finaliza.
Perguntas frequentes
Existem grupos de risco para a vertigem posicional paroxística benigna?
O distúrbio é predominante entre mulheres e pode ocorrer em qualquer faixa etária, embora as pessoas idosas sejam mais suscetíveis ao problema.
A VPPB é uma doença grave?
Não, inclusive o termo benigno no nome sugere que a condição não gera complicações severas. Contudo, isso não significa que ela não precise de atenção, pois as tonturas podem ser responsáveis por quedas e fraturas, sobretudo entre indivíduos idosos.
A vertigem posicional paroxística benigna é um problema hereditário?
Não existem estudos ou achados clínicos que apontem a hereditariedade como uma das causas da VPPB. Inclusive, 70% dos casos são idiopáticos — ou seja, não há uma razão que explique a disfunção da orelha interna.
Toda tontura é vertigem posicional paroxística benigna?
Muitas pessoas acreditam que são portadoras da condição, mas é importante saber diferenciar um episódio isolado de várias crises frequentes. Na dúvida, evite o autodiagnóstico e procure auxílio médico para a avaliação adequada.
Fonte: Guilherme Salemi Riechelmann, neurocirurgião da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo. Referência: ABORL-CCF.
Maria Dantas, médica otorrinolaringologista do HSPE – Hospital do Servidor Público Estadual.