Verme comum em cobras píton é achado em cérebro humano
Recentemente, um relato clínico inédito foi publicado na revista Emerging Infectious Diseases. Tratava-se de um verme, muito comum na cobra píton, encontrado pela primeira vez no cérebro de uma paciente de 64 anos. A mulher mora na Austrália (em uma área de lago normalmente habitada por cobras píton-tapete) e foi submetida a uma biópsia para remover o parasita em junho de 2022.
O verme pertencia à espécie Ophidascaris robertsi, estava vivo e media oito centímetros. A equipe médica, após examinar o ser, constatou que a larva estava no terceiro estágio (são quatro antes da pupa).
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Verme da cobra píton em cérebro humano
O acontecimento chocou justamente porque nenhum artigo anterior havia demonstrado desenvolvimento larval em humanos ou em animais domesticados (como cães e gatos). Os autores acreditam em duas hipóteses:
- Contaminação direta: a paciente possivelmente ingeriu ovos do parasita após colher e consumir plantas de sua horta;
- Indireta: contaminação pelas mãos ou por meio de utensílios de cozinha.
A mulher procurou atendimento médico pela primeira vez no começo de 2021. Sem desconfiar do verme, ela relatou dores abdominais, diarreia, tosse seca e suor noturno. Seu primeiro diagnóstico foi, então, de pneumonia eosinofílica.
Três semanas depois, ela voltou ao hospital por conta de febre e tosse recorrentes, mesmo com o uso de medicamentos. Por fim, em 2022, também começou a apresentar perda de memória e agravamento de seu quadro depressivo. Assim, após exames, os médicos identificaram uma lesão no lobo frontal direito do cérebro, e decidiram submetê-la a uma biópsia.
Durante a cirurgia, os especialistas notaram “uma estrutura semelhante a um fio dentro da lesão”, a larva. Depois da remoção do verme, a paciente fez uso de vermífugos e corticoides. Seus sintomas diminuíram, mas não cessaram por completo.
Referência: Human Neural Larva Migrans Caused by Ophidascaris robertsi Ascarid.